sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Curta Cuba - Sueño de Mosk

Existe alguma liberdade do lado de fora da janela? Qual a liberdade cerceada do lado de dentro desta janela que tanto se fala? Somos mais livres além da janela? Sueño de Mosk é uma animação cubana em 3d que traz uma instigante metáfora. Com história, animação e montagem de Bruno Rodriguez, o curta-metragem tem como protagonista uma mosquinha que faz esforço descomunal para atravessar a janela fechada. Assista Sueño de Mosk no reprodutor abaixo.



Sueño de Mosk



Sinopse
Mosca esforça-se para fugir além da janela.

Gênero Animação
Diretor Bruno Rodriguez
Ano 2005
Duração 1'55''
Cor Colorido
País Cuba

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Curta Manual para Atropelar Cachorro

Vale lembrar que trabalhar demasiadamente faz mal à saúde. Associar falta de férias, tédio e solidão pode causar resultados desastrosos ao equilíbrio mental. Veja isso no premiado curta Manual para atropelar cachorro.





Manual para Atropelar Cachorro

Sinopse

De onde vem a maldade humana? O que leva alguém a cometer atos de crueldade? O mundo visto por uma mente doente, enlouquecida em uma cidade grande qualquer. Síndromes Urbanas.

Gênero Ficção, CONTEÚDO ADULTO
Diretor Rafael Primo
Elenco Ary França, Bárbara Paz, Cynthia Falabella, Rafael Primo, Rodrigo Frampton, Rubens Ewald Filho, Tuna Dwek, Zezé Polessa
Ano 2006
Duração 18 min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Brasil


Ficha TécnicaProdução Daniel Gaggini Fotografia Marcio Langeani Roteiro Rafael Primo Som Direto Paulo Seabra Direção de Arte Manu Ferrari Animação Tiago Taboada Trilha original Morris Picciotto Figurino Carol Bertier, Davi Vale Pós-produção Daniel Gaggini Trilha Sonora Morris Picciotto, Dan Nakagawa

Prêmios
Melhor Ficção no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2007
Grande Prêmio U-Matic no Festival de Curtas de São Paulo 2006
Os 10 Mais - Escolha do Público no Festival de Curtas de São Paulo 2006
Prêmio Cachaça Cinema Clube no Festival de Curtas de São Paulo 2006
Melhor Filme - Crítica no Festival de Gramado 2006
Melhor Filme - Júri Popular no Festival de Gramado 2006
Prêmio aquisição Canal Brasil no Festival de Gramado 2006
Prêmio Revelação no Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira 2006
Melhor Filme - Júri Popular no Mostra de Cinema de Londrina 2006
Melhor Ator no Vitória Cine Vídeo 2006
Melhor Atriz no Vitória Cine Vídeo 2006
Melhor direção no Vitória Cine Vídeo 2006
Melhor Montagem no Vitória Cine Vídeo 2006

Festivais
Curta Cinema 2006
Exground Filmfest 2006
Festival de Cinema Universitário da UFF-RJ 2006
Festival do Rio 2006
Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte 2006
Festival Internacional de Curtas de São Paulo 2006
Mostra de Cinema de Tiradentes 2007
Mostra do Audiovisual Paulista 2006
Mostra do Filme Livre 2007
Short Film Market 2006


Filme do PortaCurtas

Postagem originalmente produzida para o blogue Música&Poesia

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Contrariando expectativas Tropa de Elite fatura Berlim

Cinema brasileiro: festa em Berlim

O cinema brasileiro fez bonito na 58ª edição do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale. “Tropa de elite”, de José Padilha, ganhou o prêmio maior do júri, o Urso de Ouro, e mais três filmes nacionais ganharam prêmios ou menção honrosa.

por Flávio Aguiar para a Agência Carta Maior

Contrariando as expectativas e os prognósticos dos críticos de cinema convencionais da imprensa de Berlim, que apontavam “There will be blood” (“Sangue negro”), de Paul Thomas Anderson (que tem 8 indicações para o Oscar) como favorito, o filme “Tropa de Elite”, de José Padilha ganhou o Urso de Ouro, o grande prêmio do júri, presidido pelo cineasta grego Costa-Gavras.

