quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Lola - Curta Argentino

Poesia e Sensualidade

Paixão, solidão e erotismo em simbólico e poético curta-metragem argentino. Estrelado pela bela Natalia Sánchez e co-dirigido por Leo Bertarelli e Georgina Cotignola.

Sinopse
Lola é uma garota com qualquer outra. Tem o desejo e a necessidade natural de conhecer um homem. Um passeio pela solidão de uma mulher em busca do rapaz de seus sonhos.


LOLA


Gênero Ficção
Diretor Leo Bertarelli / Georgina Cotignola
Elenco Natalia Sánchez, Leo Bertarelli
Ano 2005
Duração 8min
Cor P&B
País Argentina

sábado, 25 de agosto de 2007

Revelando os Brasis

KinoOikos, Formação do Olhar
De 28 a 31 de agosto, em diferentes espaços da capital paulista


Vídeos do Revelando os Brasis farão parte do festival

Cinco vídeos do Revelando os Brasis Ano II participam do 18º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (Kinoforum), que começou na última quinta-feira (23 de agosto) e vai até o dia 1º de setembro. A convite dos organizadores do evento, serão apresentados o documentário O Alto-Comunicador Falante, de Paulo Augusto Vieira (SP), e as ficções O Grande Balé de Damiana, de João Loureiro Jr. (PA); Caldeirões do Padre, de Jotemir Paulino (CE); Alma d’Outro Mundo, de Silvana de Oliveira (RS); e Borboletas Amarelas, de Luís Paiva (MT).

As sessões do Revelando os Brasis integram a mostra KinoOikos (Formação do Olhar), que tem como proposta apresentar filmes e vídeos resultantes de projetos e núcleos independentes de formação e produção audiovisual. As exibições serão realizadas em três dias e espaços diferentes: 28 de agosto, às 19h, no Cinusp; 29, às 16h, no Centro Cultural São Paulo; e 31, às 16h, na Cinemateca de São Paulo – Sala Petrobras.

Saiba mais sobre o festival: http://www.kinoforum.org.br/.

Os Vídeos

O Grande Balé de Damiana (Ficção, com roteiro e direção de João Loureiro Jr., de Santarém Novo/PA) - Encantada pela magia do carimbó, Damiana resolve dançar na Festa de São Benedito, ignorando a secular tradição que proíbe a participação de jovens. Ao quebrar essa regra, Damiana dá início a uma lenda que irá marcar para sempre o imaginário de Santarém Novo e do jovem Donato, que verá sua descrença cair por terra ao ver Damiana em seu eterno balé de carimbó.

Caldeirões do Padre (Ficção, com roteiro e direção de Jotemir Paulino, de Saboeiro/CE) - Na imobilidade da pequena Saboeiro, uma mulher religiosa chega ao limite de sua vida pacata ao apaixonar-se pelo padre. Sua vida e a da própria família viram ao avesso.

O Alto-Comunicador Falante (Documentário, com roteiro e direção de Paulo Augusto Vieira, de Nova Europa/SP) - Nelson Fortunato trabalhou em todos os cinemas que Nova Europa já teve e, durante décadas, narrou a vida da comunidade por meio de seu sistema de alto-falantes, anunciando notas de falecimento e de utilidades públicas. Nelson transformou-se em referência para o diretor do vídeo, que volta o olhar para sua própria infância a fim de contar a história de um comunicador que compensou os poucos recursos com criatividade e talento.

Alma d’Outro Mundo (Ficção, com roteiro, direção e produção de Silvana de Oliveira, Cambará do Sul/RS) - Naquele dia de muita cerração, Rosinha encontrou um homem misterioso cuja imagem aparecia e sumia no meio da neblina. Ele tinha um presente para a menina, mas o medo fez com que Rosinha demorasse algumas décadas para descobrir a verdade.

Borboletas Amarelas (Ficção, com roteiro, direção e produção de Luís Paiva, de São Félix do Araguaia/MT) - Brasil Novo do Norte era um amontoado de casas de adobe e palha à beira do rio. Na década de 1960, o latifúndio tomou conta da região. O arame farpado cortou a mata e jagunços de aluguel atearam fogo no povoado. Padre Sérgio viveu com o povo aquele tempo de medo e morte. Fruto de uma igreja que optara pelos excluídos, ele se entregou de corpo e alma a viver pobre no meio dos pobres.

O Projeto

Parceria entre a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e o Instituto Marlin Azul, o Revelando os Brasis seleciona, a cada edição, 40 autores residentes em municípios de todo o Brasil. Eles participam de cursos preparatórios de roteiro, direção, produção e operação de câmera, e depois retornam para suas cidades para transformar suas histórias em vídeos. O objetivo é promover a inclusão e a formação audiovisuais em municípios que tenham até 20 mil habitantes, viabilizando a produção de vídeos digitais pelos próprios moradores.

Atualmente, o projeto está promovendo o Circuito de Exibição nas Cidades, mostra itinerante de vídeos da primeira edição do Revelando os Brasis, que está percorrendo 61 municípios em todo o país, totalizando 25 mil km.

