quarta-feira, 23 de abril de 2008

Violência contra a Mulher é tema de Animação

Imagem do curta (cortometraje) ¿Por qué?
Todos os dias centenas de mulheres sofrem em silêncio com a violência doméstica. Agredidas por maridos ou parceiros, a maioria dessas mulheres nem chegam a virar estatística, pois, por temor, não registram ocorrência na polícia. É sobre a violência contra a mulher que trata a dramática animação Por qué?, do espanhol Xavi Segura. Este triste curta-metragem é o primeiro realizado por Xavi, que nesta promissora estréia presta uma homenagem as mulheres dedicando-lhes o curta. E salve todas elas!

Por qué?


Sinopse
Curta-metragem de animação sobre a violência contra a mulher.

Gênero Animação
Diretor Xavi Segura
Ano 2007
Duração 5'28''
Cor P&B
País Espanha

sábado, 19 de abril de 2008

Documentário Terra de Índio

Dizimados pela cultura branca, aos Índios lhes foi relegado apenas um dia. Muito pouco para tudo que sofreram, pouquíssimo para estes que reinavam absoluto nestas terras, nada para o povo que sempre conviveu em harmonia com a natureza. "Todo o dia era dia de Índio", agora é apenas o dia 19 de abril. Lamentável. O documentário Terra de Índio, de Samanta Pamponet, registra as conseqüências da aculturação, a tentativa de resgate de identidade e a falta de terra da tribo Tupinambá de Olivença, na Bahia.

Terra de Índio


Sinopse
O documentário Terra de Índio, relata as dificuldades que os índios Tupinambás de Olivença sofrem pela falta do bem mais precioso para toda aldeia, a terra. Que hoje está sobre o domínio e poder dos fazendeiros e coronéis da região, que destroem a mata atlântica, privando o índio até mesmo de pescar e plantar para sua sobrevivência.



Gênero Documentário
Diretor Samanta Pamponet
Ano 2005
Duração 8'20''
Cor Colorido
País Brasil



Sugestão de outra postagem e filme com a temática
Todo dia é dia de Índio

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Festival Cubano de Cinema Pobre

Já abriu suas portas festival cubano de Cinema Pobre

Gibara, Cuba, 15 abr (acn) Com a exibição do filme Personal belongings (Efeitos pessoais), de Alejandro Brugués, prêmio de maqueta da edição anterior, começou nesta segunda-feira, o VI Festival Internacional de Cinema Pobre de Cuba, que tem por sede, a localidade oriental de Gibara.

Agência Cubana de Notícias

Em total são 100 filmes de uns 20 países, que tem por característica básica a austeridade econômica e a ausência dos padrões do cinema comercial e globalizado. Segundo os dados fornecidos pelo comitê organizador, o número de participantes neste ano aumentou com relação ao anterior, o que mostra uma tendência de crescimento, graças aos valores que defende o certame fílmico.

Entre as principais categorias de competição estão a ficção em suas modalidades de curta, longa e média-metragem, documentários, roteiros, maquetas de projetos, obras experimentais e videoarte.

Fundado em 2001, o saldo destes anos foi frutífero, em opinião do presidente do festival, o realizador Humberto Solás, que o definiu como um “refúgio para os cineastas alternativos que emergem à margem dos grandes estudos com produções guiadas pela bússola da comercialização”.

“Conseguimos um espaço autônomo, comunitário, sustentado pela diversidade, aberto a todos os temas e com um requisito único: a ausência de concessões e a qualidade”, disse Solaz em recentes declarações à mídia.

Por sua vez, o filme da abertura Personal belongings, foi galardoado em Gibara em 2007 com o prêmio Swiss effects, consistente em seu “transfer” a negativo de 35 milímetros – requisito indispensável para sua projeção na tela grande e em circuitos e festivais internacionais.

Para Brugués foi o princípio de um caminho cujo primeiro resultado se concretizou no passado Festival do Novo Cinema Latino-americano de Havana, onde obteve o terceiro Coral à melhor ópera-prima.

Mas o Festival além de cinema e as artes audiovisuais, inclui, aliás, a música, a literatura e a pintura. No programa aparecem concertos e exposições com obras de destacadas figuras da ilha como Agustín Bejarano e Cosme Proenza.