Anteriormente o filme “Central do Brasil”, de Walter Salles, ganhara o Urso de Ouro, um dos prêmio mais cobiçados do mundo. Na mesma edição, Fernanda Montenegro ganhou o prêmio de melhor atriz. Desta vez, três outros filmes brasileiros foram destacados pelos diferentes júris do festival: “Café com leite”, de Daniel Ribeiro, ganhou o Urso de Cristal na categoria de curtas para jovens; “Mutum”, de Sandra Kogut, ganhou menção honrosa na categoria de filmes infanto-juvenis; e “Ta”, de Felipe Scholl, ganhou o prêmio especial Teddy, de filmes de temática homossexual, uma originalidade do festival de Berlim.

Assim como no Brasil, a recepção de “Tropa de Elite” em Berlim foi controversa. Houve quem apontasse o filme como de tendências fascistas, ou que mostraria tendências fascistas do público brasileiro.
Padilha e Wagner Moura, que interpretou o capitão Nascimento e que também esteve em Berlim, passaram o tempo inteiro defendendo ambos, o filme e o público brasileito. Conversei com os dois na recepção que a Embaixada Brasileira ofereceu aos cineastas, com um jantar na residência do Embaixador, além de uma coletiva de imprensa alguns dias depois.

Padilha enfatizou que para ele a consideração de seu filme como excitando tendências fascistas foi mais um fenômeno de imprensa do que de público. Segundo ele, tudo começou na estréia do filme, quando artistas e técnicos presentes aplaudiam as cenas pelo trabalho dos atores, não pelo conteúdo das imagens. Um jornal publicou que os presentes aplaudiam as cenas de tortura e violência enquanto tais. Houve o desmentido, que o jornal publicou. Mas a temática se espalhou feito rastilho de pólvora. Ainda segundo Padilha, ele freqüentou dezenas de sessões do filme, em universidades e associações de bairro, e ninguém aplaudiu a violência nem considerou o capitão Nascimento um herói.

A mesma opinião teve Wagner, ressaltando que estranhara, a princípio, que os jornalistas alemães não perguntaram muito sobre a situação brasileira, mas sim sobre sua preparação como ator, que, aliás, foi meticulosa, passando por três meses de treinamento no próprio Bope. De todo modo, os dois tiveram sucesso na sua defesa, pois hoje a conclusão geral em Berlim foi a de que, por mais controverso que o filme seja, ele não é nem excita fascismos. Costa-Gavras que o diga.

Na verdade, o filme de Padilha foi também atingido, no Brasil, pela exibição indevida de sua cópia pirata. “Tropa de elite”é um filme feito para ser visto no cinema. Há certos detalhes que só a tela grande e um sistema perfeito de reprodução da trilha sonora podem tornar evidente. Por exemplo: quando o amigo de Baiano, o traficante, é baleado no final, gotas de seu “sangue” respingam na lente da câmera, que continua filmando com essa “cicatriz” que mistura realidade e ficção. De outra parte, só num sistema de som excelente se percebem as nuances da narrativa irônica de Nascimento, que narra a história a partir de um sistema de valores no qual não acredita mais.

Uma perspectiva interessante é a de analisar o filme a partir de uma tradição muito específica do cinema brasileiro, que é a de focalizar situações de violência “sem solução” para os personagens. A única saída é exatamente “sair” daquele cenário, o que também se explorou na literatura. Assim é com “Vidas secas”, (romance e filme), com “Pedra Bonita”, de José Lins do Rego, com o filme “O cangaceiro”, de Lima Barreto, que ganhou a palma de Cannes em 1953 como melhor filme estrangeiro, e também com o moderno “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles. Além disso, o capitão Nascimento, como agente da repressão que entra em crise existencial, tem antecedente no enigmático Antonio das Mortes, de Glauber Rocha, nos filmes “Deus e o Diabo na terra do sol” e “O santo guerreiro contra o dragão da maldade”, exibido no mundo inteiro com o nome do protagonista. Mas isso é tema para um ensaio mais alentado, que oportunamente poderei tentar.

Padilha me contou que um jornalista brasileiro tentou convencê-lo a tirar uma foto no ponto de trem em que os judeus eram embarcados para os campos de concentração. Entre surpreso e enojado, ele se recusou a tal pantomima sinistra. Ainda bem, para ele e o cinema brasileiro. Hoje há festa em Berlim. Como na copa de 58, ninguém a princípio esperava que o Brasil levasse. Mas levou.


Fonte: AgênciaCartaMaior

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Fomento à Produção Audiovisual

Sete editais abertos até 29 de fevereiro
Restam 15 dias para inscrições em editais audiovisuais

por Priscila Delgado

Termina em 29 de fevereiro o prazo para inscrições nos sete editais de fomento à produção audiovisual abertos pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Os cinco editais destinados a curta-metragens apoiarão 80 produções. O edital de roteiros premiará a criação de cinco obras e o concurso para filmes de longa metragem de baixo orçamento permitirá a produção de cinco filmes de R$ 1 milhão cada.

