quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Filmes Engajados

Documentários de combate
Com baixos orçamentos e cronogramas apertados, a Brave News produz filmes que denunciam a indústria da guerra, a corrupção política e o poder das corporações. E já diversificou sua linha de ação, quebrando o monopólio das grandes distribuidoras

por Christian Christensen

Boa parte do crédito para a revitalização da tradição dos documentários em geral – e de documentários políticos e ativistas em especial – foi atribuída ao fenomenal sucesso de bilheteria de Fahrenheit 11 de Setembro (2004), de Michael Moore, que arrecadou mais de US$ 120 milhões só nos EUA, e US$ 200 milhões no mundo. Embora tal sucesso tenha sido favorecido pelo êxito dos primeiros filmes de Moore, Roger e eu (1989) e Tiros em Columbine (2002), é preciso observar, também, que Fahrenheit 11 de Setembro foi – cronologicamente – acompanhado por uma série de outros documentários bem-recebidos, como Sob a névoa da guerra (“The fog of war” – de Errol Morris, 2003), The Corporation (de Mark Achbar & Jennifer Abbot, 2003), Central Al-Jazeera (“Control room” – de Jehane Noujaim, 2004), Super size me – a dieta do palhaço (de Morgan Spurlock, 2004), e Uma verdade inconveniente (“An inconvenient truth” – de Davis Guggenheim, 2006). O sucesso desses documentários em especial, já que a maioria deles foi considerada bem-sucedida, pode ser aferido às bilheterias. O ataque ao fast food em Super size me é um bom exemplo, pois a bilheteria, de US$ 11,5 milhões nos EUA, ultrapassou de longe o orçamento de US$ 65 mil.

Apesar do enfoque em filmes com certo grau de sucesso financeiro (principalmente quando se comparam os ganhos de bilheteria aos orçamentos de produção) ser um modo de abordar o recente crescimento dos documentários ativistas/políticos, tal análise tão segmentada excluiria um dos mais interessantes desenvolvimentos na produção, distribuição e exibição de documentários: o trabalho da Brave New Films e da Brave New Theaters, criadas em 2004 pelo cineasta de docume ntários e ativista político Robert Greenwald. Greenwald foi produtor e/ou diretor de vários documentários políticos: Iraq for sale: the war profiteers (2006), The big buy: Tom Delay’s stolen congress (2006), Wal-Mart: o alto custo do preço baixo (2005), Outfoxed: Rupert Murdoch’s war on journalism (2004), Unconstitutional: the war on our civil liberties (2004), Uncovered: the war on Iraq (2004) e Unprecedented: the 2000 presidential election (2002).

Pelos padrões convencionais da indústria de cinema, o filme de Robert Greenwald melhor recebido pela crítica, Outfoxed: Rupert Murdoch’s war on journalism (2004), com apenas 18 sessões e meros US$460 mil nas bilheterias, seria considerado, na melhor das hipóteses, um sucesso moderado. Além disso, os três filmes de Greenwald feitos após Outfoxed — Wal-Mart: o alto custo do preço baixo, The big buy: Tom Delay’s stolen congress, Iraq for sale: the war profiteers – quase não aparecem nas estatísticas da indústria de filmes nos EUA. O motivo por trás da falta de sucesso de bilheteria para os filmes de Greenwald, no entanto, não foi a falta de interesse do espectador, mas o fato de que ele estruturou a Brave New Films (produtora) e a Brave New Theaters (um site para coordenar sessões cinematográficas fora dos grandes centros) com o objetivo de criar uma produtora politicamente engajada, com distribuição/organização autônomas e capaz de suplantar um sistema altamente centralizado de distribuição e exibição de filmes.

