sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Lirismo Captado por Celular em Curta Português

Curta Morreste-me
Produzido do outro lado do Atlântico, Morreste-me é um filme impregnado de lirismo. Este curta português foi montado em cima de vídeos captados com um celular. O que podia ser uma deficiência foi usado com extrema destreza. A textura da câmera do telefone móvel confere uma aura especial a esta produção lusitana. Com uma bela trilha sonora, Morreste-me tem texto baseado em poesias do poeta português José Tolentino Mendonça. Confira abaixo o curta-metragem.
Y.H.

Morreste-me


Sinopse
Este vídeo foi feito com um aparelho celular, que capturou momentos íntimos, pessoais e humanos. Homenagem a todos aqueles que partiram, mas cuja partida nos tornou mais próximos.

Gênero Ficção
Diretor
Joana Rão / Carlos Gomes
Duração
8'30''
Cor Colorido
Bitola
Celular
País
Portugal
Texto baseado em poemas de José Tolentino Mendonça

sábado, 22 de dezembro de 2007

Assista Excelente Curta-Metragem Paraguaio

O OutroCine reproduz abaixo postagem originalmente escrita para o blogue Música&Poesia, no dia 13 de maio de 2007. Na ocasião foi apresentado o curta Say Yes, do paraguaio Juan Carlos Maneglia. Say Yes é um filme brilhante, vale a pena assistir. Excelente fotografia, roteiro bacana e direção muito boa de Maneglia (ele também foi o montador do filme), sem falar na interpretação de John Breen. Y Viva Latinoamérica!

Filme Latino-Americano
por Yerko Herrera

John Breen, em Say Yes
É lamentável a distância a que estamos resignados em relação aos nossos irmãos da América Latina, principalmente quando se trata de troca cultural. Falando especificamente de cinema, é raro saber dos filmes produzidos pelos países vizinhos, com exceção do cine argentino, que, devido a sua fama internacional e pelo acordo de distribuição existente entre Brasil e Argentina, é razoavelmente bem difundido por estes cantos, ou de um ou outro filme latino que após destacar-se em grandes festivais chega a algumas poucas salas de exibição dedicadas a filmes alternativos. Entretanto, a farta produção hispano-americana é praticamente ignorada no Brasil. Então, quando se fala em curtas-metragens, é completamente desconhecida. Pra amenizar este prejuízo, o Música&Poesia apresenta Say Yes, do paraguaio Juan Carlos Maneglia. Filmado em 16mm, o curta mostra a vida de um perturbado homem que, preocupado com uma crise em seu relacionamento amoroso, se detém mais em detalhes obsessivos do que na resolução do problema.

Assista Say Yes aqui

NOTA: Infelizmente, por opção própria, o realizador Juan Carlos Maneglia retirou o excelente Say Yes da internet. Até o momento não há cópia do curta em nenhum outro site de compartilhamento de vídeo. Perde o OutroCine, por ser um dos melhores filmes do acervo, e perde o espectador, que deixa de ter o privilégio de assistir este maravilhoso curta.

Sinopse
Este comovente filme retrata como a demasiada falta de autoconfiança pode ter extrema força no destino. Um homem luta valentemente contra o fim da fase de flores do relacionamento. O medo de ter chegado ao fim faz com que ele busque a resposta da questão em uma simples margarida. Bem me quer, mal me quer...

Gênero Ficção
Diretor Juan Carlos Maneglia
Elenco John Breen, Ana Neira
Ano 1999
Duração 7 min
Cor P&B
Bitola 16mm
País Paraguai

Traficante Playboy, Tema de Filme Nacional

O tráfico está aqui, no asfalto
Meu nome não é Johnny filma a classe média carioca

por Ana Paula Sousa

Selton Mello é João Estrela, jovem que leva drogas para a Europa e vive entre farras com a namorada
Em Bicho de Sete Cabeças (2001), vimos o pai que dá cabo aos sonhos do filho por causa da maconha. Em Cidade de Deus (2002), acompanhamos o tráfico que ceifa vidas pobres e negras. Este ano, Tropa de Elite pretendeu mostrar que os estudantes da PUC, ao fumar um baseado, adquirem parcela de culpa pela violência no Brasil. No dia 4 de janeiro, chega aos cinemas a droga que percorre ruas arborizadas, entra nas festas “descoladas” e mexe no bolso dos ricos e remediados.

Meu Nome Não É Johnny, só por isso, mereceria ser visto. O filme que refaz a história de João Guilherme Estrela, playboy tornado traficante no meio “bacana” carioca, percorre, com originalidade, o circuito das drogas encampado pelo cinema brasileiro nestes anos 2000. Pode ter escorregões melodramáticos (como as justificativas rasas para o vício e o idealismo da “volta por cima”), mas é verdadeiro no que mostra. E na maneira como mostra.

“A história do Johnny é a história do asfalto”, define a produtora e co-roteirista Mariza Leão, que passou na frente de outros oito produtores interessados no livro homônimo, escrito por Guilherme Fiúza. “A tradição do Cinema Novo deixou uma marca na nossa produção, que é a de falar sempre do outro. Acho que este filme faz cada um de nós, gente de cinema, jornalistas, pensar em como estamos lidando com o problema das drogas dentro das nossas casas. Temos uma classe média cada vez mais transgressora.”

Por essas e outras, Meu Nome Não É Johnny perturba. Interpretado por um Selton Mello na medida, João é o jovem que vê nas drogas sua diversão e seu modo de ganhar dinheiro – por mais que o filme, no final, o exima de qualquer vocação mercenária. João é também a face oculta de uma classe social que convive com as drogas e prefere não pensar de onde ela vem. “Temos que falar disso sem hipocrisia. Apontar culpados é fácil. Mas ninguém é culpado sozinho, nem o cara do morro nem a classe média. O filme vai esquentar essa discussão”, aposta Estrela.

Filmado em ritmo jovial por Mauro Lima, diretor de videoclipes e de Tainá 2, Meu Nome Não É Johnny é entretenimento de qualidade. A inevitável simpatia pelo protagonista, se moralmente pode ser discutida, em termos cinematográficos é um acerto. Dos diálogos divertidos ao elenco que funciona de ponta a ponta, o filme é eficaz e, mesmo nas falhas, abre caminho para uma discussão e tanto.



Meu Nome não é Johnny - Trailer

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mistério na Estrada

Suspense em estrada deserta

Dirigir sozinho em uma estrada deserta pode ser bastante assustador. Esse é o mote do curta neozelandês, dirigido por Nick Goldwater e Rupert McKenzie. O suspense Distraction pode ser assistido no linque abaixo.

Assista Distraction aqui (arquivo *mov - necessário um tocador que leia arquivos do QuickTime)

Baixe Distraction aqui (**arquivo mp4)

Nota: Apesar de ainda estar no ar, o site que hospedava o filme está com todos os links desativados. Desconheço o motivo pois não há nenhuma informação a respeito. Infelizmente ainda não localizei nenhuma outra fonte que contenha este curta-metragem. Se for encontrado será imediatamente substituído por um válido. Agradeço a compreensão.

Sinopse
Comédia de humor negro desenvolve-se numa estrada do deserto e mostra como as coisas podem dar errado quando você não está concentrado na direção.

Gênero Ficção
Diretor Nick Goldwater / Rupert McKenzie
Elenco Richard Collins, Stuart Bedford
Ano 2001
Duração 7'15''
Cor Colorido
Bitola DV
País Nova Zelândia



*O filme pode ser assistido com QuickTime, no entanto, o OutroCine recomenda o QuickTime Alternative, que, além de ser programa de código aberto, gratuito, é muito menor que o programa da Apple.

**Arquivos de extensão .mp4 podem ser baixados para MP4 Player's, portáteis leitores de vídeo e áudio.

Crítica sobre Mutum

O escritor Jeová Santana escreveu sobre o filme Mutum, de Sandra Kogut, para o saite de literatura e arte Cronópios.