Também há planejados espaços de reflexão e análise, de traçado de estratégias e redes que unam os cineastas que o apostam tudo ao cinema concebido como um risco e uma aventura artística. Um cinema edificado sobre orçamentos às vezes hilários, decidido a abrir-se passo ante a escalada das indústrias multinacionais, que combata a violência que impera e se torne em voz dos grupos sociais ignorados.

Fonte: ACN

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Animação baseada em Literatura de Cordel

Confira animação baseada em Literatura de Cordel, A Árvore do Dinheiro. Dirigida por Marcos Buccini e Diego Credidio, ganhou Melhor Animação (Júri Popular) - Animamundi Web 2002.

A Árvore do Dinheiro

Sinopse
A Árvore do Dinheiro é uma animação que procura resgatar a simplicidade e beleza da Literatura de Cordel. Uma arte popular e um dos símbolos mais importantes da Cultura Nordestina.

Gênero Animação
Diretor Marcos Buccini / Diego Credidio
Ano 2002
Duração 5'55''
Cor P&B / Colorido
País Brasil


Postado originalmente no Música&Poesia

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Os filmes como moeda

Matéria interessante de Ana Paula Sousa, publicada na revista CartaCapital.

Os filmes como moeda
por Ana Paula Sousa

Atividade escorada em incentivo público, o cinema brasileiro vê-se, vira e mexe, metido em discussões sobre a legitimidade de certos modelos de apoio. Nos anos 2000, houve polêmicas, por exemplo, em torno do artigo 3º da Lei do Audiovisual – que permite às majors de Hollywood a aplicação de dinheiro de imposto em produção – e dos concursos destinados a partilhar as verbas das estatais. Pois, agora, uma nova fonte de financiamento deixa o setor de orelhas em pé: os Funcines.

Se a Lei do Audiovisual, criada em 1993 para ressuscitar o cinema afundado por Collor, acoplou ao cenário a figura do diretor de marketing, incumbido de decidir que filmes mereciam patrocínio, os Funcines moldam outro personagem de terno e gravata, o investidor financeiro.

O novo mecanismo, como o nome anuncia, é um fundo dedicado ao audiovisual. O primeiro deles, operado pelo Banco do Brasil, nasceu em 2004. Mas só agora o sistema vingou de fato. Neste momento, quatro Funcines estão cadastrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com um patrimônio total de 32,6 milhões de reais.

O mais polpudo e antigo em operação é gerido pela Rio Bravo, companhia criada por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central. O RB Cinema 1 injetou dinheiro em filmes como O Maior Amor do Mundo (2006), Querô (2007), O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (2007) e Desafinados, ainda inédito. Outros virão.

A despeito de serem geridos por investidores privados, os fundos são tema público por uma simples razão: podem se beneficiar de um incentivo fiscal que permite dedução de 100% do Imposto de Renda devido pelas empresas. Quando nasceram, o teto de dedução ficava na casa dos 60% e, provavelmente por isso, pouquíssimo interesse despertaram.

“O incentivo é meu argumento de venda”, afirma Gustavo Catão, analista da Rio Bravo. O que ele diz aos possíveis cotistas? “Em vez de pagar o imposto, você coloca o dinheiro num Funcine e eu posso retorná-lo para você.” Na definição do próprio analista, “é um argumento irresistível”.
Não é demais lembrar que imposto que deixa de ser pago é, em tese, dinheiro público. Como 20% dos fundos podem ser investidos em títulos e, enquanto os filmes não são feitos, todo valor fica aplicado, há quem questione o rumo das operações. “Mesmo que o filme seja um fracasso de bilheteria, o investidor vai ganhar. Os investidores que não põem dinheiro próprio têm rentabilidade garantida”, pontua o cineasta André Klotzel, integrante da diretoria da Associação Paulista de Cineastas (Apaci).

O presidente da entidade, Ícaro Martins, vai além. “Do jeito que está, o mecanismo tem todas as condições para se tornar um esquema de lavagem dinheiro. Ele deixa brechas para achaques e atrai todo tipo de aventureiros do mercado de capitais. Se nada for feito, os Funcines podem virar o grande escândalo do cinema brasileiro”, alerta.

O temor se estende para outros produtores e cineastas, que, em público, preferem não meter a mão nessa cumbuca. O presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Manoel Rangel, por sua vez, aplaca os ruídos da possível polêmica.