A dedicação de Greenwald a documentários políticos talvez seja surpreendente, considerando-se seu passado como produtor/diretor de um razoável número de produções para televisão e filmes de massa em Hollywood. Há, porém, dois eventos que parecem ter influenciado a decisão do diretor de mergulhar no mundo da mídia ativista de baixo orçamento: as conseqüências dos ataques de 11 de setembro de 2001 e a reeleição de George W. Bush em 2004. Sobre o primeiro, Greenwald disse que a velocidade com que “luto e dor” se transformaram em “raiva e vingança” o deixou perturbado. “Tenho quatro filhos e eles influenciam em muito minhas decisões; achei que não poderia me olhar no espelho se não tentasse fazer alguma coisa”, acrescentou. E isso acabou resultando na criação, em 2004 (ano da eleição Bush contra Gore), da Brave New Films, empresa dedicada à produção do que Greenwald chama de “documentários instantâneos”, que tratam de questões políticas fundamentais nos Estados Unidos.

Em vez de se concentrar em produções de grande orçamento e cronograma de vários anos, Greenwald decidiu que o necessário eram documentários sobre “temas políticos atuais, filmados com baixo orçamento, mas com qualidade, lançados com rapidez e ligados ao ativismo político local de forma mais ampla”. Desde 2002, os filmes de Greenwald tratam de assuntos como a lucratividade da guerra, práticas trabalhistas ilegais e antiéticas, financiamento político corrupto nos EUA e do ultra conservador canal Fox News, de Rupert Murdoch.

São muitas as idéias centrais nas quais se baseiam os empreendimentos Brave New Films / Brave New Theaters. Entre elas encontramos: financiamento parcial de documentários de pequena escala, que pode ser obtido com contribuições de cidadãos comuns via internet; Documentários políticos de qualidade, que têm condições de serem produzidos rapidamente e com um orçamento limitado, para tratar de questões políticas e sociais cruciais; Internet como ferramenta de venda e distribuição direta de DVDs (evitando os oligopólios de comércio e aluguel); Internet como instrumento para coordenar sessões locais de filmes (sem os monopólios da distribuição e exibição de filmes); Sessões cinematográficas fora dos grandes centros, combinadas com outras fontes alternativas de informação (palestras em organizações sindicais e pacifistas, debates e também esforços para manter o ativismo).

Simplificando, a Brave New Films é uma produtora-guarda-chuva, sob a qual a Brave New Theaters opera. O que a difere de outras elaboradoras de filmes alternativos é a existência de um braço de distribuição. O conceito é simples: qualquer produtora, grupo ou pessoa que deseje registrar um filme ou DVD acessa o site (em agosto de 2007 havia 147 filmes listados) [1] e um link será colocado na página [2]. Se um indivíduo ou grupo estiver disposto, candidata-se a realizar uma sessão do filme, com a data e o local da exibição colocados no site. As apresentações podem ocorrer tanto em espaços grandes como pequenos, que variam de salas de palestras em faculdades a salas-de-estar residenciais, dentro ou fora dos Estados Unidos. Os possíveis espectadores comunicam sua intenção de comparecer. E, dessa forma, o produtor do filme, a Brave New Theaters e os coletivos envolvidos nas sessões podem medir o nível de interesse na película.

A filosofia por trás da combinação Brave New Films / Brave New Theaters era quebrar o poder das empresas de distribuição e exibição de filmes, oferecendo um sistema para a coordenação de sessões das obras disponíveis no site. Como disse Jim Miller, Diretor de Desenvolvimento da Brave New Foundation e organizador de Educação e Difusão do projeto Iraq for Sale, mais que um site para a simples venda de DVDs, a principal função é atrair exibidores potenciais para os filmes em questão, funcionando como uma ponte entre produtores, exibidores e ativistas.

Os longas e curta-metragens produzidos são também tratados como parte de uma estratégia política e educacional mais ampla. Quando perguntado se a Brave New Films teria interesse que seus filmes fossem exibidos em salas de cinema de alcance global, Jim Miller respondeu: “Não. Para nós, não faria sentido fazermos sessões de maior alcance. Não estamos buscando isso. Quero dizer, muitas pessoas e muitos cineastas fazem escolhas diferentes. Gostam de participar de festivais e tentar ganhar prêmios. Querem apresentar suas obras de em grandes cinemas. Não é isso o que nos motiva. Produzimos para que as pessoas tenham um ponto de partida para discutir um assunto, para aprender mais, para provocar mudanças”.