O total de recursos mobilizados para o apoio às produções é de R$ 9.8 milhões.

Os concursos apoiarão:

Edital 01/2007 - Curta-metragem Animação
Obras apoiadas - 10
Valor Unitário - R$ 60 mil
Regionalização - Pelo menos 1 por região

Edital 02/2007 - Curta-metragem para Egressos ou Participantes de Projetos Sociais
Obras apoiadas - 20
Valor Unitário - R$ 30 mil
Regionalização - Pelo menos 2 por região

Edital 03/2007 - Curta-metragem Ficção, Documental ou Experimental
Obras apoiadas - 20
Valor Unitário - R$ 80 mil
Regionalização - Pelo menos 2 por região
Estreantes - No mínimo 8

Edital 04/2007 - Curta-metragem Infanto-juvenil
Obras apoiadas - 20
Valor Unitário - R$ 60 mil
Regionalização - Pelo menos 2 por região

Edital 05/2007 - Desenvolvimento de Roteiros
Obras apoiadas - 10
Valor Unitário - R$ 50 mil
Regionalização - Pelo menos 1 por região
Estreantes - No mínimo 4

Edital 06/2007 - Longa-metragem de Baixo Orçamento
Obras apoiadas - 5
Valor Unitário - R$ 1 milhão
Estreantes - No mínimo 2

Edital 07/2007 - Desenvolvimento de Série de Animação para TV
Obras apoiadas - 10
Valor Unitário - R$ 30 mil
Regionalização - Pelo menos 1 por região

Regionalização das políticas públicas

Respeitando o princípio de regionalização das políticas públicas, seis dos sete editais prevêem que haverá pelo menos uma proposta selecionada em cada uma das cinco regiões brasileiras - Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Inéditos

Esta é a primeira edição dos Editais de nº 2, voltado para curtas-metragens de Egressos ou Participantes de Programas Sociais, e o de nº 7, voltado ao Desenvolvimento da Série de Animação para Televisão.

Estes concursos foram lançados para atender demandas da sociedade civil. O edital destinado a integrantes de programas sociais foi uma reivindicação encaminhada por representantes do 1º Fórum de Experiências Populares em Audiovisual (FEPA), realizado no Rio de Janeiro em junho de 2007, solicitando a extensão dos editais da SAv também para os núcleos populares de formação audiovisual, tais como grupos coletivos de produção, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) e Organizações não Governamental (Ongs).

O Edital nº 02/2007 é fruto de uma política de estímulo à produção de animação que vem sendo desenvolvida desde a assinatura do convênio Brasil-Canadá, com ênfase no cinema de animação, em 1985.
Leia mais.

Todos os editais podem ser acessados através da página do Ministério da Cultura na Internet, no link
Editais e Premiações.

(Priscila Delgado, Secretaria do Audiovisual)


Fonte: MinC

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Fim de expediente, começo da criação

Para dar vazão ao pensamento

O que faz do homem homem? Sua força de trabalho ou sua criatividade? O que um ser humano é capaz de fazer para ter voz e dar vazão a sua criação?

As Palavras de um Faminto


Sinopse
Wallace, morador de uma região simples, consegue expressar seu mundo através de um pequeno passeio em que faz, começando pelo seu sonho enquanto dorme até a sua completa realização, onde numa casa parado com seu principal meio de comunicação tenta transmitir todo o seu sentimento.

Gênero Experimental
Diretor Arthur Moura
Elenco Wallace Carvalho e De Leve
Ano 2007
Duração 8 min
Cor Preto e Branco
Bitola Mini DV
País Brasil

Ficha Técnica
Produção Arthur Moura Fotografia Arthur Moura Roteiro Arthur Moura Som Direto Arthur Moura Direção de Arte Arthur Moura Montagem Arthur Moura Música China

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Curta Nacional Pormenores

Pormenores - As Minúcias de um Relacionamento em Crise
O não dito pode ferir mais do que o dito. O silêncio machuca mais do que o grito. Um gesto, um olhar, uma atitude, ou a ausência deles, podem ser uma chaga maior do que o insulto. Assista o curta-metragem paulista Pormenores e descubra que a sutileza também pode causar estragos.

Yerko Herrera
Pormenores



Sinopse
O retrato de um relacionamento em crise através de pequenos gestos e atitudes durante um café da manhã.