Mais informações: http://www.revelandoosbrasis.com.br/
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Fonte: Instituto Marlin Azul
Edição:
Comunicação Social/MinC

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Cidade dos Homens - O Filme

A saga final de Acerola e Laranjinha
por Alessandro Giannini


As aventuras dos adolescentes vão parar na tela do cinema para contar a "história da comunidade"

Não confunda: Cidade dos Homens não deriva de Cidade de Deus. Na verdade, não tem nada a ver uma coisa com a outra, embora os produtores de ambos, a O2 Filmes, de Fernando Meirelles e seus sócios, sejam os mesmos. A série de televisão, que foi ao ar na Rede Globo em quatro temporadas de 2002 a 2005 e agora encerra a carreira numa versão para o cinema dirigida por Paulo Morelli (Viva Voz), tem origem no curta-metragem Palace II (2001), de Meirelles. Esse pequeno filme, protagonizado por dois amigos, Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha), e ambientado na favela carioca de Cidade de Deus, foi concebido como laboratório para testar opções estéticas que o diretor do ainda inédito Blindness usaria na adaptação do livro autobiográfico de Paulo Lins.

“Cidade de Deus é um filme sobre traficantes”, repete quase como um mantra Morelli, que recebeu do amigo e sócio Meirelles a incumbência de encerrar a saga de Acerola e Laranjinha. “Cidade dos Homens é sobre a comunidade.” Essa diferença é fundamental, inclusive, para entender por que Palace II foi recebido a paus e pedras pelos críticos e pela própria comunidade cinematográfica quando exibido no Festival de Brasília de 2001. A câmera solta, a fotografia lavada e o óleo no corpo dos meninos (para acentuar a sensação de calor) foram apontadas pelos detratores como técnicas publicitárias. Fato é que essa estética foi aprimorada em Cidade de Deus e adaptada para a televisão quando Cidade dos Homens e seus dois jovens protagonistas foram convertidos em uma série. E funcionou muito bem em ambos os casos, diga-se.

No cinema, Cidade dos Homens tem como temas a maturidade, a paternidade e o trabalho. Acerola e Laranjinha completam 18 anos com um mês de diferença entre um e outro. O primeiro, que ainda na série casou e se tornou pai por acidente, tem de assumir o papel paterno em tempo integral. O outro, incomodado com a inscrição “paternidade desconhecida” na certidão de nascimento, resolve investigar quem é o verdadeiro pai. Ambos estão empregados e em busca de estabilidade, mas são pegos no contrapé pela instabilidade da guerra do tráfico. É a história de vidas vividas numa corda bamba, como as de Douglas Silva e Darlan Cunha, que cresceram interpretando personagens cujas histórias eles conhecem intimamente.

Fonte:
CartaCapital

Leia mais na edição 459 da revista CartaCapital que está nas bancas.

Para ver o trailer de Cidade dos Homens, visite o saite oficial do filme.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Humor Negro em Curta Português

CrossWalk
Produzido especialmente para o concurso mundial de vídeos “iStockphoto vídeo contest”, do portal canadense iStockphoto.com, que tinha por temática "Future Now!", o curta-metragem português CrossWalk faturou o primeiro lugar entre os mais de 150 trabalhos inscritos. Com a dosagem certa de ironia e humor negro, este filme lusitano tenta refletir as conseqüências da tecnologia na vida contemporânea. O diretor Telmo Martins quis satirizar "a idéia de que toda a gente hoje em dia tem um `gadget´¹, um aparelho que faz com que cada um tenha o seu próprio `bip´". Segundo declaração de Martins a Agência Lusa, "chega a uma altura em que os bips de todas as pessoas entrarão em choque, é um choque de tecnologias". Recentemente CrossWalk levou também prêmio de melhor filme digital do Festroia – Festival Internacional de Cinema de Tróia. Assista o curta no reprodutor abaixo.
Y.H.

CrossWalk

Sinopse

No barulho das luzes, existe sempre alguém que confunde os sons.

Gênero
Ficção
Diretor
Telmo Martins
Elenco
Luís Cassapo, Fabio Guerra
Ano
2007
Duração
2'39''
Cor
Colorido
Bitola
Vídeo Digital
País
Portugal



¹Gadget é uma gíria tecnológica recente que se refere a, genericamente, um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil no cotidiano. São comumente chamado de gadgets dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, tocadores mp3, entre outros.

Na Internet ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou desktop), chama-se também de gadget algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior. No site iGoogle, por exemplo, é possível que seja adicionado alguns dos muitos gadgets disponíveis. O Google Desktop, o Windows Vista, o Mac OS X, o KDE e o Gnome são ambientes que aceitam alguns tipos de gadgets específicos, acrescentando funcionalidades ao desktop do sistema. (Wikipédia, a enciclopédia livre)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Curta Animação Espanhola

Citoplasmas en Medio Ácido é uma engraçada animação Stop Motion feita com massinha. Este premiado curta-metragem espanhol mostra um aluno com dificuldade de concentração numa tediosa aula. Provavelmente todos que sofrem de déficit de atenção irão se identificar com a personagem. Citoplasmas está na lista dos 100 melhores curtas espanhóis do portal Terra Espanha e ficou em segundo lugar do "Melhor primeira obra" do 14º Anima Mundi (2006). Atentem para as referências cubistas no final do curta.
Y.H.