Em outras palavras, os filmes não devem ser considerados o produto final do projeto Brave New, mas o início de ações e debates políticos. Além de promover sessões locais de filmes por meio do site, eles coordenam e incentivam planos de atividades enfocados na pós-exibição. Isso inclui o envio de informações a exibidores sobre como a platéia pode participar depois do término do filme; o auxílio no contato com palestrantes que debatam o tema em questão (tais como veteranos da Guerra do Iraque, depois de exibições de Iraq for Sale); e o lançamento de “semanas especiais”, quando pessoas por todo o país poderiam (simultaneamente) ouvir o produtor Greenwald e outros discutirem o conteúdo do filme mediante links de vídeo e telefone [3].

Quem são as pessoas que “comandam” as exibições? O site Brave New Theaters contava com mais de 3.200 comitês e mais de 4.500 pessoas envolvidas no comando de ao menos uma sessão [4]. Segundo números da Brave New Films, Wal-Mart: o alto custo dos preços baixos (2005) teve, aproximadamente, 8.000 sessões nos Estados Unidos e, com base no sistema do site Brave New Theaters, mais ou menos 700 mil pessoas assistiram ao filme, sem nenhum lançamento em cinemas. Ainda assim, poucos coletivos encaram a exibição de filmes com comprometimento. Prova disso é que, dos 3.200 grupos cadastrados, apenas 18 realizaram mais de 10 sessões. A maior parte executou apenas uma.

Os dados dos grupos de exibição tornam difícil a identificação e classificação dos extratos da população que participam ativamente do projeto. No entanto, a Brave New tem grande participação de organizações políticas locais, coletivos antiguerra e de direitos humanos, sindicatos, associações trabalhistas, coligações religiosas e centros universitários. É interessante que, apesar da idéia de que a religião nos Estados Unidos está sempre voltada para a direita, a Brave New Films e a Brave New Theaters conseguiram mobilizar sessões e atividades políticas por meio da colaboração de igrejas e uniões religiosas. Isso ocorreu principalmente com o filme Wal-Mart: o alto custo do preço baixo, já que muitos dos funcionários mal-pagos da cadeia Wal-Mart são atuantes nas igrejas da comunidade latina nos EUA. Para eles, o tratamento injusto (e às vezes criminoso) dispensado aos funcionários da rede é uma questão de moralidade e ética, tanto quanto uma questão política.

Apesar do sucesso, Greenwald e seus colegas não estão satisfeitos em se limitarem à produção e distribuição de documentários. Um novo braço da família — a Brave New Foundation —, foi criada para permitir que cidadãos comuns tenham a oportunidade de participar dos diferentes aspectos do processo de realização de um filme — outro exemplo da determinação de Greenwald em democratizar a produção de mídia. Um importante projeto da Brave New Foundation foi o Iraq Veterans Memorial [Memorial dos Veteranos do Iraque] [5], um site aberto na internet em 19 de março: o quarto aniversário do início do conflito. Ele traz vídeos-homenagens de familiares, amigos, colegas de trabalho e colegas militares para os soldados que perderam a vida durante a invasão.

Enquanto a mídia de massa nos Estados Unidos (e no mundo) continua a promover reality-shows como Big Brother, Pop Idol e Survivor, Greenwald e seus colegas provam que produções de mídia baseadas na realidade e com baixo orçamento podem fazer mais do que meramente entreter o público entre os comerciais. Como o próprio Greenwald disse: “Contar histórias em geral, independente da forma e do mecanismo de distribuição, é uma ferramenta muito importante para o progresso. Jamais conseguiremos apresentar nossa ideologia do modo como a direita o faz, nas declarações simplistas dos políticos, mas acho que temos maravilhosas histórias humanas que tocam e conectam. É assim que vejo meu papel e meu trabalho na Brave New Films. E vou continuar fazendo isso”.