Questionado sobre a legitimidade de se colocar dinheiro 100% incentivado na roda financeira, ele joga sobre a mesa, como contra-argumento, todos os incentivos fiscais. “Me parece uma pergunta capciosa. O dinheiro não tem como destino o mercado financeiro, ele tem obrigação de ser investido em filmes”, frisa. “Não há diferença de legitimidade em relação ao artigo 1º da Lei do Audiovisual. Quem questiona o Funcine deveria questionar a Lei do Audiovisual. Ambos usam dinheiro público. Um fica na mão de um investidor. Outro, na de um produtor.” Talvez esteja aí o nó da questão.

Se no artigo 1º o interesse dos investidores passava pelo possível ganho de imagem da marca, no Funcine a idéia é ganhar dinheiro a partir de dinheiro. Mas a Lei do Audiovisual, prorrogada até 2010 – o prazo inicial era 2003 –, nunca conseguiu criar a cultura do investimento sem incentivos. Por que os Funcines conseguiriam?

“Nos Funcines, a lógica é outra. Os recursos são administrados por gestores que buscam rentabilidade e, ao mesmo tempo, seguem parâmetros de política pública”, diz Rangel. Para quem teme que os fundos roubem patrocinadores do produtor independente, Rangel assegura: “Não é o que tem ocorrido. Os dados demonstram que os Funcines se desenvolvem paralelamente e têm atraído novos investidores”.

Mas, por enquanto, boa parte do dinheiro veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só para 2008 o banco prevê um investimento mínimo de 25 milhões de reais em Funcines. Luciane Gorgulho, chefe do Departamento da Cultura da instituição pondera que, em 2007, apenas um terço do dinheiro dos fundos usou o mecanismo de dedução fiscal e anota que os editais de financiamento continuam.

“O BNDES tem uma carteira de investimentos em fundos de 1 bilhão de reais. Os Funcines são um investimento pioneiro, que sinaliza para o mercado uma oportunidade de negócio. O objetivo é fazer o cinema se desenvolver como setor econômico”, explica Gorgulho. “Também não pretendemos investir em todo e qualquer Funcine, mas naqueles que contribuem para os gargalos da indústria, como a distribuição.”

Foi esse o caso do fundo Lacan-Downtown, destinado à distribuição de filmes brasileiros. Hoje, têm poder de fogo nas salas de cinema basicamente os filmes distribuídos por majors, como Columbia e Warner. Esse Funcine, visto como uma nova alternativa para colocar os títulos nas telas, recebeu 8 milhões de reais do BNDES e captou 4,6 milhões com dez empresas, todas estreantes no setor audiovisual.

“A captação direta, feita pelos produtores, desestimulou as empresas a investir, até porque, se colocasse 500 mil reais num projeto, o patrocinador desaparecia no meio de vários outros”, avalia Bruno Wainer, distribuidor e idealizador desse Funcine. Para reforçar a idéia de que o novo investimento não se dá por razões institucionais e sim financeiras, ele informa que, dos dez investidores, oito declaram não querer retorno de imagem.

“Minha responsabilidade é oferecer o maior retorno aos investidores. Estou buscando o melhor negócio possível. Existe um erro qualquer no cinema brasileiro que faz com que se produza sem responsabilidade de retorno”, prossegue Wainer. Em 2007, foram lançados 82 títulos nacionais. Desses, 49% fizeram até 10 mil espectadores e 32% ficaram na faixa entre 10 mil e 100 mil ingressos.

Os investidores, de modo geral, parecem querer tirar do cinema um lucro que, fora de Hollywood, ele muitas vezes não dá. Paulo Bylik, sócio da Rio Bravo, diz que aplica em cinema como em ossos de titânio e software de telefonia. Até por isso, trata como periférico o incentivo fiscal – a despeito de tê-lo usado. “Essa é uma muleta sobre a qual o cinema brasileiro se apóia e que não leva a lugar nenhum. Para quem quer produzir um filme de sucesso, a conta do Imposto de Renda é subsidiária.” Será?

Todos sabem que, por ora, sem incentivo fiscal, a produção – às vezes negócio, outras tantas vezes cultura – definharia. Num País em que 90% dos municípios não têm sala de cinema e a tevê aberta não compra filmes nacionais, raros são os títulos que se pagam. O próprio RB Cinema 1 só teve retorno financeiro com O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias.

Não à toa, as dificuldades de se conciliar interesses entre cineastas e homens de finanças começam a surgir. Os produtores de filmes menores nem procuraram nem foram procurados por Funcines. “Tudo o que conseguimos foi captado pela Paula Lavigne”, diz Giba Assis Brasil, da Casa de Cinema de Porto Alegre, produtora dos filmes de Jorge Furtado. “Esse é um negócio que funciona onde tem dinheiro. Não temos acesso a essas negociações.”