Citoplasmas en Medio Ácido


Sinopse
As conseqüências de um tédio mortal, ou quase.

Gênero Animação
Diretor Irene Iborra Rizo / David Gautier / Eduard Puertas
Elenco Bonecos de massinha

Ano 2004
Duração 4min
Cor Colorido
Bitola DV
País Espanha

Ficha Técnica
Roteiro Irene Iborra Produção Irene Iborra Fotografia e Edição Irene Iborra, David Gautier, Eduard Puertas

Prêmios
Segundo Prêmio no Terrassa
Prêmio do Público no BCN VisualSound
Prêmio do Público no CinAnima (Portugal)
Melhor Curta-metragem de animação no Loja (Granada)
IV Caos Shortfilm Festival 05. Bilbao.Seção Competitiva 1ro prêmio animação
MÍNIMA 2005. 1/2 Mostra de Video-Curt. Gandía 1ro Prêmio
Festival de Curtas-metragens l'Ovul Baix Llobregat 05. Prêmio do público animação

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

P-EST, Curta-Metragem Italiano

Personagem bizarro do curta italiano dirigido por Francesco Bovinò
Prove Estetiche (Prova Estética)

P-EST (Prove estetiche) é um estranho filme italiano, dirigido por Francesco Bovinò. Na verdade, Bovinò não o considera um curta-metragem, para ele "é exercício técnico, um treinamento da estrutura fílmica". P-EST traz como protagonista uma espécie de Carlitos maldito num mundo Laranja Mecânica. O universo esquizofrênico e pós-apocalíptico traçado por Bovinò foi idealizado no momento em que ele se preparava para rodar um documentário em alguns edifícios abandonados. Envolto neste ambiente ele teve sua concentração interrompida por uma estranha risada. Este curioso fato o inspirou na criação do bizarro personagem de seu filme. Assista P-EST no reprodutor abaixo.
Yerko Herrera

P-EST (versão original)


Sinopse
Um sinistro palhaço explora um local abandonado e assustador numa atmosfera pós-apocalíptica.

Gênero Ficção
Diretor Francesco Bovinò
Elenco Daniele Grassetti, Veronica Flora
Ano 2006
Duração 9'54''
Cor Colorido
Bitola 16mm
País Itália

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O Engajado Milton Santos

Com política e com afeto
por Ana Paula Sousa


É impressionante a quantidade de documentários brasileiros que estréiam nesta sexta-feira 10 e na próxima semana. Entre os títulos há de tudo

A capoeira é tema de Mestre Bimba – A Capoeira Iluminada, dirigido por Luiz Fernando Goulart. As profissões à beira da extinção são tratadas por Lucas Bambozzi, Cao Guimarães e Beto Magalhães em Fim do Sem Fim, que chega ao circuito sete anos depois de pronto. O sociólogo Betinho, o cartunista Henfil e o violonista Chico Mário ressurgem em Três Irmãos de Sangue, assinado por Ângela Patrícia Reiniger.

Entre as estréias, as duas que mais fôlego parecem ter para enfrentar a sala escura são o sensível Person e o ultrapolitizado Milton Santos ou: O mundo global visto do lado de cá, de Silvio Tendler, vencedor do júri popular no Festival de Brasília, em 2006.

A personalidade e a carreira do cineasta Luiz Sergio Person (1936-1976), de São Paulo S/A e O Caso dos Irmãos Naves, são remontadas por sua filha, Marina Person. Ela passou oito anos debruçada sobre o trabalho, que nasceu como curta-metragem, virou um média-metragem sofrível e ganhou boa forma como longa. Obviamente afetivo, o filme é, também, uma homenagem ao cinema.

Milton Santos, por outro lado, é puro panfleto, no dizer do próprio diretor. O pensamento do geógrafo, morto em 2001, que se considerava um intelectual outsider, alinhava uma série de imagens, do Brasil e do mundo, que reiteram os danos causados pela globalização. Descolonizar-se, para Santos, era aprender a enxergar o mundo pelos próprios olhos. “O mundo é o que se vê de onde se está”, dizia. “Mas insistimos em ser europeus. (...) Achamos mais chique pensar como pensam os americanos. E aí temos uma enorme dificuldade de entender o mundo.”

Tendler, que visitara a vida de outros inquietos baianos, como Glauber Rocha e Castro Alves, e filmara a política em Os Anos JK (1980) e Jango (1984), construiu o documentário como uma colagem de cenas que, seja nas salas com ar condicionado de Davos, seja em gravuras que ilustram a colonização e a escravidão, reiteram, de modo didático, o que disse Milton Santos. “Qual o problema de fazer um panfleto? É uma boa forma de se comunicar. Está faltando verve às pessoas”, diz o diretor. Documentarista experimentado, ele não vê problemas na coincidência de estréias. “Assim está ótimo. O problema é quando 90% das salas estão ocupadas por três blockbusters americanos.”