[1] Apesar do nome Brave New Theaters, a maioria dos filmes listados no site não foi produzida pela Brave New Films.

[2]
Acesse

[3] Tais atividades extras não são preparadas para todos os filmes disponíveis no site Brave New Theaters, mas para os filmes produzidos por Greenwald e pela Brave New Films.

[4] Números atualizados em outubro de 2006.

[5]
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Fonte: LeMondeDiplomatique

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Tropa de Elite sob ótica ceticista

Por uma leitura cética de Tropa de Elite
por Jason Manuel Carreiro


“Bombs are flying while we’re sleeping with the enemy.”

(R. Schenker, J. Michael, D. Child, John 5 – Humanity Hour 1)


“As bombas estão voando, enquanto dormimos com o inimigo”. A frase pode parecer batida, mas nunca soou tão próxima, nunca fez tanto sentido. Afinal, após ver o filme brasileiro mais polêmico dos últimos anos, Tropa de Elite (Brasil, 2007, Direção de José Padilha), muita gente foi arrebatada por um furor imenso, como se tivessem acordado de um sonho. Faz tempo que não vejo um filme provocar tanta discussão, seja na televisão, na internet ou nos periódicos impressos. E tudo porque quem assistiu ao filme, acordou de um longo sono: cada ato desdobra-se numa série intrincada de relações. Perceberam que somos todos responsáveis pelo que fazemos, que somos responsáveis por aqueles com quem convivemos, e, como dizia o filósofo lituano Emmanuel Lévinas, somos sempre responsáveis por um terceiro, seja ele quem for.

Pois Tropa de Elite foi capaz de fazer com que celebridades, estudantes, jornalistas, acadêmicos, etc. se confrontassem em embates ideológicos dos mais diversificados, alguns, em minha opinião, muito bons, outros, nem tanto.

Uns chamaram a atenção para o clima de guerra vivido nas favelas do Rio, outros destacaram a intrincada rede criminosa que comanda as favelas. Alguns reclamaram da truculência policial, chegando ao absurdo ponto de chamar o filme de reacionário, como se ele fosse panfletário da tortura, dos maus-tratos policias. Outros defenderam o filme, o elevaram à categoria de grande arte, outros, horrorizados, começaram a pensar em que medida eles próprios financiam o tráfico, em que medida são (somos) responsáveis por esta complicada rede.

O mérito do filme, a meu ver, consiste justamente nisso: assim como o excelente Ônibus 174 (do mesmo diretor), ele nos proporciona uma série de indagações interessantíssimas, nos levou à reflexão (algo não muito comum no cinema contemporâneo consumido pelo grande público). Só não vi, ainda, nenhuma leitura cética acerca do filme. E é esta leitura a que me parece a mais adequada.

Muito se associa o ceticismo a alguma espécie de pessimismo, niilismo, como ocorre num conhecido artigo de Affonso Romano de Sant’anna: para o poeta, “o cético não faz história”. Realmente o cético não faz história, e isso não é lá algo ruim. O cético está na história não para tomar partido, mas para se jogar à incansável aventura do pensar, não tomando partido em favor de um ou outro, mas permitindo-se aventurar pelo paradoxo entre uma coisa e outra. Há uma diferença entre o ceticismo Pirrônico e Socrático (de saber que nada se sabe) e o ceticismo moderno (que não toma partido entre um lado ou outro, apenas cumpre o seu compromisso de conduzir à reflexão, entre um lado ou outro).

Pois a transformação do policial André Matias (vivido, brilhantemente, diga-se, pelo ator André Ramiro) de um sujeito inteligente, comedido, dedicado, num truculento policial do BOPE, parece-me a ilustração de que não há verdades no mundo em que possamos nos apoiar. Afinal, ninguém poderia imaginar que o quase pacato policial militar e estudante de Direito pudesse ceder a um impulso vingativo frio, e não digo muito mais para não arruinar com a expectativa de quem ainda não viu o filme. Quem viu, entenderá bem o que quero dizer.