Mesmo Luiz Carlos Barreto, o mais famoso produtor brasileiro e um dos articuladores dos Funcines, tem tido dificuldades de negociação. “Os Funcines são uma fonte fundamental de financiamento, mas algumas propostas são inaceitáveis. Eles querem, por exemplo, prioridade no resgate da receita dos filmes”, relata.

À necessidade de regulamentação, a Ancine responde com uma consulta pública. A partir das manifestações do setor, deve ser publicada uma nova instrução normativa para definir alguns parâmetros dos futuros contratos. É o cinema-negócio estreando.


Fonte: CartaCapital

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Festivais de cinema em números

Reportagem publicada no sítio PortalLiteral.

Confira os números da primeira pesquisa realizada com 132 festivais de cinema brasileiro, realizados aqui e no exterior. Enquanto estes eventos crescem, diminui o espaço para o filme nacional no circuito comercial

por Bruno Dorigatti para o PortalLiteral

O número de festivais dedicados aos filmes brasileiros cresce a cada ano, os eventos tornam-se cada vez mais descentralizados, o público ultrapassa a casa dos 2 milhões. Logo, poderíamos deduzir uma maior exibição de filmes nacionais nas telas de cinema. Infelizmente, não é isso que vem ocorrendo. No circuito regular, as 2.096 salas de cinema (das quais, apenas 70 são de cinemas de rua; o restante, está em shoppings e nos chamados multiplex) exibiram, em junho de 2007, 92% de filmes norte-americanos, sendo que, desta porcentagem, 70% das salas eram ocupadas por apenas três blockbusters.

Se, ao mesmo tempo, é possível lamentar essa situação nas telonas, vislumbra-se outro território de combate e militância do cinema nacional, para além dos festivais: as novas plataformas de exibição, seja através da recém-criada TV Brasil, ou dos Pontos de Cultura, sem falar no imenso alcance da internet e, sobretudo, da telefonia móvel.

Estas constatações surgiram no debate realizado na última sexta-feira, 7 de março, na 1. Feira Livre - Feira Audiovisual do Rio, como parte da 7. Mostra do Filme Livre, quando foram lançados o estudo inédito Festivais audiovisuais: diagnóstico setorial 2007; indicadores 2006, e a 10. edição do Guia Kinoforum: festivais de cinema e vídeo 2008. Ambos estão disponíveis on-line. Confira os links ao final desta matéria.

Participaram, entre outros, Antonio Leal, coordenador geral do
Fórum dos Festivais e do Diagnóstico setorial, que apresentou um resumo dos principais números da pesquisa (leia abaixo), Zita Carvalhosa, organizadora do Guia Kinoforum 2008, e Sílvio Da-Rin, secretário do Audiovisual.

Da-Rin está há 100 dias no cargo, em substituição a Orlando Senna, que ocupa agora a direção geral da TV Brasil. Diretor do documentário Hércules 56 (2007), sobre 15 prisioneiros políticos trocados pelo Embaixador americano num seqüestro em 1969 por grupos revolucionários, o novo secretário levantou três pontos a respeito do Diagnóstico setorial dos festivais audiovisuais. "Primeiro, gostaria de ressaltar o ineditismo, a criação de uma metodologia, lastreada por iniciativas anteriores, como o Guia dos Festivais que este ano alcançou sua décima edição. Segundo, que isto acontece no ano de um boom, quando tivemos, de 2005 para 2006, um aumento de 37,5% no número de festivais quando estes passaram de 96 para 132. Então tínhamos a necessidade deste mapeamento, e ele veio na hora fundamental. Terceiro, que estamos instituindo uma base de dados não só para consulta, mas também para análise", afirmou Da-Rin.

O secretário lembrou ainda do lançamento do
Observatório dos Editais, que aconteceu um dia antes, 6 de março, e pretende "estruturar e sistematizar as seleções públicas do Ministério da Cultura". Segundo dados do Ministério, desde 2003, a cada ano, o MinC tem aumentado em 75% o uso de seleções públicas em suas políticas de apoio à cultura.