Todos sabem, porém, que o público dos documentários é, em geral, minúsculo. Não à toa, o filho de Chico Mário, Marcos, fez circular um e-mail em que diz: “Queria pedir uma ajuda a você, entrar na corrente e divulgar o filme dos Três Irmãos de Sangue. Temos que levar as pessoas nas duas primeiras semanas, se não ele sai de cartaz. E parte da renda é para ajudar o combate à AIDS.”

Fonte: CartaCapital

Mestre Bimba, A Capoeira Iluminada - Trailer 2




O Fim do Sem Fim - Trailer (arquivo .mov)

3 Irmãos de Sangue - Trailer


Person - Trailer



Milton Santos ou: O mundo global visto do lado de cá - Trailer

sábado, 11 de agosto de 2007

Mulheres do Cinema Latino-Americano

Sí, se puede!
por Luísa Pécora

A seleção de futebol do Equador venceu a brasileira pela primeira vez na história durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Durante a inesquecível partida, a torcida gritava em um impressionante uníssono: "Sí, se puede! Sí, se puede!"

O grito de guerra virou o nome de uma geração de cineastas equatorianos que resolveu convencer instituições privadas e públicas de que o cinema precisava de tanto investimento quanto o esporte.

O maior nome dessa turma é Tania Hermida, que com Que tan lejos, lançado no ano passado, provou que um filme equatoriano pode ser sucesso de crítica e de público - e até dar lucro financeiro. Vencedora do prêmio do júri popular no 2º Festival de Cinema Latino-Americano, realizado em julho em São Paulo, ela comemorou o aumento da produção do país e a Lei Nacional de Cinematografia, criada em 2006

A CULT convidou Tania para um bate-papo com outra mulher de destaque no cinema latino: a paraguaia Galia Gimenez, que trouxe seu terceiro longa-metragem, El invierno de Gunter, para o Festival de Cinema Latino. No país de Galia, há apenas um fundo de apoio à cultura, que se dedica não apenas ao cinema, mas também à música, à literatura, às artes plásticas e ao teatro.

Durante a conversa, elas discutiram, ainda, como é fazer cinema na América Latina sendo mulher, já que, em todo mundo, as diretoras continuam sendo minoria.

CULT - Na América Latina, a mulher tem mais dificuldades para fazer cinema?
Tania Hermida - Acho que no Equador é difícil fazer cinema tanto para os homens quanto para as mulheres, porque o mais complicado é conseguir recursos. Particularmente, fui criada em uma família de três filhas mulheres e um pai feminista. Não fui criada com a idéia de que ser mulher fosse impedimento para nada. No entanto, o Equador é um país machista, e muitas mulheres crescem acreditando que ser mulher é uma desvantagem natural. Eu tive a sorte de crescer em um contexto diferente. Aliás, no Equador, entre os jovens cineastas, há muitas mulheres. No ano passado estrearam dois filmes de ficção, ambos dirigidos por mulheres, e três documentários, dois deles também de mulheres. É engraçado: os diretores de fotografia e os sonoplastas são sempre homens, as produtoras e as diretoras são quase sempre mulheres. Parece estar havendo uma divisão de papéis, em que as funções mais técnicas ficam com os homens. E acho importante notar que no cinema independente há muitas diretoras, mais do que na indústria. Isso porque o projeto da indústria é econômico e tem padrões fechados em relação à forma de trabalhar e pagar.
Galia Gimenez - Na minha opinião, a gente nem tem que pensar nessa questão de ser mulher. Só temos de lidar com as situações que eventualmente aparecerem.

CULT - E quanto ao lado pessoal? É difícil conciliar a família e o trabalho?
Tania - Eu casei e me divorciei, mas não tenho filhos. Para mim, é muito difícil combinar a maternidade, a família, a casa e o jardim com os filmes, as viagens, a instabilidade econômica e as incertezas emocionais. Eu optei pela minha paixão, que é o cinema.
Galia - Penso da mesma forma e tenho certeza de que não quero ter filhos. Chega uma hora em que a mulher tem que tomar uma decisão sobre isso. Eu já estou em outra.

CULT - Quais diretores vocês admiram?
Galia - Há diretores que realmente me fascinam. Gosto muito do Buñuel, revejo seus filmes e sinto uma grande emoção. Também gosto do Kurosawa, do realismo italiano e de muitos diretores russos como o Tarkovski, que é fantástico. Ele estava muito além da sociedade em que vivia.
Tania - O Tarkovski pra mim é um maestro. Ninguém se compara a ele.

CULT - Não citariam nenhuma mulher?
Galia - São tão poucas...
Tania - Das últimas gerações, gosto da argentina Lucrecia Martel, diretora de O Pântano.
Galia - Não conheço. No Paraguai é muito difícil ver filmes latinos. Eles não chegam aos cinemas, no máximo passam na televisão. É horrível, porque estamos tão perto e não conseguimos nos assistir. Eu nunca vi um filme brasileiro no cinema e estou há quinze anos em Assunción. Central do Brasil e Cidade de Deus só vi pela televisão.
Tania - No Equador chegam filmes brasileiros. Gostei muitíssimo de Lavoura Arcaica, que saiu no mesmo ano de O Pântano. Me lembro de ter visto os dois filmes e pensado: "o cinema latino-americano tem futuro".