Pois não se trata de tomar partido junto dos traficantes, não se trata de vibrar com a ação violenta dos policiais – trata-se, muito mais, de um belo convite à reflexão. E nisso, o filme é muito bem-sucedido. Apenas lamento àqueles que tentam encerrar as questões, lamento que eles se engalfinhem e gastem seus neurônios com teorias diversas, no intuito de chegar a algum lugar, no intuito de defender pontos de vista. Não perceberam, mas estão imersos num cenário de guerra iminente, ao tentar defender um lado ou outro. Deveriam usar as teorias para brincar, fazer uma ciência alegre, aliar reflexão à vida. Espanta-me aqueles que defendem a tortura como modo de repressão, embora eu concorde que não dá pra encarar bandidos com flores. Há alguma solução viável? Há algo que se possa fazer? Muito já se disse que “descriminalizar” as drogas seria uma solução. Será mesmo? Não sei responder às questões. Como diz o professor da UERJ e escritor Gustavo Bernardo Krause, quando crescer, quero ser cético. Não posso encerrar as questões, não quero guerrear. E veja, não posso ser acusado de covarde. Afinal, o meu compromisso é com o pensar. O meu compromisso é com as interrogações, e lamento, muito mesmo que professores tentem impor as suas visões sobre o filme para os alunos, que pessoas escrevam cartas dizendo que o filme é “de direita” como se ele fosse um panfleto, que pessoas digam que isso ou aquilo é a solução para os problemas. Estas pessoas esquecem-se de que o filme é uma obra de arte, convite à reflexão, e que o caminho percorrido quando elaboramos questões, é muito mais importante do que, propriamente, responder a essas questões.

E se esquecem de que este é o papel da boa arte, como é o filme Tropa de Elite: nos convidar a refletir, discutir, sem tentar esgotar as questões, pois não há respostas definitivas. É à deliciosa aventura do pensar que devemos convidar os nossos jovens, mostrando-lhes diversas possibilidades e caminhos que possam percorrer no intuito de dialogar com o todo da nossa cultura. Afinal, nos posicionar sobre determinado assunto é necessário, mas impor o nosso ponto de vista, isso sim, é reacionário.

Podem até dizer que estou caindo em contradição, os polemistas (sempre os há) dirão que caí na minha própria armadilha, escrevendo esta exortação ao ceticismo. Daí afirmar que quero ser cético quando crescer, pois o ceticismo, pleno, é mesmo impossível. E como jamais vou crescer, fico à vontade para dizer que este texto não é uma exortação ao ceticismo – é apenas mais um convite à reflexão. Não entendeu? Que tal reler?


Jason Manuel Carreiro (Belo Horizonte, MG). Escritor, professor de Filosofia, literatura e língua inglesa. Doutorando em Letras, na PUC Minas, Belo Horizonte, MG. E-mail: jasoncarreiro@hotmail.com

Fonte:
Cronópios

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Inovação Chilena: Milhares de versões do mesmo filme

Foto: Homero Monsalves, El Mercurio
Willy Semler, protagonista no projeto experimental ''Papá''.


"Papá", o filme chileno com três milhões de versões

SANTIAGO - Doze horas de projeção contínua marcaram a estréia de "Papá o 36 mil juicios de un mismo suceso", o novo projeto do Coletivo Sure, que oferece uma versão diferente da sua história cada vez que o filme volta a começar.


Leo Medel e Juan Pablo Fernández, produtor e diretor do filme, conversaram com o jornal El Mercurio Online para explicar a forma que se desenvolveu sua produção, ainda que brinquem e recordem que a tarefa de apresentar seu trabalho os tenha obrigado muitas vezes a usar sua habilidade de desenhistas para que os entendam.

Entretanto, sentados na sala de imprensa do Festival de Cine de Viña del Mar, se concentram e voltam a colocar em palavras a estrutura que da vida à "Papá", que deixa de lado os tradicionais rolos de película e usa como suporte o DVD.