Triste, denso e belo
por Jeová Santana


Este ano saí de casa para ver, duas vezes cada, três filmes brasileiros: “Os Dozes Trabalhos” (Ricardo Elias), “O Cheiro do Ralo” (Heitor Dhalia) e “Mutum” (Sandra Kogut). Este, o mais recente, apresenta algumas voltagens emotivas que ainda repercutem e guiam o correr dessas linhas marcadamente impressionistas. Tal escolha não se deve, em princípio, à afinidade com Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977), ensaísta, cinéfilo e contista tardio, cuja obra vem sendo reeditada com o cuidado editorial à altura de seu legado. O autor de “Três Mulheres de Três PPPÊS” afirmou que o filme brasileiro, mesmo ruim (o que não é o caso dos que citei), teria sempre algo a dizer sobre nós, daí preferi-lo a qualquer um feito nos Estados Unidos. Pinçada assim, sem referências contextuais, tal reflexão pode despertar, de saída, alguns pruridos ufanistas, mas sabemos que a produção da (ainda) chamada Sétima Arte em terras americanas, não existe somente na linha de montagem de Hollywood, cujo selo final é impresso todo ano naquela patacoada chamada Oscar. A parcela lá produzida que fica fora do chamado “circuitão” é do conhecimento de poucas retinas.

Talvez minha opção pelo produto nacional se deva, de inicio, a recusa à “estética da ligeireza”, marca registrada nas terras de Spielberg & Cia, ao qual já me deixa cansado antes da hora. Qualquer coisa na linha “300” ou “Máquina mortífera” embaralha-me as vistas e não saio do meu recanto sacrossanto para seu ninguém. Nesse sentido, também não me animei a encarar o tiroteio e o corre-corre de “Tropa de Elite”.

Para quem está acostumado com esse tipo opção artístitca, dará nos nervos passar 95 minutos, vendo a leitura que a diretora Sandra Kogut, a roteirista Ana Luiza Martins Costa, o fotógrafo Mauro Pinheiro Jr., o sonoplasta Márcio Câmara, entre outros, fizeram para “Miguilim”, que integra o livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa (1908-1967). O primeiro incômodo vem pelos olhos. Pois os acostumados a viver cercado de prédios por todos os lados, o que torna a palavra “horizonte” apenas um verbete nos dicionários, estranha se vê frente a frente com tanto descampado, logo depois de se sentir na garupa do cavalo que conduz o menino Thiago e seu tio Terez de volta para casa.

O segundo fica por conta da audição, pois depois do trote e do resfolegar, o espectador convive com a profusão de sons de todos os tipos: chuva, vento, raios, trovões, pingueiras, insetos, passos, gemidos, água de rio, bater de portas e janelas, passarinhos, milho de pipoca espocando, aboios, latidos. É uma sinfonia que desestabiliza ouvidos acostumados ao ramerrão dos canos de escapamento e dos bate-estacas. Como contraponto à longa enfiera de ruídos, vem outra gastura diante de várias cenas em que o silêncio se impõe: carinho entre mãe e filho (num close de alta sensibilidade), o enquadramento da casa, a mãe refletindo, a avó Izidra sentada na cama depois de arrumar os trens do neto morto.

Paralelo ao ritmo sonoro, a narrativa vai sendo conduzida com a apresentação de um mote aparentemente parco: um triângulo amoroso, cujo desfecho, pelas leis num tempo e espaço no qual imperam macheza e brutalidade, só pode se encaminhar para a tragédia. Mas, aí, para contrabalançar a crise iminente, o narrador insere o menino Thiago, que será o responsável para prolongar ou interromper a trama, pois fica no fogo-cruzado entre o suposto envolvimento da mãe com o tio. Este, ao contrário do pai, que o cala, ora não respondendo suas perguntas, ora descendo-lhe a mão sem dó nem piedade, é só carinho e não o acusa de “querer ser diferente”.

O ponto culminante da tensão construída com sutileza está na cena em que o sobrinho devolve ao tio o bilhete que deveria ter sido entregue à mãe. O choro com que expõe seu fracasso é um desses momentos sublimes da arte. Sentir-se tocado por ela é saber que ainda temos umas réstias de humanidade correndo nas veias. Efeito que se torna mais luminoso quando se sabe a origem amadora da maioria do elenco, com exceção do ator que faz o pai (João Miguel, de “Cinema, Aspirinas e Urubus”, 2005). Bastaria este choro para dar a dimensão da leveza e da segurança na condução da narrativa. Ele inclusive poderia evitar a proximidade do foco nas lágrimas de Thiago quando perde o irmão Felipe. Ali elas são previsíveis. A câmera poderia ter ficado mais distante, tal como no momento em que o pai espanca a mãe, e ficamos a par da acusação, dos sons dos tapas e objetos caindo, tudo pela visão do menino. Longe, portanto, do excesso naturalista que fez escola no cinema brasileiro.

Transpor Guimarães para outras mídias é sempre um desafio, pois é preciso privilegiar o diálogo em detrimento da conhecida exuberância verbal e dos contorcionismos lingüísticos de seus narradores. Além disso, é preciso lembrar, no caso de cinema e teatro, da exigüidade do tempo, que é bem mais farto quando nos propomos a encarar as centenas de veredas criadas pelo homem nascido em Cordisburgo (MG) há quase cem anos. Por isso, há de se louvar a opção da diretora em não cair nessa esparrela e utilizar-se de um argumento básico: cinema é imagem. Sendo assim, ela optou pela contenção discursiva, com as falas entrando em momentos muito específicos, permitindo com que seus atores também as substituíssem pelo gestual. O ronco-gemido de Felipe, pouco antes de morrer, é apenas um dos muitos exemplos em que a palavra pode ser cortada, dispensada, tornada impotente, tanto nessa hora de dor quanto para explicar as formas de uma nuvem, os medos oriundos da mata, as causas do assassinato que jogou o pai no oco do mundo.

O sertão roseano está lá do mesmo jeitinho, retratado de forma crua, sem a “estetização da miséria”, outro modismo na ordem do dia por aqui. Sua ligação com a “modernidade” que nos assola vai além da nota de R$ 10,00 que aparece entre os guardados do irmão morto, e que serão enterrados no mesmo chão que o abrigou.

Como destaque do equilíbrio entre palavra, ação e imagem, ainda podemos acrescentar a cena em que o personagem mirim se vê às voltas com um médico da cidade (leia-se Guimarães-personagem) que lhe aponta defeitos na visão e depois lhe oferece seu par de óculos. O esperado seria alguma pirotecnia mostrando o antes e o depois nas imagens. Mas a mudança de perspectiva é apenas interior: “as pedras fica mais grande”. É um ritual de passagem que abre para a possibilidade de cruzar fronteiras, sair daquele lugar onde trabalho infantil é condição natural e a escola é algo que passa ao largo das necessidades. Nesse mundo, contudo, abrem-se brechas para pequenas alegrias: quadrinhas, trava-línguas, brinquedos de madeira, alçapões, ouvir causos dos vaqueiros, rir diante do desempenho do papagaio, observar a ação do milho de pipoca. É pouco, mas substancial, pois assim são reveladas ilhas de delicadeza e solidariedade entre desgarrados, ambulantes de Deus, desvalidos, testemunhas do que se convencionou chamar de “Brasil profundo”.

Depois de ver a entrega da cachorra Rebeca, o papagaio que escapa, o tio aconselhado a sair de casa para evitar uma desgraça, o irmão morto, o pai foragido, o menino Thiago está calejado no exercício do ir-se embora. É hora de largar a saia da mãe para saber “por que as coisas acontecem, então?”. É preciso tocar para outros gerais, decifrar outros mistérios. Encontrar um lugar onde a dor do homem lateje mais devagar. Perto do mar, talvez.


Jeová Santana (1961) nasceu em Maruim (SE). É autor dos livros de contos Dentro da casca (1993), A ossatura (2002) e Inventário de ranhuras (2006). É mestre em Teoria Literária pela Unicamp. Atualmente é doutorando no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política e Sociedade da PUC/SP. E-mail: jeopoesi@bol.com.br

Fonte: Cronópios

Mutum - Trailer

Longa Brasileiro Arrisca-se no Abstrato

Saiu lá no Overmundo uma postagem sobre o longa-metragem Kynemas, de Pedro Paulo Rocha, certamente um filme bem complicado.

kynemas, filmes in fluxos
por rsaito

"conectar o cinema às
geografias urbanas e cyberais."

Nesse seu longa de estréia o cineasta e artista multimídia, Pedro Paulo Rocha, nos propõe 80 minutos de imersão sensorial em um kaos plástico e sonoro.Quem espera ver um filme realista, onde personagens vivem estórias, será surpreendido por um fluxo ininterrupto de imagens e sons, com muita cor e música em ritmo alucinante. A câmera mergulha em um oceano de abstrações e cores na paisagem urbana.