CULT - Aqui no Brasil, reclama-se muito de que os filmes brasileiros chegam às salas em número muito menor que os hollywoodianos.
Galia - Na aparência, o Brasil parece ser um país de muita cultura, até porque é um país muito grande. Acho que vocês devem falar muito dos defeitos do Brasil, mas a presença do Brasil é muito importante para a América Latina. O Paraguai está começando a aparecer, a difundir sua cultura.
Tania - O Brasil é um continente. É uma referência para os outros países latinos. O Paraguai e o Equador estão começando a deixar de ser invisíveis, inclusive para nós mesmos. E aí está a importância da Internet, dos novos canais de comunicação. No Equador, grande parte dos meios de comunicação é controlada pela direita e pelo Estado, então as pessoas se informam pela Internet, pelos blogs.
Galia - E também está aí a importância dos festivais de cinema. É a chance que nós temos de nos encontrar, de conversar, de vermos os nossos filmes.
Tania - Os festivais são o único espaço soberano do cinema latino-americano. Está surgindo uma produção muito forte, com outros discursos, mas é preciso que todas as instituições dêem ao cinema o apoio e a seriedade que ele merece.
Galia - No Paraguai a cultura está em último lugar. Não há apoio nenhum, o que não significa que as pessoas não gostem de cultura. A população tem interesse, mas não há apoio e nem espaços. Os empresários, por exemplo, não apóiam! E não é só com cinema. Com música é a mesma coisa. No Paraguai todo mundo é músico, mas ninguém grava disco. É um verdadeiro mal social, uma falta de consciência. Por isso que a produção é importante. Temos que produzir, produzir e produzir. Estou tendo experiências lindas ao exibir meu filme. A aceitação é impressionante, são igrejas e colégios abarrotados. É contraditório porque não há apoio, mas há interesse.

CULT - Esse cenário parece ser comum a toda a América Latina.
Tania - Acho que há razões históricas para isso. Quando nos constituímos como repúblicas, o projeto não era criar uma cidadania criativa e sim assegurar os privilégios das classes dominantes. Não era um projeto que pensava na cultura. Hoje vemos que o interesse pela cultura é forte, mas o projeto do estado não apontava isso. Nos anos 1940, criaram a Casa da Cultura Equatoriana, um projeto que foi muito importante porque deu valor aos ancestrais indígenas e à diversidade de culturas. Naquele momento, o discurso era: vamos conservar a cultura, preservar a identidade e levar a cultura ao povo. O que estamos fazendo agora é uma mudança de paradigmas. A cultura não é algo que devemos apenas preservar, a cultura é algo que temos que produzir. A tradição se reinventa! A identidade se cria! E não é só levar a cultura ao povo: é colocar o povo para produzir cultura.


Fonte: RevistaCult

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Os Sete Pecados Capitais

curta, short film, cortometraje, court métrage, cortometraggio, kurzfilm, kisa film. cartoonLos Pecadores
Ter um dos pecados capitais já é muito ruim. Imaginem os sete juntos! É isso o que acontece na divertida animação argentina Los Pecadores, premiada no festival de Nontzeflash 2007 e selecionada como Melhor curta-metragem Flash no Festival Cortoons 2007.


Los Pecadores (The Sinners)

Sinopse
Sete seres que representam os pecados capitais (Avareza, Inveja, Gula, Ira, Luxúria, Preguiça, Soberba) convivem em tempo e espaço. Com Música de David Simons.

Gênero Animação
Diretor Pablo Polledri
Elenco Sete Pecados
Duração 2'15''
Cor Colorido
País Argentina

Inscrições para Mostra Udigrudi Mundial de Animação

ABERTAS AS INSCRIÇÕES
5º MUMIA- MOSTRA UDIGRUDI MUNDIAL DE ANIMAÇÃO – 2007

por Sávio Leite


LEMA: "Quando o mundo todo dorme pesado".

OBJETIVOS
Objetiva-se a ampliação dos espaços de imaginação e das possibilidades de novo dizer, de novo sentir, e de um novo modo de expressar sendo também um estimulo à cultura cinematográfica brasileira, encarando como espaço para formação de novos espectadores e realizadores. Serão bem aceitos filmes e vídeos feitos sem apoio, com prejuízo para seus realizadores, sem incentivos e realizados com baixo custo ou com nenhum.

ORGANIZADORES
O MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação, de caráter competitivo, é uma iniciativa de profissionais da animação que tem como apoios: CRAV- Centro de Referencia Audiovisual de Belo Horizonte, do Museu Histórico Abílio Barreto, do SESC / LACES / JK Festival Internacional de curtas metragens de São Paulo, Festival Internacional de curtas de Belo Horizonte, AFFAS, ENSAD (Ecole Nationale Supérieure des arts décoratife) e da equipe de cartunistas 5vs1.

FINALIDADE
O MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação tem por finalidade divulgar a produção audiovisual de animação de caráter cultural e visa contribuir para o desenvolvimento videográfico quanto a sua linguagem, formato específico e forma de produção. Proporcionar ao público mineiro acesso a uma parcela significativa da produção videográfica nacional e internacional, que por não pertencer a grandes produtoras acabam ficando a margem do circuito comercial.