O Coletivo filmou três versões distintas da sua história e as dividiu em uma série de partes, em seguida um engenheiro criou um software que está incorporado ao DVD e constrói cada fragmento do relato de forma aleatória usando alguma das três possibilidades que possui. Isto evita que o roteiro perca a ordem que tem e, por exemplo, o fim da história se veja ao princípio ou ao contrário.

"Guardando as proporções, sinto que a forma (na qual está feita "Papá") é super parecida à “Os Detetives Selvagens”, de Rorbeto Bolaño (escritor chileno comparado a autores pertencentes à Geração Beat), onde a história vai se contanto desde a perspectiva de cada personagem", comenta Medel.

Em Vinã del Mar, por exemplo, nas doze horas que durou a projeção contínua de "Papá", puderam-se ver oito versões, "porém, o programa, pode gerar mais de três milhões de histórias diferentes", acrescenta Medel.

Fernández recorda uma anedota que lhes sucedeu com uma senhora na Ciudad Jardín, que assistiu o filme quatro vezes, com pausa para o almoço incluída, e comparou "Papá" com uma novela, porque a razão de ficar tantas horas frente à tela foi na tentativa de investigar o que ocorria com alguns personagens que apareciam brevemente e logo desapareciam.

Seus realizadores recordam que a idéia de realizar um trabalho como este nasceu quando chegaram os primeiros DVDs ao Chile, que permitiam ver diversos finais de um filme, por exemplo, e eles sentiram que a tecnologia digital podia dar-lhes novas possibilidades de fazer coisas.


A história central

Apesar das múltiplas versões que se poderiam assistir, o roteiro desta produção está baseada em mostrar a história de um professor universitário (Willy Semler), que mantém uma relação secreta com uma aluna (Mariela Mignot), até ser descoberto por sua filha Rocío (Macarena Losada).

Semler é o mais veterano do grupo realizador de "Papá", inclusive interpreta duas canções da trilha sonora, porém confia no projeto e acredita que os integrantes do Coletivo Sure darão o que falar.

A idéia do Sure é estrear "Papá" no ano que vem, no entanto, já estão trabalhando em seu próximo projeto, que será dirigido por Fernández e já tem título: "Tchau".


Fonte: Emol

Papa o 36 mil juicios de un mismo suceso - Trailer 1


Papa o 36 mil juicios de un mismo suceso - Trailer 2

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Tropa de Elite Gera Questionamentos

Herói torturador
por Ana Paula Sousa

Tropa de Elite vira fenômeno cultural e faz pensar sobre as razões que levam o público a aplaudir o policial violento em nossa sociedade



Kid Tattoo, tatuador da comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, fez uma ponta em Tropa de Elite. Ficou tão famoso que foi convidado a abrir outra loja num condomínio de classe média. “O ibope do DVD foi muito alto. Não tem mais quem não me conheça. Fui agora mesmo pegar a chave da loja nova”, diz, cheio de orgulho, o jovem que, no filme, tatua a “faca na caveira” num policial do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope).

O apresentador Luciano Huck, depois de ter o Rolex roubado, clamou: “Chamem o capitão Nascimento”. Referia-se ao policial encarnado pelo ator Wagner Moura, que tortura e atira sem dó. No camelódromo da rua Uruguaiana, no centro do Rio, o Bope virou hit. Além da famosa pirataria do filme, há bonequinho com cara de capitão Nascimento.

No último fim de semana, num baile à fantasia em Jacarepaguá, fardas a imitar os homens de preto brasileiros fizeram sucesso. Tropa de Elite estreou nos cinemas de São Paulo e do Rio de Janeiro nesta sexta-feira 5. Mas já foi visto, replicado, adorado e atacado por gente de todo o Brasil.

Estima-se que 1 milhão de DVDs piratas tenham sido vendidos. As cópias das cópias são incalculáveis. No Rio, é difícil cruzar com alguém que não tenha visto o filme. Seja no bar Belmonte, no Flamengo, seja em Cidade de Deus, onde a cópia foi exibida na feira, na barbearia, nas casas todas, o filme acirra os ânimos.