Filme concebido para ser uma obra eletrônica in progress; kynemas é um manifesto plástico sonoro sobre as formas nascentes de cinema na contemporaneidade; Um filme ininterrupto para constantes novas versões, jogos de armar na internet, com teclados interativos, redes de artistas, memória eletrônica, ciclo de exibição e laboratórios de tvs digitais.

"Estamos diante da emergência de novos cinemas expandidos,
de cinemas para hipertelas, suportes virtuais, interativos, móveis".

"O cinema está na pele da subjetividade contemporânea, cada vez mais miscigenado na cotidianeidade do vídeo, da música e do computador. Sub way, kynemasvideos palimpsestos".

Na fronteira entre artes plásticas, cinema e arte eletrônica, kynemas sugere ao espectador uma experiência única com a percepção. O artista define o filme como "uma provocação plástica para olhos e ouvidos livres; Um invento de pura vibração, de cor e luz, mas também de sangue e fúria. É uma sinfonia urbana, anarcocromática, que nasce dos ritmos das imagens e da cidade."

"O filme é um gesto poético que não exclui a violência da imaginação contra o absurdo e o horror que essa sociedade produz.
Nesse sentido, as cores e as músicas do filme sangram".

Kynemas foi realizado eletronicamente na montagem, mistura samplers, re-criações plásticas e derivas de filmagens pela cidade.

O filme experimenta "as passagens sensorias", de uma linguagem a outra. dilata o espaço sensorial da cidade, mistura música, artes plásticas, fotografia, vídeo, arquitetura, mares de cores, ruídos e ataques sonoros, rajadas de imagens e músicas, fragmentos de memória. Dziga Vertov, Stan Breakhage, Godard, Ozualdo Candeias, Glauber Rocha entrelaçados através de frames e paisagens, melodias, canções, derivas, música eletroacústica, vozes, poesia sonora, fotogramas, catástrofe e lixo urbano.

Máquinas ritmicas de montagem, percussão com gotas. pianos.chuvas. Sons de ferros. filmagens ao acaso. Imagens filmadas na moviola. Pixel. Tv. Cinema. Textura de imagens. Vitrais criados com telas sobrepostas. Fusões sobre fusões. Contraponto e assincronia entre imagem e som.

"O processo de criação foi marcado por um movimento de desconstrução da estrutura fechada do filme ".

"A imagem como música eletrônica , elementos ritmicos que podem se recombinar; e a música como imagem manipulável, montagem, massas plásticas que se justapõem e se chocam; samplers, assemblagens, readmade-visual-sonoro."

O processo de montagem foi levado as últimas conseqüências.
O filme passou a ser uma memória live do processo de criação; De uma partícula sonora, a um frame, a um micro-filme, todo o material pode compor a galáxia de possiblidades e se retraduzir dentro da obra in fluxo. O processo seria ininterrupto, "infinito ao cubo" , através de uma rede de conexões de memórias abertas e compartilhadas.

Kynemas foge as definições e preconceitos do que seria ou não seria cinema.
Esse filme poderia ser chamado de "pintura eletrônica ou grafismo urbano; não importa se é artes plasticas, cinema ou uma experiência no espaço, instalação, imersão; o que importa é sugerir um contra fluxo nômade em que uma linguagem pode sugerir outra, misturando o que está separado. Tudo pode ser cinema; kynemas é imagem e som em movimento. É música. Arquitetura. É limite, experiência. Cinema, quasi-cinema.

"O nome kynemas foi escolhido para marcar novas formas de cinemas nascentes nessa contemporaneidade tecnológica. Um gesto plástico para amplificar as possibilidades de se fazer cinema na atualidade".

Ser um cineasta na era eletrônica é ser "um experimentador de linguagens, um artista cross-over que atravessa todos os meios sem fronteiras. O cinema se transformou em arte híbrida cada vez mais , que sempre incorpora outra."

O filme começa em um oceano de cores e pixel, pontuados por vozes de diferentes personagens e canções. Uma personagem imaginária que diz " vê como sonorizo isso", "o que os olhos não podem ver", " kaos", "kynemas" , " vc é a personagem sonora do filme" " uma personagem imaginária" " som", "imaginamos cidades".
“ em cada imagem existe também um invísivel a ser decifrado."

" Imagens quase-abstratas , com cores fortes, tempo sincopado, simulando uma atmosfera cósmica; imagens que praticamente transbordam a tela e explodem no espaço."

O filme exige esse esforço visual para vermos além da abstração;
" …e esse invisível é a própria cidade que vai surgindo; ganha contorno meio as abstrações aparentes um visível no mar urbano".

Viajamos em um roadmovie por São Paulo, invandindo universos mais documentais, filmando encontros inesperados com pessoas anônimas, moradores de rua; falas improvisadas para diálogos absurdos; cenas noturnas, duplos de imagens, vozes , " ver, vvvvvvvv, des, ver, rrr, desver, vermelho no vermelho", " um espelho reflete estilhaços da cidade", frames entrelaçados de frames em uma hiperficção sensorial…"

" disparo" " rajadas de sons e imagens"
"no corte que pisca um frame de instante."
kynemas
"ataques de imagens, rajadas de sons,"
"disparo" " num salto sem instante"

Fonte: Overmundo


Kynemas

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Animação Narra Drama de Refugiados

Black Day to Freedom é uma bela e comovente animação que faz refletir sobre o drama dos refugiados, sobre o problema da imigração e das fronteiras. Este curta é dirigido pelo ilustrador Rob Chiu que sempre produz animações engajadas em temas sociais. Black Day to Freedom é extremamente bem feito e foi tão bem sucedido que gerou um livro com mesmo nome.

Black Day to Freedom


Sinopse
Um dia ensolarado. A família feliz. Quem imaginaria que ia terminar assim.

Gênero Animação
Diretor Rob Chiu
Ano 2005
Duração 4min
Cor Colorido
Bitola Beta Digital
País Inglaterra

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Comunidade Indígena busca seu lugar no Cinema

Comunidades indígenas usam cinema para resgatar cultura e tradições
por Isabela Vieira


Olinda (PE) - Indígenas assistem filme da programação da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas

Olinda (PE) - Um ritual indígena de reconquista faz parte do filme que explica por que o pequi tem cheiro forte, segundo a lenda Kuikuro, povo do Alto Xingu. A trama do curta-metragem Imbé Gikegü – Cheiro de Pequi tem traição, assassinato e romance. Tudo com muito humor, já que o cheiro viria do sexo da mulher. Esse foi um dos vídeos apresentados hoje (29) aos participantes da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas, em Olinda (PE).

O curta levou um ano para ficar pronto e foi produzido por participantes de uma oficina da organização não-governamental (ONG) Vídeo nas Aldeias para o projeto Documenta Kuikuro, em que a tecnologia é utilizada para manter a cultura. A festa do pequi foi escolhida porque ocorreu simultaneamente ao curso, que ocorreu em setembro.

Segundo um dos diretores do filme, Maricá Kuikuro, a idéia do projeto de documentação é guardar as tradições para as próximas gerações, mas sob o olhar dos próprios índios. “A preocupação do cacique era perder tudo isso”, disse. O projeto Documenta Kuikuro é coordenado pelos índios e pelos antropólogos Carlos Fausto e Bruna Franchetto do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Uma das lideranças Kuikuro, o velho Jakalo, disse a iniciativa é importante para os indígenas não correrem o risco de “esquecer a cultura”, como outros povos que não lembram mais da língua e das festas nativas. “Outro dia, perguntei a um índio se ele falava a língua dele? E ele respondeu que não, tinha esquecido”, recorda. Aí eu fiquei triste”.

A documentarista Mari Corrêa, dirigente da ONG Vídeo nas Aldeias, avalia que o projeto tem duas dimensões: a documentação e a dinamização da cultura. “A oficina gera uma dinâmica no momento, não no futuro. Com as filmagens, entrevistas e depoimentos, esse assunto da tradição, da transmissão do saber, vem à tona e todos começam a se interessar”, explicou. O projeto também é realizado com outros 15 povos.

Antes da exibição do vídeo Kuikuro, o presidente do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, Marcos Terena, disse que os filmes produzidos pelos índios os retiram do “papel de zé-mane”, em referência às telenovelas: “Apesar de sermos cerca de 500 mil em uma população de 179 milhões de brasileiros não queremos ser os ‘mudos’ da história”.