CAPÍTULO I: DA FINALIDADE
O MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação tem a finalidade de incentivar novas produções audiovisuais de curtas-metragens, premiando os trabalhos que mais se destacaram por sua inovação e criatividade.

CAPÍTULO II: DA INSCRIÇÃO
2.1 - A competição está aberta às produções nacionais e internacionais , para filmes em animação de qualquer formato, finalizados a partir de 2000, entregues no formato VHS NTSC e DVD, independente de seu formato original. Para produções estrangeiras é exigido a lista de créditos e diálogos. Cada participante poderá concorrer com quantos títulos quiserem, inscritos individualmente, mas que poderão ser mandados em uma mesma fita. Serão também bem aceitos vídeos realizados em outros mundos diferentes.

2.2 - A competição só terá uma categoria: Animação. Só serão aceitos trabalhos com até 15 (quinze) minutos de duração. A 5ª edição do evento acontecerá em Belo Horizonte no período de 02 a 17 de novembro de 2007.

2.3 - Faremos uma mostra itinerante da mostra no Centro Cultural da Caixa de 21 a 26 de agosto de 2008 no Rio de Janeiro com os filmes e videos selecionados na 5 edição da mostra.

2.3 - As fichas de inscrição, assim como as copias em VHS e DVD dos vídeos deverão ser entregues impreterivelmente até o dia 30 de setembro de 2007, acompanhadas da filmografia do realizador, material de divulgação, e uma foto legendada no verso para a produção gráfica do catálogo da mostra, para o endereço:

CRAV / MUMIA
Rua Sapucaí, 571 - 5o andar - Floresta - Belo Horizonte - MG -
30150-050 – Brasil - Tel: (031) 3277- 4699

Serão concedidos Prêmios para os três melhores vídeos do Festival eleito pelo júri popular. O prêmio será disputado por todos os filmes inscritos.

CAPÍTULO III: DA SELEÇÃO
3.1 - Não haverá seleção de Filmes e vídeos inscritos na competição. Respeitará-se o numero de preenchimento de quatro horas de
programação.

CAPÍTULO IV: DO JÚRI E PREMIAÇÃO
4.1 - Serão concedidos três prêmios de melhor filme eleitos por júri popular. Poderão serem concedidos prêmios especiais a filmes que mais se destacarem no festival.

CAPÍTULO V: DISPOSIÇÕES GERAIS
5.1 - Todas as copias enviadas ao MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação, passarão a fazer parte do acervo do Festival podendo ser utilizadas somente para fins culturais, sem objetivos comerciais.

5.2 - A organização do MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação, reserva para si o direito de utilizar cenas (ate 30") de filmes
inscritos no Festival em programas ou produtos que visem promovê-lo.

5.3 - A organização do MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação poderá utilizar imagens, fotos e material gráfico dos vídeos, para divulgação dos mesmos em todas as mídias.

5.4 - As inscrições serão confirmadas, via e-mail, após o recebimento de todos os itens solicitados.

5.5 - A organização do MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação, reserva para si o direito de realizar mostras itinerantes em cidadesdo interior de Minas Gerais. Todas as exibições serão informadas aos realizadores de todos os inscritos no Festival em programas ou produtos que visem promovê-lo. Esta prevista uma mostra itinerante, em data não marcada, em Barcelona com curadoria da equipe do MUMIA. Para aqueles que quiseram participar desta mostra itinerante e possuírem cópias legendadas em espanhol favor colocar explicitarem na ficha a inscrição.

5.6 – A programação completa estará no site, que se encontra em desenvolvimento no mês de novembro. www.mostramumia.com.br O MUMIA -Mostra Udigrudi Mundial de Animação vincula o participante à aceitação deste regulamento.

5.7 - Os casos omissos serão solucionados pela comissão organizadora do MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação.

Inscrições e etc. no site do festival AQUI.

Fonte: CurtaoCurta

Abertas Inscrições para Festival de Curtas do Rio de Janeiro

Inscrições abertas para o Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro

As inscrições para a Competição Nacional da 17ª edição do Festival de Curtas do Rio de Janeiro - Curta Cinema estão abertas até o dia 24 de agosto.

Durante o festival, que acontecerá de 25 de outubro a 04 de novembro, serão exibidos trabalhos finalizados em 35mm, 16mm e suportes digitais.

A programação é dividida em Competição Internacional, Competição Nacional, Programas Especiais e Focos temáticos, que têm como objetivo promover a exibição, distribuição e produção da obra audiovisual de curta-metragem.

Além da exibição de filmes, o Festival promove Workshops, Palestras e Cursos de formação teórica e prática, além de atividades paralelas gratuitas.

Fonte: PortaCurtas

sábado, 4 de agosto de 2007

Cubo - Curta Portoriquenho

Metáforas Existenciais

O Cubo, do portoriquenho Yarim Machado, é um filme cheio de simbolismos. As indagações existenciais, a origem de tudo (ou do nada), a solidão, a violência e a dificuldade de lidar com o desconhecido e com o semelhante, todos sentimentos comuns à humanidade estão ali presentes, de forma figurada, neste curta-metragem. Talvez a representação dos confrontos entre luz e escuridão, do vazio e da forma, da vida e morte, relembrem outros filmes e até mitos, como do próprio Caim e Abel, porém, isso não tira a qualidade desta produção portoriquenha.