Em São Paulo, no Aeroporto de Congonhas, um taxista viu, nas mãos da repórter, a capa do pirateado Tropa de Elite 3, um documentário superviolento e primário, feito pela própria polícia. Não resistiu. “Você me empresta pra eu gravar?

Prometo devolver. Te deixo meu telefone, meu RG, tudo.” No Nordeste, também há Tropa de Elite para todo lado. No alto sertão paraibano, na cidade de Sousa, há três semanas, um morador se espantou: “Nossa, você é jornalista e nãoviu o filme? Tem de ver”.

Que Brasil é este que aderiu de maneira radical ao longa-metragem dirigido por José Padilha? Que filme é este que perdeu o controle da própria feitura, sendo pirateado ainda incompleto? Que sociedade é esta que viu no capitão Nascimento um herói salvador?

Leia toda a reportagem em CartaCapital Edição 465


Fonte: CartaCapital


Tropa de Elite - Trailer

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Curta Esconde-Esconde

A dor da perda
Confira o terceiro dos três ganhadores do prêmio PortaCurtas contemplados com exibição permanente no saite. Depois de suas duas apostas, Sete Minutos (também escolhido como melhor curta-metragem do Festival do Rio 2007) e Réquiem, o OUtroCine apresenta Esconde-Esconde, drama dirigido por Álvaro Furloni.

Esconde-Esconde

Sinopse
Amaro e Regina encontram diferentes maneiras de lidar com a morte do seu único filho.

Gênero Ficção
Diretor Álvaro Furloni.
Elenco Anderson Alves, Arduino Colasanti, Bárbara Herz, Luiz Aguiar, Susanna Kruger
Ano 2007
Duração 15 min
Cor P&B
Bitola 16mm
País Brasil


Ficha Técnica
Produção Aleques Eiterer, Davi Kolb, Samuel Strappa, Lígia Diogo, Álvaro Furloni, Alexandre Sivolella Barreiro Fotografia Daniel Bustamante, Helton Okada Roteiro Álvaro Furloni Montagem Eduardo Chavez Música Jesse Fox

Prêmios
Melhor Ator no Festival da Lapa 2007
Melhor Atriz no Festival da Lapa 2007
Melhor Filme no Festival da Lapa 2007
Melhor Roteiro no Festival da Lapa 2007

Festivais
Curta Cabo Frio 2007
Festival do Rio 2007
Perro Loco 2007


A fonte de origem do filme e os dados são do saite PortaCurtas

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Os três vencedores do PortaCurtas

Na mosca! As duas apostas do OUtroCine pra faturar o prêmio Porta Curtas conquistaram duas das três vagas. Os 16 curtas que, paralelamente, concorriam na Mostra Competitiva do Festival do Rio 2007, competiam pra ter sua exibição permanente no saite Porta Curtas. Os vencedores são os seguintes: Sete Minutos, Réquiem e Esconde-Esconde. Os dois primeiros podem ser conferidos aqui no OUtroCine.

Ganhadores do Prêmio Porta Curtas 2007

Durante o Festival do Rio, 16 curtas ficaram disponíveis para exibição e votação pelo público no Porta Curtas! Foram contabilizados 1030 votos e quase 7 mil exibições dos filmes. Conheça os 3 filmes que mereceram o Prêmio Porta Curtas no Festival do Rio 2007!

Fonte: PortaCurtas

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Curta Expõe Violência em Primeira Pessoa

Sete Minutos na pele de um traficante

Doom ambientado numa favela carioca. Essa é a primeira impressão ao se ver o excelente Sete Minutos, curta participante da Mostra Competitiva no Festival do Rio 2007. Pra quem não lembra, Doom, famigerado jogo de computador, sucesso nos anos 1990, é o título fundamental do gênero tiro em primeira pessoa. E é nesta estranha mescla de Doom com Cidade de Deus que se desenvolve a narrativa de Sete Minutos, filmado em plano-seqüência, onde acompanhamos o ponto de vista de um traficante disposto a acertar as contas com seu rival. A câmera subjetiva permite ao espectador mergulhar na triste e assustadora realidade dos morros do Rio de Janeiro (não diferente de qualquer periferia brasileira). Enxergar o dia-a-dia de uma guerra civil pode ser o que os governantes, a elite e aqueles que sobem o morro atrás de sua diversão não querem ver. Dirigido por Cavi Borges, Júlio Pecly e Paulo Silva, Sete Minutos é outra das apostas do OUtroCine pra faturar o prêmio Porta Curtas e ter sua exibição permanente no saite.