Fonte: AgênciaBrasil

Foto: Valter Campanato/ABr

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Europa Filmes quer destruição de equipamentos de exibição de Universidade

Consórcio Europa Filmes processa universidade devido a Cineclube

No mês de setembro, ocorreu a Jornada Nacional de Cineclubes Brasileiros, incentivo a atividade cineclubista, na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Porém, passados 2 meses, na quarta-feira (14) a universidade foi condenada a pagar indenização pelas atividades do Cine Falcatrua, o qual funciona desde 2004 na universidade. A ação surgiu devido a exibição do filme "Fahrenheit 911", do cineasta Michel Moore. O consórcio Europa, responsável pela distribuição do filme, entrou com pedido de indenização por danos patrimoniais e morais que dentre outros solicita "destruição dos equipamentos usados para as exibições". A juíza da 6ª Vara Federal Cível, Renata Coelho Padilha Gera julgou parcialmente procedente os pedidos indenizatórios.

A UFES deverá pagar multa diária de R$ 10 mil por novas infrações semelhantes. Também foi condenada a pagar ao Consórcio Europa, a título de dano material, o valor correspondente aos custos de aquisição para distribuição da obra exibida. Em comunicado recente os cineclubes brasileiros apelam "a todas as forças da sociedade para se posicionarem contra esse grave precedente, ainda em primeira instância, que atenta contra o direito que tem todo ser humano 'de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios' (Declaração Universal dos Direitos Humanos)".

Em entrevista recente, o cineasta Michel Moore afirmou: "Não concordo com as leis de direitos autorais e não quero criar um problema com pessoas que querem apenas assistir aos filmes. Enquanto não tentarem lucrar com o meu trabalho, para mim está tudo bem". As exibições no Cine Falcatrua costumam ser gratuitas, respeitando assim a legítima decisão do autor.


Links:: Apoio ao cine falcatrua Cine falcatrua - Nota Oficial do Conselho Nacional dos Cineclubes Brasileiros

Fonte: Centro de Mídia Independente Brasil


Abaixo nota de apoio da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Rio de Janeiro


A Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Rio de Janeiro - ABDeC/RJ, todo apoio ao Cine falcatrua e a UFES

A Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Rio de Janeiro -ABDeC/RJ, vem por meio desta nota expressar a sua mais absoluta solidariedade com os cineclubistas, estudantes, professores e funcionários em geral; enfim, toda a comunidade da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), diante da decisão arbitrária e violenta do poder judiciário deste estado de reprimir a livre circulação de idéias e imagens dentro de uma universidade.
Além disso, a ABDeC/RJ repudia a decisão, absolutamente obscurantista, de determinar a destruição de equipamentos audiovisuais que são patrimônio público, e parte indispensável para ao bom funcionamento da atividade de ensino, pesquisa e inserção social de uma universidade.
Ressaltamos ainda que seria absolutamente inadmissível, do ponto de vista ético e democrático, qualquer invasão da universidade pela polícia, sobretudo para empreender a mencionada destruição de equipamentos.
Em defesa da democracia, da liberdade de expressão, e da livre circulação de idéias, bens, imagens e pessoas!

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2007.

Diretoria ABDeC/RJ
Dario Gularte (Presidente)
Marcio Blanco (Vice-Presidente)
Clementino Junior (Diretor)
Guilherme Whitaker (Secretário)
Angelo Defanti (Tesoureiro)
Clementino Junior (Diretor)

sábado, 24 de novembro de 2007

Para que serve o amor?

Animação francesa









Arrebatador curta que tenta responder à pergunta Para que serve o amor?, tendo com trilha sonora a música de Edith Piaf. A simplicidade dos traços confere ao filme um tom singelo que o torna ainda mais comovente.


A quoi ça ser l'amour?
A quoi ça sert l'amour ? via Koreus

Sinopse
Curta francês de animação sobre a música A quoi ça ser l'amour?, cantada por Edith Piaf e Theo Sarapo.

Gênero Ficção
Diretor Louis Clichy
Ano 2005
Duração 3min
Cor P&B
País França

Se preferir assista no YouTube

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Esmola é Dilema em Curta Holandês

Cinema da Holanda
Como uma das intenções do OutroCine, entre outras coisas, é apresentar produções dos mais diversos países, aqui vai um pequeno aperitivo do cinema curtametragista holandês. O filme é 50 cents, que tem roteiro e direção de Mathijs Geijskes. Somente para fins informativos pra dar uma idéia de quem é Geijskes: Em seu primeiro filme, intitulado Man of tha Roof (1997), ele faturou mais de 30 prêmios em festivais de todo o mundo.

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ESMOLA. Dar ou não? Dilema de curta holandês
O curta 50 cents conta a história de uma mulher que enfrenta o dilema de dar ou não dar esmola, pois qualquer atitude pode trazer resultados negativos. A produção de Geijskes tem algo que lembra o filme Corra Lola, Corra (Lola Rennt, Tom Tykwer, Alemanha, 1998), entretanto, diferentemente do filme alemão, ele não é frenético. O que assemelha os dois é o recurso usado, através de fotos, pra mostrar as diferentes possibilidades que um simples ato pode provocar. Vale reparar qual é a pobreza que assusta um holandês, nada perto da que vemos todos os dias abaixo da linha do Equador.
50 cents

Sinopse
Dar ou não dar esmola. Esse é o problema.

Gênero Ficção
Diretor Mathijs Geijskes
Elenco Morloes te Riele, Eric de Reijer, Kathinka Wendelaar
Ano 2005
Duração 5min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Holanda

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Novo Filme de Eduardo Coutinho

'Jogo de Cena' é homenagem às mulheres
por Márcio Garoni


Um anúncio no jornal, convidando mulheres a contarem suas histórias de vida para a gravação de um filme; atrizes convidadas para interpretar essas declarações reais; Eduardo Coutinho na direção. O resultado é Jogo de Cena, documentário sensível sobre a vida. Que imita a arte, que imita a vida.

O filme prova que uma idéia simples pode se transformar em obra-prima. Nada é muito fora do comum. Coutinho extrai das personagens fortes declarações, como sempre faz. As entrevistadas são sinceras, não fazem pose para a câmera, como se espera. As atrizes - entre elas Andréa Beltrão, Marília Pêra e Fernanda Torres - dão uma aula de atuação, o que também não é novidade. Tudo isso filmado no palco de um teatro, com apenas uma câmera e duas cadeiras.

As atuações são tão verossímeis que, excluindo as atrizes conhecidas, é difícil perceber se é uma atriz ou uma pessoa "real" que está falando. O diretor brinca com isso na edição, às vezes mostrando a atriz antes da entrevistada.

Jogo de Cena confirma a tese de que a realidade é tão cativante quanto a ficção. Não será exagero derramar algumas lágrimas durante o filme. É uma sincera homenagem às mulheres entrevistadas, às atrizes, à mulher brasileira.

Outra brincadeira de Eduardo Coutinho: no filme aparecem 12 mulheres, seis atrizes e seis entrevistadas. No entanto, são cinco as mulheres que têm uma correspondente atuando. As duas que sobram contam cada uma sua história. É uma grande surpresa quando, no final de um depoimento carregado de emoção, a mulher vem à câmera e diz: "Foi assim que ela disse".

Fonte: Overmundo


Jogo de Cena - Trailer

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Assista a Animação Limbo

Limbo
Animação curta-metragem dirigida por Rômolo Eduardo e selecionada no AnimaMundi 2007.

Sinopse
Sujeito ateu é enviado para um departamento onde aguarda uma resposta sobre o seu destino espiritual: céu ou inferno.

Limbo


Gênero Animação
Diretor Rômolo Eduardo
Ano 2007
Duração 6'19''
Cor P&B / Colorido
País Brasil

Ficha Técnica
Animação curta-metragem dirigida e produzida por Rômolo Eduardo. Vozes de Fábio Stechman, Nariz e Jairo Rodrigues. Música e efeitos sonoros pelos irmãos Fábio e Ari Stechman. Produção no Estúdio OpenTheDoor. Vozes captadas na ilha de rádio da PUCPR.

Reconhecimento
- Menção Honrosa na categotia Arte/Experimental no IV Putz (Festival de Cinema Universitário da UFPR)
- 3º Lugar Melhor Animação Brasileira Juri Popular SP 15° Animamundi
- Selecionado Mostra Nacional 2º Granimado (Festival de Cinema de Animação de Gramado)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Democratização do Acesso ao Curta e Bigas Luna

Curta para Todos

Tá no ar a sexta edição do Notodofilmfest.com, que é um festival espanhol de curtas-metragens muito legal. O diferencial é que todos os curtas concorrentes estão online para que qualquer um possa assistir. Medida que dá luz as produções curtametragistas e as retira das mãos da pequena elite que tem acesso a festivais.