Cubo


Sinopse
Um conto sobre a viagem da humanidade.

Gênero Ficção
Diretor Yarim Machado
Elenco Juan Muñoz

Ano 2005
Duração 9'14''
Cor P&B/Colorido
Bitola Mini-DV
País Porto Rico

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

HOMENAGEM A BERGMAN E ANTONIONI

OutroCine presta uma singela homenagem a Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, dois gênios do cinema falecidos no dia 30 de julho.

Bergman: Morangos Silvestres (Smultronstallet-1957)

O trecho abaixo mostra a parada do professor Borg em uma casa que lhe remete a saudosos momentos da infância.





Bergman: O Sétimo Selo (Det sjunde inseglet-1956)


Abaixo, a clássica cena do encontro do guerreiro das Cruzadas com a Morte.




Bergman: Gritos e Sussurros (Viskningar och rop-1972)

O trailer desta monumental obra do mestre sueco.




Antonioni: A Noite (La notte-1961)

A cena abaixo mostra a náusea conjugal burguesa, vivido por um dos melhores casais do cinema: Jeanne Moreau e Marcelo Mastroianni.





Antonioni: Blow Up (1966)

Partida de tênis sem bola, uma das mais famosas metáforas da história cinematográfica.




Antonioni: Profissão: Repórter (The Passenger-1975)

Trailer: Jack Nicholson em uma de suas ótimas atuações, como um homem que troca sua identidade por uma suposta liberdade.




*Quem tiver interesse em conhecer mais a obra dos dois cineasta, os filmes apresentados aqui e muitos outros estão disponíveis em DVD.

Novo Filme Argentino em Cartaz

AS COISAS SIMPLES DA VIDA
por Ana Paula Sousa


O diretor Daniel Burman construiu, no emergente cinema argentino destes anos 2000, um painel de imagens muito suas. O humor judeu e os afetos e desafetos que qualquer família conhece são o esteio de Esperando o Messias (2000) e O Abraço Partido (2004), ficções de pegada autobiográfica que o tornaram conhecido. Seu alter ego, sempre chamado Ariel, mas com sobrenomes variáveis, é o jovem meio atrapalhado, meio romântico, que tenta se adequar às coisas da vida adulta.

Vivido pelo ator Daniel Hendler, Ariel retorna à tela, em Leis de Família (em cartaz a partir da sexta-feira 3), mais engraçado que antes. É inevitável pensar no personagem Antoine Doinel criado por François Truffaut. E há também um quê de Woody Allen nas atitudes desajeitadas, entre a piada e a melancolia.

Sem o maneirismo da câmera que não parava quieta em Abraço Partido, Burman assume, no novo filme, uma simplicidade estética que lhe cai bem. Quem nos conduz pela narrativa é Ariel Perlman, promotor público, professor de direito e filho de um advogado que, no meio da história, se casa com uma instrutora de pilates e torna-se pai. As cenas do casal com o menino de 2 anos (filho de Burman) são especialmente simpáticas. O cineasta não quer falar dos conflitos familiares, e sim das pequenas alegrias do cotidiano, dos laços afetivos que nos fazem pertencer ao mundo.


Fonte: CartaCapital

As Leis de Família (Derecho de Familia) - Trailer

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Temporisation - Curta Francês

Temporisation

Temporisation, dirigido por Jérôme Groscolas, é um curta-metragem experimental francês.



Sinopse
Um homem sem inspiração captura trechos de idéias nos pensamentos dos transeuntes, imobilizados.



Temporisation


Assista aqui Temporisation em arquivo .wmv (necessita Windows Media Player)

Assista aqui Temporisation em arquivo .rm (necessita Real Player)


Gênero Ficção
Diretor Jérôme Groscolas
Elenco Julien Platteaux
Ano 2006
Duração 4min
Cor Colorido
País França



Ambos arquivos podem ser assistidos com programas alternativos, Media Player Classic e Real Alternative, que, além de serem programas de código aberto, são menores que o Windows Media Player e o Real Player.

Estréia Conceição – Autor Bom É Autor Morto

Estréia
por Ana Paula Sousa

Conceição – Autor Bom É Autor Morto é obra de e para cinéfilos. Produzido pela Universidade Federal Fluminense, o filme é uma aventura. Nasceu em tempos de cinema brasileiro à míngua, foi feito com dinheiro dos próprios diretores, levou dez anos para ficar pronto e conseguiu, enfim, cavar espaço no circuito. Estreou na sexta-feira 27 no Arteplex do Rio e de São Paulo e seguirá para Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. Dirigido por André Sampaio, Cynthia Sims, Daniel Caetano (também roteirista e produtor), Guilherme Sarmiento e Samantha Ribeiro, o filme é uma colagem nonsense. A partir de uma conversa de bar, os autores brincam com as possibilidades da ficção. Se fosse fazer um filme, que filme você faria? Entre absurdos e achados, Conceição comprova que autor bom é autor vivo e cutuca o discutível sistema de produção do Brasil.