Leal apontou a importância dos eventos como processos, que não acabam quando o finda o festival. "Em Belém do Pará, por exemplo, depois do festival que acontece geralmente no começo de julho ele se torna itinerante pelas ilhas e vai até o outro festival." O processo também pode ser percebido nos Pontos de Cultura, que já passam de 650, e basicamente são projetos de inclusão social e cultural já existentes que recebem apoio do MinC para desenvolver seus projetos, sem tutela, mas com prestação de contas para que continue recebendo esse incentivo. Parte do incentivo recebido pelos Pontos é utilizado para aquisição de equipamento multimídia em software livre composto por microcomputador, miniestúdio para gravar CD, câmera digital e ilha de edição. E agora os Pontos de Cultura começam a se tornar também locais de exibição.

E está aí a saída para o cinema brasileiro alcançar um público maior. É preciso que o fetiche pela telona – onde muitos produzem pensando em serem exibidos no cinema – dê lugar pela busca de novas platéias. Como os Pontos de Cultura, a TV Brasil, que vem ampliando, desde a época que funcionava como TV Educativa, o espaço para o cinema e o documentário brasileiros. Sem falar nas novas tecnologias.

Da-Rin lembrou que o país possui hoje 2.096 salas de cinema. Hollywood cada vez mais faz lançamentos globais de seus blockbusters, às vezes com números exobritantes de 700 cópias por filme, sem falar nos gadgets e subprodutos que invadem o mercado junto com o filme, e a pomposa verba de mídia. "Tela de cinema, hoje, é isso. O acesso se tornou complicado, Em 2007, 80 filmes foram lançados no país, mas isso acaba por pulverizar-se. Somente dois ultrapassaram um público de 2 milhões de telespectadores [Tropa de elite e A grande família], a média foi de 50 mil, 100 mil telespectadores. Em 2003, tínhamos 22% de ocupação das telas. Hoje, este número é de 10%", apontou o secretário, que concluiu: "A aspiração à tela esbarra em obstáculos poderosos. Por outro lado, a tecnologia digital é a opção, com DVD, TV digital, internet, telefonia móvel", indicando um possível caminho da Secretaria do Audiovisual, que contemple essas possibilidades mais democráticas para a exibição da nossa produção.

Números

No Diagnóstico setorial 2007, primeiro estudo sobre o tema, realizado pelo Fórum dos Festivais, foram identificados 132 eventos realizados em 2006, 22 deles em sua primeira edição. Em 1999, eram 38 eventos. Do total de festivais dedicados ao cinema brasileiro, 9 aconteceram no exterior, e 123 no país. O Sudeste do país lidera, com 68 festivais realizados em 2006, seguido pelo Nordeste, com 20, Sul, com 15, Centro-Oeste com 11, e Norte, com 9 festivais. Embora a concentração ainda se dê nas capitais, onde acontecem 78 de todos os 123 realizados em território nacional, o número de eventos realizados no interior do país alcança a marca de 45. Os únicos estados que ainda não têm uma mostra regular de audiovisual em 2006 são Acre e Roraima.

O total de público presente nos festivais audiovisuais realizados em 2006 alcançou a marca de 2.209.559 pessoas, o que dá uma média de 16.739 espectadores por festival. A concentração segue no Sudeste, sobretudo em São Paulo (479.100 espectadores, 21,68% do total), Rio de Janeiro (456.800 espectadores, 20,67%) e Minas Gerais (184.609 espectadores, 8,36%), que somadas chegam a 1.120.509 pessoas, ou 50,71%, mais da metade do púbico total. Mas quem chama a atenção são os estados de Goiás e do Amazonas. O primeiro, com apenas três festivais, atraiu 181 mil espectadores (8,19% do total), e alcançou a melhor média, com 60.333. Já o Amazonas, com quatro festivais, alcançou 156 mil espectadores (7,06% do total), com média de 39 mil por evento.

O total de exibições alcançou o expressivo número de 12.512, sendo que 72,31% destes, ou 9.048, foram de curtas-metragens. Os longas ficaram com 20,58% de participação, com 2.575 exibições, os média-metragens com 6,72%, e 841 exibições, e os seriados representaram 0,39%, com apenas 48 exibições. A respeito dos espaços de exibição, 72,97% dos festivais utilizaram salas existentes em espaços culturais, 52,25% deles adaptaram ou adequaram salas já existentes, 47,75% realizaram projeções ao ar livre, 34,23% ocuparam salas do circuito comercial existente, 23,42% se utilizaram de tendas e lonas, 14,41%, de escolas, e 8,11%, de clubes. Lembrando que o número total ultrapassa os 100%, já que alguns festivais se utilizam de diferentes espaços.