O fato é que a maioria dos festivais de curtas (não só de curtas) exige ineditismo dos concorrentes. Ou seja, estão proibidos de serem exibidos ao público antes do festival ao qual estiver concorrendo. Isto inclui o veto de exibição na internet. Esta norma retrograda contribui para deixar à margem o formato cinematográfico que mais permite o experimentalismo, sem esquecer que também é o mais acessível economicamente para aqueles que estão iniciando no mundo do cinema. Então é óbvio que os curtas-metragens merecem mais público, e o público merece ter mais acesso aos curtas. A internet é o melhor meio pra se conseguir isso.

Recentemente o saite PortaCurtas deu um passo à frente possibilitando que qualquer pessoa (com acesso a internet, é claro) assistisse as produções em curta-metragem concorrentes do Festival do Rio 2007 e também do Festival Internacional de Curtas do RJ. No entanto, o internauta tinha que votar no(s) curta(s) que mais lhe agradava e somente os três mais votados seriam adquiridos para o acervo do PortaCurtas, conquistando, assim, sua exibição permanente na página. Já o Notodofilmfest.com expõe todos os concorrentes, além dos filmes das edições anteriores.

Esta última edição do Notodofilmfest tem ninguém menos que Bigas Luna (As Idades de Lulu, Jamón Jamón) como presidente do Júri. Outro jurado de peso é o mexicano Guillermo del Toro, diretor de A espinha do diabo (El espinazo del diablo) e O labirinto do fauno (El laberinto del fauno). Abaixo tem o curta Collar de Moscas, de Bigas Luna, realizado especialmente para a segunda edição do Notofilmfest.

Yerko Herrera

Collar de Moscas


Sinopse
Primeiro filme realizado por Bigas Luna para internet.

Gênero Documentário / Ficção
Diretor Bigas Luna
Ano 2002
Duração 1'07''
Cor P&B
País Espanha

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Curta-Metragem Unido Vencerás

Amor Filantrópico
Toda grande capital no Brasil tem um time que vive mais de história do que de glórias. Junto carregam uma fiel torcida disposta a sofrer pelo amor que sentem por seu clube, que está sempre à margem da elite do futebol nacional, do olimpo onde residem os maiores times brasileiros. Esse amor incondicional é o que retrata o documentário de Pedro Asbeg, Unido Vencerás. Asbeg registrou o dia em que o América Futebol Clube, do Rio de Janeiro, disputava um lugar na primeira divisão do torneio Rio-São Paulo. Um dos torcedores define genialmente o sentimento de torcer pelo América como sendo "um lado filantrópico". Conheça figuras como João e seu fanatismo envolto em palavrões, Tia Ruth com seu amor platônico, personagens que dão a vida pelo América.

Unido Vencerás



Sinopse
O que há de mais valioso para um clube de futebol? Seus títulos, sua tradição, seus craques? 90 minutos são suficientes para percebermos que para a tocida do América Futebol Clube sua maior riqueza são os seus torcedores, apaixonados e fiéis!

Gênero Documentário
Diretor Pedro Asbeg
Ano 2002
Duração 10'28''
Cor Colorido
Bitola Mini-DV/DVD
País Brasil


Ficha Técnica
Fotografia Pedro Asbeg Edição Pedro Asbeg Empresa produtora Raça Filmes

Prêmios
Primeiro Lugar no Curta a Sessão 2003
Melhor vídeo no Mostra Curta a Sessão 2003
Prêmio Riofilme Livre no Mostra do Filme Livre 2003

Festivais
Mostra Curta Cinema 2003


Fonte do filme: PortaCurtas

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Cubo - Nova Versão de Curta Portoriquenho

Dia desses o OUtroCine orgulhosamente recebeu a visita dos produtores do curta portoriquenho Cubo. A intenção de seus realizadores foi informar a existência de uma nova versão de Cubo. Nesta outra montagem, alguns detalhes mudaram, o contraste do filme está diferente e, basicamente, ficou um pouco mais enxuto. Quem quiser conferir a primeira versão do curta-metragem, dirigido pelo portoriquenho Yarim Machado, clique aqui. No visualizador abaixo, a nova reedição de o Cubo.

Cubo - Versão Dois


Baixe aqui o filme Cubo completo (mp4)

Sinopse
Um conto sobre a viagem da humanidade.

Gênero Ficção
Diretor Yarim Machado
Elenco Juan Muñoz
Ano 2005
Duração 9min
Cor P&B/Colorido
Bitola Mini-DV
País Porto Rico

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Filmes Engajados

Documentários de combate
Com baixos orçamentos e cronogramas apertados, a Brave News produz filmes que denunciam a indústria da guerra, a corrupção política e o poder das corporações. E já diversificou sua linha de ação, quebrando o monopólio das grandes distribuidoras

por Christian Christensen

Boa parte do crédito para a revitalização da tradição dos documentários em geral – e de documentários políticos e ativistas em especial – foi atribuída ao fenomenal sucesso de bilheteria de Fahrenheit 11 de Setembro (2004), de Michael Moore, que arrecadou mais de US$ 120 milhões só nos EUA, e US$ 200 milhões no mundo. Embora tal sucesso tenha sido favorecido pelo êxito dos primeiros filmes de Moore, Roger e eu (1989) e Tiros em Columbine (2002), é preciso observar, também, que Fahrenheit 11 de Setembro foi – cronologicamente – acompanhado por uma série de outros documentários bem-recebidos, como Sob a névoa da guerra (“The fog of war” – de Errol Morris, 2003), The Corporation (de Mark Achbar & Jennifer Abbot, 2003), Central Al-Jazeera (“Control room” – de Jehane Noujaim, 2004), Super size me – a dieta do palhaço (de Morgan Spurlock, 2004), e Uma verdade inconveniente (“An inconvenient truth” – de Davis Guggenheim, 2006). O sucesso desses documentários em especial, já que a maioria deles foi considerada bem-sucedida, pode ser aferido às bilheterias. O ataque ao fast food em Super size me é um bom exemplo, pois a bilheteria, de US$ 11,5 milhões nos EUA, ultrapassou de longe o orçamento de US$ 65 mil.

Apesar do enfoque em filmes com certo grau de sucesso financeiro (principalmente quando se comparam os ganhos de bilheteria aos orçamentos de produção) ser um modo de abordar o recente crescimento dos documentários ativistas/políticos, tal análise tão segmentada excluiria um dos mais interessantes desenvolvimentos na produção, distribuição e exibição de documentários: o trabalho da Brave New Films e da Brave New Theaters, criadas em 2004 pelo cineasta de docume ntários e ativista político Robert Greenwald. Greenwald foi produtor e/ou diretor de vários documentários políticos: Iraq for sale: the war profiteers (2006), The big buy: Tom Delay’s stolen congress (2006), Wal-Mart: o alto custo do preço baixo (2005), Outfoxed: Rupert Murdoch’s war on journalism (2004), Unconstitutional: the war on our civil liberties (2004), Uncovered: the war on Iraq (2004) e Unprecedented: the 2000 presidential election (2002).

Pelos padrões convencionais da indústria de cinema, o filme de Robert Greenwald melhor recebido pela crítica, Outfoxed: Rupert Murdoch’s war on journalism (2004), com apenas 18 sessões e meros US$460 mil nas bilheterias, seria considerado, na melhor das hipóteses, um sucesso moderado. Além disso, os três filmes de Greenwald feitos após Outfoxed — Wal-Mart: o alto custo do preço baixo, The big buy: Tom Delay’s stolen congress, Iraq for sale: the war profiteers – quase não aparecem nas estatísticas da indústria de filmes nos EUA. O motivo por trás da falta de sucesso de bilheteria para os filmes de Greenwald, no entanto, não foi a falta de interesse do espectador, mas o fato de que ele estruturou a Brave New Films (produtora) e a Brave New Theaters (um site para coordenar sessões cinematográficas fora dos grandes centros) com o objetivo de criar uma produtora politicamente engajada, com distribuição/organização autônomas e capaz de suplantar um sistema altamente centralizado de distribuição e exibição de filmes.