Fonte:
CartaCapital

Conceição – Autor Bom É Autor Morto - Trailer

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Morre Antonioni

Morte de Antonioni fecha ciclo histórico de cinema italiano

Agência Câmara

ROMA - A morte, aos 94 anos, do diretor Michelangelo Antonioni, que se destacou com filmes que, pela primeira vez, falavam dos problemas e das angústias do homem moderno, fecha um ciclo histórico no cinema italiano.

- Perdemos um lúcido e sensível intelectual, observador agudo de todos os males e todas as expressões do século 20. Seu desaparecimento fecha um ciclo histórico do cinema italiano - afirmou o ministro de Cultura italiano, Francesco Rutelli.

Antonioni, informou hoje sua família, morreu "tranqüilamente" em uma poltrona de sua casa, em Roma, às 18h de segunda-feira, no mesmo dia em que morreu outro grande produtor do cinema mundial, o sueco Ingmar Bergman.

O diretor italiano começou sua carreira em meio ao neo-realismo, junto a diretores como Vittorio de Sica, Roberto Rossellini e Luchino Visconti. Seus filmes, porém, foram uma ruptura com o gênero, reinventando o cinema e falando do mal-estar do homem moderno e dos problemas e protestos das novas gerações.

- Acho que os homens do cinema têm que estar sempre unidos, como fonte de inspiração em seu tempo. Não tanto para expressá-lo por seus fatos mais crus e trágicos, mas para recolher as ressonâncias que soam dentro deles - dizia Antonioni.

Por isso, o cineasta italiano se transformou no porta-voz da sétima arte sobre o drama da falta de comunicação na sociedade moderna.

O tema foi abordado por Antonioni desde seu primeiro filme, Crimes da Alma (vCronaca di un amore - 1950), que analisa uma crise conjugal, a Zabriskie Point (1970), sobre o inconformismo juvenil nos Estados Unidos.

Rutelli acrescentou que o diretor "foi o pioneiro de uma prospecção absolutamente original, de difícil interpretação para o grande público, enfrentando questões difíceis, como a falta de comunicação e a alienação".

O presidente italiano, Giorgio Napolitano, lembrou de Antonioni "como um agudo intérprete da complexidade das transformações que marcaram a realidade social italiana desde os anos 40 até a atualidade".

- Foi-se o diretor mais imitado - afirmou o cineasta Paolo Taviani.

Já o diretor italiano Paolo Virzi destacou a triste coincidência de que Antonioni e Bergman, diretores que realizaram uma trajetória comum e deram um papel de relevância às mulheres, tenham morrido no mesmo dia.

- Antonioni foi um dos diretores mais feministas que tivemos - disse Virzi.

Ele é considerado o descobridor de uma das mais importantes atrizes italianas, Monica Vitti. Ela se transformou em sua musa e foi protagonista de muitos de seus filmes, como A Aventura (1959), A Noite (1960) e O Eclipse (1962).

Outra das atrizes símbolo de Antonioni foi Lucia Bosé, que interpretou Crimes da Alma e A Dama sem Camélias (1953).

O mestre da comédia italiana Dino Risi disse que, embora os filmes de Antonioni pareçam para ele muito "intrincados", com a sua morte "desaparece um ícone do cinema".

Antonioni conquistou o público internacional com seu período anglo-saxão, no qual realizou filmes como a produção ítalo-britânica Blow Up - depois daquele beijo (1966), baseada no conto do argentino Julio Cortázar As Babas do Diabo, premiado no Festival de Cannes.

Fazem parte do mesmo período de produção do diretor italiano Zabriskie Point (1970) e o filme feito com colaboração espanhola, francesa e italiana Profissão: Repórter (1974), com Jack Nicholson e Maria Schneider.

- Com Antonioni desaparece não só um dos maiores diretores, mas também um mestre do cinema moderno. Graças a ele chegaram à grande tela as problemáticas mais complexas e propagadas do mundo contemporâneo, como a falta de comunicação e a angústia - afirmou o prefeito de Roma e grande conhecedor de cinema, Walter Veltroni.

Autoridades de outros países também se manifestaram sobre a morte de Antonioni. Em comunicado, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o diretor foi "um dos professores" da Nouvelle Vague francesa (movimento de vanguarda) e um "poeta da elegância estilística, do rigor e da pureza".

- Sua obra é marcada pela dificuldade das relações entre os seres, os indivíduos e o mundo - acrescentou.

- A perda de Antonioni (...) aumenta ainda mais o luto do cinema europeu - afirmou a ministra de Cultura francesa, Christine Albanel.

O presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob disse que Antonioni era um "alquimista da intimidade".

Em mais uma condolência oficial, o presidente da Comissão Européia, José Durão Barroso, qualificou de "inesquecível" a contribuição de Bergman à cultura européia e à arte cinematográfica, destacando sua "busca da compreensão e interpretação da complexidade do espírito humano".

Na quarta-feira, Roma fará uma homenagem a Antonioni, e o corpo do diretor ficará na sede da Prefeitura para facilitar o último adeus de parentes, amigos, colegas e todos os amantes do cinema que queiram comparecer.

Os restos mortais do cineasta serão levados depois para sua cidade natal, Ferrara, no norte da Itália.

Fonte: JBOnline