Gênero Ficção
Diretor Flávio Frederico
Ano 2000
Duração 5 min
Cor P&B
Bitola 35mm
País Brasil



Postagem originalmente publicada no blogue Música&Poesia

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Garage - O Mito do Homem Bom

Garage: o mito do homem bom
Filme irlandês premiado em Cannes traça, delicado e flertando com o humor negro, o retrato de um ser solitário, que não tem idéias próprias nem opiniões divergentes. Alguém tão puro que não encontrou seu lugar na sociedade

por Bruno Carmelo para o Diplô
Garage: Josie (Pat Shortt) - foto divulgação
Mais do que a história de um evento, o filme irlandês Garage, premiado em Cannes, conta a história de um homem só: trata-se de Josie, que trabalha no posto de gasolina de uma cidade minúscula, na Irlanda. Ele é um sujeito limítrofe, de pensamento e gestos lentos; e estranha incapacidade de enxergar maldade ou malícia no mundo em torno de si.

Há várias maneiras de refletir sobre esse personagem fantástico, primeiramente em seu caráter invisível. Josie é o homem que está sempre lá, trabalhando, sorrindo e respondendo educamente às perguntas que lhe fazem. Ele não tem idéias próprias nem opiniões divergentes. Na cidadezinha em questão, ele faz parte da paisagem; e sua presença física se incorpora às bombas de gasolina e aos cabos do posto. Nesse sentido, o filme lhe rende justiça, ao pôr em evidência os excluídos e vingar os sujeitos que não ganham nossa atenção quando andamos pela rua.

Josie é também o retrato do homem solitário. Ele é cercado de conhecidos, mas não mantém relações próximas com nenhum deles. Ele não tem esposa, nem filhos. Somente um irmão distante é citado ao longo de toda a narrativa. Uma cena é exemplar: ele é procurado por um senhor viúvo para conversar. Esse outro solitário, que só quer alguém que o escute, vê em Josie uma figura equivalente. Mesmo o garoto que Josie é incumbido de treinar representa o nerd — excluído do grupo de adolescentes da sua idade. Juntos, pintam um painel do homem triste e marginalizado.

Por fim, Josie encarna o homem que não conhece as regras sociais. Ele não sabe como se portar em sociedade, como fazer amigos, como se impor. Além disso, ele não percebe o grande desprezo que os moradores da cidade têm por ele. Josie é constantemente comparado às crianças ou, mais especificamente, animais (não seriam justamente a moral e as regras de convívio social que nos difeririam dos seres irracionais?). Nosso protagonista cultiva uma interessante relação de igualdade com um cavalo, e a humanidade de Josie é mesmo posta à prova no momento em que testemunha a morte cruel de alguns filhotes de cachorro. Influenciado pelo discurso pseudo-coerente do homem que os atira no rio, Josie convence-se e volta para casa, sem arrependimentos por não ter intervindo na cena.


Desconforto na sala: rir de Josie, um sujeito tão isento de responsabilidade, é como debochar das limitações impostas a alguém

Garage é um drama que flerta discretamente com o humor negro. Isso porque muitas das risadas evocadas pelo filme são involuntárias, vêm da seriedade e da inocência do protagonista. Foi interessante notar, dentro da sala de cinema, uma série de risos desconfortáveis, como se fosse desrespeitoso rir de um sujeito tão isento de responsabilidade por seus atos. Rir de Josie é como rir de um deficiente físico, ou seja, como debochar das limitações impostas a alguém; algo que nossos sensos sociais nos interditam.

Mas tal desconforto é inevitável, já que o filme destina-se justamente a expor esse homem, fechado em si mesmo, ao mundo exterior. Como Kaspar Hauser, que saía de seu cativeiro sem nunca ter visto outros homens; ou ainda como a pobre Justine de Sade, que acreditava no bem e era constantemente violada por todos em seu caminho, Josie vai pagar muito caro por sua inocência.

Garage reserva um final soberbo a seu anti-herói: culpado de não se inserir na sociedade, ele é literalmente devolvido à natureza, como seu amigo cavalo que ganha a liberdade e mesmo como os filhotes de cachorro jogados no rio. Seu exílio (ou morte simbólica) lhe confere um caráter lendário, folclórico; de alguém tão puro que não encontrou seu lugar no meio dos homens.

Garage (2007)
Filme irlandês de Lenny Abrahamson.
Com Pat Shortt, Conor Ryan, Anne-Marie Duff.
Duração de 1h30.


Fonte: LeMondeDiplomatique

Garage - trailer (em inglês)