A dedicação de Greenwald a documentários políticos talvez seja surpreendente, considerando-se seu passado como produtor/diretor de um razoável número de produções para televisão e filmes de massa em Hollywood. Há, porém, dois eventos que parecem ter influenciado a decisão do diretor de mergulhar no mundo da mídia ativista de baixo orçamento: as conseqüências dos ataques de 11 de setembro de 2001 e a reeleição de George W. Bush em 2004. Sobre o primeiro, Greenwald disse que a velocidade com que “luto e dor” se transformaram em “raiva e vingança” o deixou perturbado. “Tenho quatro filhos e eles influenciam em muito minhas decisões; achei que não poderia me olhar no espelho se não tentasse fazer alguma coisa”, acrescentou. E isso acabou resultando na criação, em 2004 (ano da eleição Bush contra Gore), da Brave New Films, empresa dedicada à produção do que Greenwald chama de “documentários instantâneos”, que tratam de questões políticas fundamentais nos Estados Unidos.

Em vez de se concentrar em produções de grande orçamento e cronograma de vários anos, Greenwald decidiu que o necessário eram documentários sobre “temas políticos atuais, filmados com baixo orçamento, mas com qualidade, lançados com rapidez e ligados ao ativismo político local de forma mais ampla”. Desde 2002, os filmes de Greenwald tratam de assuntos como a lucratividade da guerra, práticas trabalhistas ilegais e antiéticas, financiamento político corrupto nos EUA e do ultra conservador canal Fox News, de Rupert Murdoch.

São muitas as idéias centrais nas quais se baseiam os empreendimentos Brave New Films / Brave New Theaters. Entre elas encontramos: financiamento parcial de documentários de pequena escala, que pode ser obtido com contribuições de cidadãos comuns via internet; Documentários políticos de qualidade, que têm condições de serem produzidos rapidamente e com um orçamento limitado, para tratar de questões políticas e sociais cruciais; Internet como ferramenta de venda e distribuição direta de DVDs (evitando os oligopólios de comércio e aluguel); Internet como instrumento para coordenar sessões locais de filmes (sem os monopólios da distribuição e exibição de filmes); Sessões cinematográficas fora dos grandes centros, combinadas com outras fontes alternativas de informação (palestras em organizações sindicais e pacifistas, debates e também esforços para manter o ativismo).

Simplificando, a Brave New Films é uma produtora-guarda-chuva, sob a qual a Brave New Theaters opera. O que a difere de outras elaboradoras de filmes alternativos é a existência de um braço de distribuição. O conceito é simples: qualquer produtora, grupo ou pessoa que deseje registrar um filme ou DVD acessa o site (em agosto de 2007 havia 147 filmes listados) [1] e um link será colocado na página [2]. Se um indivíduo ou grupo estiver disposto, candidata-se a realizar uma sessão do filme, com a data e o local da exibição colocados no site. As apresentações podem ocorrer tanto em espaços grandes como pequenos, que variam de salas de palestras em faculdades a salas-de-estar residenciais, dentro ou fora dos Estados Unidos. Os possíveis espectadores comunicam sua intenção de comparecer. E, dessa forma, o produtor do filme, a Brave New Theaters e os coletivos envolvidos nas sessões podem medir o nível de interesse na película.

A filosofia por trás da combinação Brave New Films / Brave New Theaters era quebrar o poder das empresas de distribuição e exibição de filmes, oferecendo um sistema para a coordenação de sessões das obras disponíveis no site. Como disse Jim Miller, Diretor de Desenvolvimento da Brave New Foundation e organizador de Educação e Difusão do projeto Iraq for Sale, mais que um site para a simples venda de DVDs, a principal função é atrair exibidores potenciais para os filmes em questão, funcionando como uma ponte entre produtores, exibidores e ativistas.

Os longas e curta-metragens produzidos são também tratados como parte de uma estratégia política e educacional mais ampla. Quando perguntado se a Brave New Films teria interesse que seus filmes fossem exibidos em salas de cinema de alcance global, Jim Miller respondeu: “Não. Para nós, não faria sentido fazermos sessões de maior alcance. Não estamos buscando isso. Quero dizer, muitas pessoas e muitos cineastas fazem escolhas diferentes. Gostam de participar de festivais e tentar ganhar prêmios. Querem apresentar suas obras de em grandes cinemas. Não é isso o que nos motiva. Produzimos para que as pessoas tenham um ponto de partida para discutir um assunto, para aprender mais, para provocar mudanças”.

Em outras palavras, os filmes não devem ser considerados o produto final do projeto Brave New, mas o início de ações e debates políticos. Além de promover sessões locais de filmes por meio do site, eles coordenam e incentivam planos de atividades enfocados na pós-exibição. Isso inclui o envio de informações a exibidores sobre como a platéia pode participar depois do término do filme; o auxílio no contato com palestrantes que debatam o tema em questão (tais como veteranos da Guerra do Iraque, depois de exibições de Iraq for Sale); e o lançamento de “semanas especiais”, quando pessoas por todo o país poderiam (simultaneamente) ouvir o produtor Greenwald e outros discutirem o conteúdo do filme mediante links de vídeo e telefone [3].

Quem são as pessoas que “comandam” as exibições? O site Brave New Theaters contava com mais de 3.200 comitês e mais de 4.500 pessoas envolvidas no comando de ao menos uma sessão [4]. Segundo números da Brave New Films, Wal-Mart: o alto custo dos preços baixos (2005) teve, aproximadamente, 8.000 sessões nos Estados Unidos e, com base no sistema do site Brave New Theaters, mais ou menos 700 mil pessoas assistiram ao filme, sem nenhum lançamento em cinemas. Ainda assim, poucos coletivos encaram a exibição de filmes com comprometimento. Prova disso é que, dos 3.200 grupos cadastrados, apenas 18 realizaram mais de 10 sessões. A maior parte executou apenas uma.

Os dados dos grupos de exibição tornam difícil a identificação e classificação dos extratos da população que participam ativamente do projeto. No entanto, a Brave New tem grande participação de organizações políticas locais, coletivos antiguerra e de direitos humanos, sindicatos, associações trabalhistas, coligações religiosas e centros universitários. É interessante que, apesar da idéia de que a religião nos Estados Unidos está sempre voltada para a direita, a Brave New Films e a Brave New Theaters conseguiram mobilizar sessões e atividades políticas por meio da colaboração de igrejas e uniões religiosas. Isso ocorreu principalmente com o filme Wal-Mart: o alto custo do preço baixo, já que muitos dos funcionários mal-pagos da cadeia Wal-Mart são atuantes nas igrejas da comunidade latina nos EUA. Para eles, o tratamento injusto (e às vezes criminoso) dispensado aos funcionários da rede é uma questão de moralidade e ética, tanto quanto uma questão política.

Apesar do sucesso, Greenwald e seus colegas não estão satisfeitos em se limitarem à produção e distribuição de documentários. Um novo braço da família — a Brave New Foundation —, foi criada para permitir que cidadãos comuns tenham a oportunidade de participar dos diferentes aspectos do processo de realização de um filme — outro exemplo da determinação de Greenwald em democratizar a produção de mídia. Um importante projeto da Brave New Foundation foi o Iraq Veterans Memorial [Memorial dos Veteranos do Iraque] [5], um site aberto na internet em 19 de março: o quarto aniversário do início do conflito. Ele traz vídeos-homenagens de familiares, amigos, colegas de trabalho e colegas militares para os soldados que perderam a vida durante a invasão.

Enquanto a mídia de massa nos Estados Unidos (e no mundo) continua a promover reality-shows como Big Brother, Pop Idol e Survivor, Greenwald e seus colegas provam que produções de mídia baseadas na realidade e com baixo orçamento podem fazer mais do que meramente entreter o público entre os comerciais. Como o próprio Greenwald disse: “Contar histórias em geral, independente da forma e do mecanismo de distribuição, é uma ferramenta muito importante para o progresso. Jamais conseguiremos apresentar nossa ideologia do modo como a direita o faz, nas declarações simplistas dos políticos, mas acho que temos maravilhosas histórias humanas que tocam e conectam. É assim que vejo meu papel e meu trabalho na Brave New Films. E vou continuar fazendo isso”.


[1] Apesar do nome Brave New Theaters, a maioria dos filmes listados no site não foi produzida pela Brave New Films.

[2]
Acesse

[3] Tais atividades extras não são preparadas para todos os filmes disponíveis no site Brave New Theaters, mas para os filmes produzidos por Greenwald e pela Brave New Films.

[4] Números atualizados em outubro de 2006.