Yerko Herrera
Sete Minutos


Sinopse
Curta filmado em plano-sequência que mostra o acerto de contas entre dois traficantes. Exibido nos festivais: Cine PE 2007, Cinesul 2007, Guarnicê de Cine e Vídeo 2007, CineEsquemanovo 2007, II Festival Latinoamericano de Cortometrajes da Venezuela 2007.

Gênero Ficção
Diretor Cavi Borges, Júlio Pecly, Paulo Silva
Elenco Luciano Vidigal, Jonathan Azevedo, Ana Paula Rocha, Isabel Rodrigues, Zé Mario Faria, Marilia Coelho, Marcelo Mello Jr, Willian Josean
Ano 2007
Duração 7min
Cor Colorido
País Brasil


Ficha Técnica
Fotografia Paulo Camacho Roteiro Paulo Silva, Júlio Pecly Som Direto Michel Messer Edição de som Michel Cardoso Câmera Paulo Camacho Produção Executiva Gustavo Pizzi, Cavi Borges Montagem Gustavo Pizzi



Visite o saite PortaCurtas para ver outros curtas-metragens, inclusive, os da Mostra Competitiva do Festival do Rio 2007. Lá é possível votar no filme que mais lhe agradar.

A fonte de origem do filme e os dados são do saite PortaCurtas

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Curta Festival do Rio 2007 - Réquiem

O Porta Curtas está promovendo uma votação online com os 16 curtas-metragens concorrentes do Festival do Rio 2007. O internauta assiste, em primeira mão, aos curtas competidores desta edição do festival e pode votar no seu preferido. Os três vencedores do prêmio Porta Curtas serão contratados para exibição permanente no saite.

Assista alguns destes filmes e veja a qualidade dos curtas em competição.

Réquiem

Réquiem, concorrente do Festival do Rio 2007, é uma comovente animação dirigida por Felipe Duque, com desenhos de Lourenço Mutarelli. Duque promove a adaptação para o cinema de uma história autobiográfica, homônina, de Lourenço Mutarelli, reconhecido autor nacional de histórias em quadrinhos e também autor do livro O Cheiro do Ralo, que deu origem ao filme de mesmo nome estrelado pelo ator Selton Mello. Com texto e desenhos de Mutarelli, que também faz a narração, Réquiem, em tom documental, exibe a alma atormentada de seu escritor, abalado por um acontecimento do passado que o fez ir ao fundo do poço, deixando-o mais descrente com a vida e, principalmente, com o ser humano. Confira abaixo o emotivo relato de Lourenço Mutarelli, aposta do OUtroCine pra faturar o prêmio Porta Curtas.

Réquiem


Sinopse
Réquiem é a adaptação para o cinema da história autobiográfica de mesmo nome de Lourenço Mutarelli, autor de HQs. É uma outra possibilidade documental feita através dos desenhos e referências pessoais do autor.

Gênero Animação / Documentário
Diretor Felipe Duque
Elenco Animação
Ano 2007
Duração 10min
Cor Colorido
País Brasil


Ficha Técnica
Produção Mariana Abbade Fotografia Frederico Borba Roteiro Lourenço Mutarelli Animação Felipe Araújo Montagem Ivan de Angelis Música Bruno Marcus, Marcos Braz



Visite o saite PortaCurtas para ver outros curtas-metragens, inclusive, os da Mostra Competitiva do Festival do Rio 2007. Lá é possível votar no filme que mais lhe agradar.

A fonte de origem do filme e os dados são do saite PortaCurtas