Além de fortalecer e viabilizar a exibição de filmes que dificilmente teriam outro canal para exibição, 71,97% dos festivais realizam seminário, debates ou mesas de discussão a respeito da produção cinematográfica brasileira, 60,61% ministram oficinas, e 43,94% têm como atividade complementar workshops. É dentro deste circuito de festivais que acontecem os encontros do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas (ABD&C), da Associação dos Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste (APCNN), do Fórum dos Festivais, do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) e da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), entre outros.

Outro aspecto que pode ser considerado democratizante é a gratuidade da ampla maioria dos festivais: 84,85% não cobram ingressos, e o restante, 15,15%, cobra, mas mantém sessões gratuitas, como as lonas culturais e exibições na praia, no Festival do Rio.

Os recursos movimentados pelos 132 festivais realizados em 2006, no Brasil e no exterior, envolvendo o cinema brasileiro quase alcançaram a quantia nada desprezível de R$ 60 milhões, valor que engloba a captação em recursos financeiros, parcerias, apoios, bens e serviços. O estado que mais captou foi o Rio de Janeiro, com R$ 13.653.965 (22,77% do total), seguido por São Paulo, com R$ 10.428.125 (17,39%), e os nove festivais no exterior, que totalizaram R$ 6.483.000 (10,81%). A concentração segue no eixo Rio-SP. O Sudeste foi responsável por quase metade dos recursos captados em 2006, com R$ 29.066.240, ou 48,46% do total, seguido de longe pelo Centro-Oeste, com R$ 7.690.000, 12,82% do total.

Destes (quase) R$ 60 milhões, R$ 26.184.236,80 foram captados através da Lei Rouanet (43,66% do total), R$ 7.283.400 vieram do apoio dos governos estaduais (12,14%) e R$ 6.076.926,20 através da obtenção de apoio em Bens e Serviços, ou seja, com parcerias tradicionais dos festivais com empresas do setor de infra-estrutura audiovisual, como Quanta, Labocine, Kodak, Link Digital, TeleImage, Estúdios Mega, Megacolor, Casablanca e Cinerama, além de outras empresas e instituições, como Centro Técnico Audiovisual (CTAv), Cinemateca Brasileira, Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), Sesc, Canal Brasil, Revista do Cinema Brasileiro, Revista de Cinema, Rede Brasil (hoje, TV Brasil), além de companhias aéreas, restaurantes e outras empresas do setor de distribuição, exibição, comunicação, logística e tecnologia.

Os principais patrocinadores foram as grandes empresas estatais, como a Petrobras, Eletrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Infraero, Banco do Nordeste e Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Em dezembro de 2006, a Petrobras lançou o primeiro edital de seleção pública para a escolha de projetos de festivais de cinema, onde foram contemplados 23, dos 87 inscritos. Somando-se aos 15 festivais apoiados como projetos de continuidade, o total de eventos com patrocínio da estatal chegou a 38.

Calendário

Já o Guia Kinoforum: festivais de cinema e vídeo 2008 apresenta, em sua versão impressa, 128 festivais, divididos em "Circuito consolidado", com 55 festivais, "Ampliando o circuito", com 64, e "A conferir", eventos que ainda dependiam ou dependem de recursos e apoio para serem realizados, com 9. O Guia tem atualização on-line, e o número de eventos geralmente cresce no decorrer do ano. Ele traz as principais informações de cada festival, como prazo de inscrições, programação, atividades paralelas, contatos, responsáveis, e os últimos premiados. Além disso, traz informações sobre festivais internacionais, circuitos alternativos de exibição, a produção audiovisual nacional de longas, curtas e médias-metragens de 2006-2007, números do mercado audiovisual brasileiro compilados pela Filme B, mecanismos de fomento (leis de incentivo, editais etc.), cursos de formação superior, escolas audiovisuais e oficinas de inclusão audiovisual, e lista de contatos de distribuidoras e produtoras. Indispensável para quem produz audiovisual no país e deseja ver sua obra circulando.

Confira:

Festivais audiovisuais: diagnóstico setorial 2007; indicadores 2006.

Guia Kinoforum: festivais de cinema e vídeo 2008.
O Guia 2008 entra no ar no dia 15 de março.

Observatório dos Editais.

Fonte: PortalLiteral