[5]
Acesse o site



Fonte: LeMondeDiplomatique

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Tropa de Elite sob ótica ceticista

Por uma leitura cética de Tropa de Elite
por Jason Manuel Carreiro


“Bombs are flying while we’re sleeping with the enemy.”

(R. Schenker, J. Michael, D. Child, John 5 – Humanity Hour 1)


“As bombas estão voando, enquanto dormimos com o inimigo”. A frase pode parecer batida, mas nunca soou tão próxima, nunca fez tanto sentido. Afinal, após ver o filme brasileiro mais polêmico dos últimos anos, Tropa de Elite (Brasil, 2007, Direção de José Padilha), muita gente foi arrebatada por um furor imenso, como se tivessem acordado de um sonho. Faz tempo que não vejo um filme provocar tanta discussão, seja na televisão, na internet ou nos periódicos impressos. E tudo porque quem assistiu ao filme, acordou de um longo sono: cada ato desdobra-se numa série intrincada de relações. Perceberam que somos todos responsáveis pelo que fazemos, que somos responsáveis por aqueles com quem convivemos, e, como dizia o filósofo lituano Emmanuel Lévinas, somos sempre responsáveis por um terceiro, seja ele quem for.

Pois Tropa de Elite foi capaz de fazer com que celebridades, estudantes, jornalistas, acadêmicos, etc. se confrontassem em embates ideológicos dos mais diversificados, alguns, em minha opinião, muito bons, outros, nem tanto.

Uns chamaram a atenção para o clima de guerra vivido nas favelas do Rio, outros destacaram a intrincada rede criminosa que comanda as favelas. Alguns reclamaram da truculência policial, chegando ao absurdo ponto de chamar o filme de reacionário, como se ele fosse panfletário da tortura, dos maus-tratos policias. Outros defenderam o filme, o elevaram à categoria de grande arte, outros, horrorizados, começaram a pensar em que medida eles próprios financiam o tráfico, em que medida são (somos) responsáveis por esta complicada rede.

O mérito do filme, a meu ver, consiste justamente nisso: assim como o excelente Ônibus 174 (do mesmo diretor), ele nos proporciona uma série de indagações interessantíssimas, nos levou à reflexão (algo não muito comum no cinema contemporâneo consumido pelo grande público). Só não vi, ainda, nenhuma leitura cética acerca do filme. E é esta leitura a que me parece a mais adequada.

Muito se associa o ceticismo a alguma espécie de pessimismo, niilismo, como ocorre num conhecido artigo de Affonso Romano de Sant’anna: para o poeta, “o cético não faz história”. Realmente o cético não faz história, e isso não é lá algo ruim. O cético está na história não para tomar partido, mas para se jogar à incansável aventura do pensar, não tomando partido em favor de um ou outro, mas permitindo-se aventurar pelo paradoxo entre uma coisa e outra. Há uma diferença entre o ceticismo Pirrônico e Socrático (de saber que nada se sabe) e o ceticismo moderno (que não toma partido entre um lado ou outro, apenas cumpre o seu compromisso de conduzir à reflexão, entre um lado ou outro).

Pois a transformação do policial André Matias (vivido, brilhantemente, diga-se, pelo ator André Ramiro) de um sujeito inteligente, comedido, dedicado, num truculento policial do BOPE, parece-me a ilustração de que não há verdades no mundo em que possamos nos apoiar. Afinal, ninguém poderia imaginar que o quase pacato policial militar e estudante de Direito pudesse ceder a um impulso vingativo frio, e não digo muito mais para não arruinar com a expectativa de quem ainda não viu o filme. Quem viu, entenderá bem o que quero dizer.

Pois não se trata de tomar partido junto dos traficantes, não se trata de vibrar com a ação violenta dos policiais – trata-se, muito mais, de um belo convite à reflexão. E nisso, o filme é muito bem-sucedido. Apenas lamento àqueles que tentam encerrar as questões, lamento que eles se engalfinhem e gastem seus neurônios com teorias diversas, no intuito de chegar a algum lugar, no intuito de defender pontos de vista. Não perceberam, mas estão imersos num cenário de guerra iminente, ao tentar defender um lado ou outro. Deveriam usar as teorias para brincar, fazer uma ciência alegre, aliar reflexão à vida. Espanta-me aqueles que defendem a tortura como modo de repressão, embora eu concorde que não dá pra encarar bandidos com flores. Há alguma solução viável? Há algo que se possa fazer? Muito já se disse que “descriminalizar” as drogas seria uma solução. Será mesmo? Não sei responder às questões. Como diz o professor da UERJ e escritor Gustavo Bernardo Krause, quando crescer, quero ser cético. Não posso encerrar as questões, não quero guerrear. E veja, não posso ser acusado de covarde. Afinal, o meu compromisso é com o pensar. O meu compromisso é com as interrogações, e lamento, muito mesmo que professores tentem impor as suas visões sobre o filme para os alunos, que pessoas escrevam cartas dizendo que o filme é “de direita” como se ele fosse um panfleto, que pessoas digam que isso ou aquilo é a solução para os problemas. Estas pessoas esquecem-se de que o filme é uma obra de arte, convite à reflexão, e que o caminho percorrido quando elaboramos questões, é muito mais importante do que, propriamente, responder a essas questões.

E se esquecem de que este é o papel da boa arte, como é o filme Tropa de Elite: nos convidar a refletir, discutir, sem tentar esgotar as questões, pois não há respostas definitivas. É à deliciosa aventura do pensar que devemos convidar os nossos jovens, mostrando-lhes diversas possibilidades e caminhos que possam percorrer no intuito de dialogar com o todo da nossa cultura. Afinal, nos posicionar sobre determinado assunto é necessário, mas impor o nosso ponto de vista, isso sim, é reacionário.

Podem até dizer que estou caindo em contradição, os polemistas (sempre os há) dirão que caí na minha própria armadilha, escrevendo esta exortação ao ceticismo. Daí afirmar que quero ser cético quando crescer, pois o ceticismo, pleno, é mesmo impossível. E como jamais vou crescer, fico à vontade para dizer que este texto não é uma exortação ao ceticismo – é apenas mais um convite à reflexão. Não entendeu? Que tal reler?


Jason Manuel Carreiro (Belo Horizonte, MG). Escritor, professor de Filosofia, literatura e língua inglesa. Doutorando em Letras, na PUC Minas, Belo Horizonte, MG. E-mail: jasoncarreiro@hotmail.com

Fonte:
Cronópios

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Inovação Chilena: Milhares de versões do mesmo filme

Foto: Homero Monsalves, El Mercurio
Willy Semler, protagonista no projeto experimental ''Papá''.


"Papá", o filme chileno com três milhões de versões

SANTIAGO - Doze horas de projeção contínua marcaram a estréia de "Papá o 36 mil juicios de un mismo suceso", o novo projeto do Coletivo Sure, que oferece uma versão diferente da sua história cada vez que o filme volta a começar.


Leo Medel e Juan Pablo Fernández, produtor e diretor do filme, conversaram com o jornal El Mercurio Online para explicar a forma que se desenvolveu sua produção, ainda que brinquem e recordem que a tarefa de apresentar seu trabalho os tenha obrigado muitas vezes a usar sua habilidade de desenhistas para que os entendam.

Entretanto, sentados na sala de imprensa do Festival de Cine de Viña del Mar, se concentram e voltam a colocar em palavras a estrutura que da vida à "Papá", que deixa de lado os tradicionais rolos de película e usa como suporte o DVD.

O Coletivo filmou três versões distintas da sua história e as dividiu em uma série de partes, em seguida um engenheiro criou um software que está incorporado ao DVD e constrói cada fragmento do relato de forma aleatória usando alguma das três possibilidades que possui. Isto evita que o roteiro perca a ordem que tem e, por exemplo, o fim da história se veja ao princípio ou ao contrário.

"Guardando as proporções, sinto que a forma (na qual está feita "Papá") é super parecida à “Os Detetives Selvagens”, de Rorbeto Bolaño (escritor chileno comparado a autores pertencentes à Geração Beat), onde a história vai se contanto desde a perspectiva de cada personagem", comenta Medel.

Em Vinã del Mar, por exemplo, nas doze horas que durou a projeção contínua de "Papá", puderam-se ver oito versões, "porém, o programa, pode gerar mais de três milhões de histórias diferentes", acrescenta Medel.

Fernández recorda uma anedota que lhes sucedeu com uma senhora na Ciudad Jardín, que assistiu o filme quatro vezes, com pausa para o almoço incluída, e comparou "Papá" com uma novela, porque a razão de ficar tantas horas frente à tela foi na tentativa de investigar o que ocorria com alguns personagens que apareciam brevemente e logo desapareciam.

Seus realizadores recordam que a idéia de realizar um trabalho como este nasceu quando chegaram os primeiros DVDs ao Chile, que permitiam ver diversos finais de um filme, por exemplo, e eles sentiram que a tecnologia digital podia dar-lhes novas possibilidades de fazer coisas.


A história central

Apesar das múltiplas versões que se poderiam assistir, o roteiro desta produção está baseada em mostrar a história de um professor universitário (Willy Semler), que mantém uma relação secreta com uma aluna (Mariela Mignot), até ser descoberto por sua filha Rocío (Macarena Losada).

Semler é o mais veterano do grupo realizador de "Papá", inclusive interpreta duas canções da trilha sonora, porém confia no projeto e acredita que os integrantes do Coletivo Sure darão o que falar.

A idéia do Sure é estrear "Papá" no ano que vem, no entanto, já estão trabalhando em seu próximo projeto, que será dirigido por Fernández e já tem título: "Tchau".


Fonte: Emol

Papa o 36 mil juicios de un mismo suceso - Trailer 1


Papa o 36 mil juicios de un mismo suceso - Trailer 2

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Tropa de Elite Gera Questionamentos

Herói torturador
por Ana Paula Sousa

Tropa de Elite vira fenômeno cultural e faz pensar sobre as razões que levam o público a aplaudir o policial violento em nossa sociedade



Kid Tattoo, tatuador da comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, fez uma ponta em Tropa de Elite. Ficou tão famoso que foi convidado a abrir outra loja num condomínio de classe média. “O ibope do DVD foi muito alto. Não tem mais quem não me conheça. Fui agora mesmo pegar a chave da loja nova”, diz, cheio de orgulho, o jovem que, no filme, tatua a “faca na caveira” num policial do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope).

O apresentador Luciano Huck, depois de ter o Rolex roubado, clamou: “Chamem o capitão Nascimento”. Referia-se ao policial encarnado pelo ator Wagner Moura, que tortura e atira sem dó. No camelódromo da rua Uruguaiana, no centro do Rio, o Bope virou hit. Além da famosa pirataria do filme, há bonequinho com cara de capitão Nascimento.

No último fim de semana, num baile à fantasia em Jacarepaguá, fardas a imitar os homens de preto brasileiros fizeram sucesso. Tropa de Elite estreou nos cinemas de São Paulo e do Rio de Janeiro nesta sexta-feira 5. Mas já foi visto, replicado, adorado e atacado por gente de todo o Brasil.

Estima-se que 1 milhão de DVDs piratas tenham sido vendidos. As cópias das cópias são incalculáveis. No Rio, é difícil cruzar com alguém que não tenha visto o filme. Seja no bar Belmonte, no Flamengo, seja em Cidade de Deus, onde a cópia foi exibida na feira, na barbearia, nas casas todas, o filme acirra os ânimos.

Em São Paulo, no Aeroporto de Congonhas, um taxista viu, nas mãos da repórter, a capa do pirateado Tropa de Elite 3, um documentário superviolento e primário, feito pela própria polícia. Não resistiu. “Você me empresta pra eu gravar?

Prometo devolver. Te deixo meu telefone, meu RG, tudo.” No Nordeste, também há Tropa de Elite para todo lado. No alto sertão paraibano, na cidade de Sousa, há três semanas, um morador se espantou: “Nossa, você é jornalista e nãoviu o filme? Tem de ver”.

Que Brasil é este que aderiu de maneira radical ao longa-metragem dirigido por José Padilha? Que filme é este que perdeu o controle da própria feitura, sendo pirateado ainda incompleto? Que sociedade é esta que viu no capitão Nascimento um herói salvador?

Leia toda a reportagem em CartaCapital Edição 465


Fonte: CartaCapital


Tropa de Elite - Trailer

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Curta Esconde-Esconde

A dor da perda
Confira o terceiro dos três ganhadores do prêmio PortaCurtas contemplados com exibição permanente no saite. Depois de suas duas apostas, Sete Minutos (também escolhido como melhor curta-metragem do Festival do Rio 2007) e Réquiem, o OUtroCine apresenta Esconde-Esconde, drama dirigido por Álvaro Furloni.

Esconde-Esconde

Sinopse
Amaro e Regina encontram diferentes maneiras de lidar com a morte do seu único filho.

Gênero Ficção
Diretor Álvaro Furloni.
Elenco Anderson Alves, Arduino Colasanti, Bárbara Herz, Luiz Aguiar, Susanna Kruger
Ano 2007
Duração 15 min
Cor P&B
Bitola 16mm
País Brasil


Ficha Técnica
Produção Aleques Eiterer, Davi Kolb, Samuel Strappa, Lígia Diogo, Álvaro Furloni, Alexandre Sivolella Barreiro Fotografia Daniel Bustamante, Helton Okada Roteiro Álvaro Furloni Montagem Eduardo Chavez Música Jesse Fox

Prêmios
Melhor Ator no Festival da Lapa 2007
Melhor Atriz no Festival da Lapa 2007
Melhor Filme no Festival da Lapa 2007
Melhor Roteiro no Festival da Lapa 2007

Festivais
Curta Cabo Frio 2007
Festival do Rio 2007
Perro Loco 2007


A fonte de origem do filme e os dados são do saite PortaCurtas

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Os três vencedores do PortaCurtas

Na mosca! As duas apostas do OUtroCine pra faturar o prêmio Porta Curtas conquistaram duas das três vagas. Os 16 curtas que, paralelamente, concorriam na Mostra Competitiva do Festival do Rio 2007, competiam pra ter sua exibição permanente no saite Porta Curtas. Os vencedores são os seguintes: Sete Minutos, Réquiem e Esconde-Esconde. Os dois primeiros podem ser conferidos aqui no OUtroCine.

Ganhadores do Prêmio Porta Curtas 2007

Durante o Festival do Rio, 16 curtas ficaram disponíveis para exibição e votação pelo público no Porta Curtas! Foram contabilizados 1030 votos e quase 7 mil exibições dos filmes. Conheça os 3 filmes que mereceram o Prêmio Porta Curtas no Festival do Rio 2007!

Fonte: PortaCurtas

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Curta Expõe Violência em Primeira Pessoa

Sete Minutos na pele de um traficante

Doom ambientado numa favela carioca. Essa é a primeira impressão ao se ver o excelente Sete Minutos, curta participante da Mostra Competitiva no Festival do Rio 2007. Pra quem não lembra, Doom, famigerado jogo de computador, sucesso nos anos 1990, é o título fundamental do gênero tiro em primeira pessoa. E é nesta estranha mescla de Doom com Cidade de Deus que se desenvolve a narrativa de Sete Minutos, filmado em plano-seqüência, onde acompanhamos o ponto de vista de um traficante disposto a acertar as contas com seu rival. A câmera subjetiva permite ao espectador mergulhar na triste e assustadora realidade dos morros do Rio de Janeiro (não diferente de qualquer periferia brasileira). Enxergar o dia-a-dia de uma guerra civil pode ser o que os governantes, a elite e aqueles que sobem o morro atrás de sua diversão não querem ver. Dirigido por Cavi Borges, Júlio Pecly e Paulo Silva, Sete Minutos é outra das apostas do OUtroCine pra faturar o prêmio Porta Curtas e ter sua exibição permanente no saite.

Yerko Herrera
Sete Minutos


Sinopse
Curta filmado em plano-sequência que mostra o acerto de contas entre dois traficantes. Exibido nos festivais: Cine PE 2007, Cinesul 2007, Guarnicê de Cine e Vídeo 2007, CineEsquemanovo 2007, II Festival Latinoamericano de Cortometrajes da Venezuela 2007.

Gênero Ficção
Diretor Cavi Borges, Júlio Pecly, Paulo Silva
Elenco Luciano Vidigal, Jonathan Azevedo, Ana Paula Rocha, Isabel Rodrigues, Zé Mario Faria, Marilia Coelho, Marcelo Mello Jr, Willian Josean
Ano 2007
Duração 7min
Cor Colorido
País Brasil


Ficha Técnica
Fotografia Paulo Camacho Roteiro Paulo Silva, Júlio Pecly Som Direto Michel Messer Edição de som Michel Cardoso Câmera Paulo Camacho Produção Executiva Gustavo Pizzi, Cavi Borges Montagem Gustavo Pizzi



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