sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Lirismo Captado por Celular em Curta Português

Curta Morreste-me
Produzido do outro lado do Atlântico, Morreste-me é um filme impregnado de lirismo. Este curta português foi montado em cima de vídeos captados com um celular. O que podia ser uma deficiência foi usado com extrema destreza. A textura da câmera do telefone móvel confere uma aura especial a esta produção lusitana. Com uma bela trilha sonora, Morreste-me tem texto baseado em poesias do poeta português José Tolentino Mendonça. Confira abaixo o curta-metragem.
Y.H.

Morreste-me


Sinopse
Este vídeo foi feito com um aparelho celular, que capturou momentos íntimos, pessoais e humanos. Homenagem a todos aqueles que partiram, mas cuja partida nos tornou mais próximos.

Gênero Ficção
Diretor
Joana Rão / Carlos Gomes
Duração
8'30''
Cor Colorido
Bitola
Celular
País
Portugal
Texto baseado em poemas de José Tolentino Mendonça

sábado, 22 de dezembro de 2007

Assista Excelente Curta-Metragem Paraguaio

O OutroCine reproduz abaixo postagem originalmente escrita para o blogue Música&Poesia, no dia 13 de maio de 2007. Na ocasião foi apresentado o curta Say Yes, do paraguaio Juan Carlos Maneglia. Say Yes é um filme brilhante, vale a pena assistir. Excelente fotografia, roteiro bacana e direção muito boa de Maneglia (ele também foi o montador do filme), sem falar na interpretação de John Breen. Y Viva Latinoamérica!

Filme Latino-Americano
por Yerko Herrera

John Breen, em Say Yes
É lamentável a distância a que estamos resignados em relação aos nossos irmãos da América Latina, principalmente quando se trata de troca cultural. Falando especificamente de cinema, é raro saber dos filmes produzidos pelos países vizinhos, com exceção do cine argentino, que, devido a sua fama internacional e pelo acordo de distribuição existente entre Brasil e Argentina, é razoavelmente bem difundido por estes cantos, ou de um ou outro filme latino que após destacar-se em grandes festivais chega a algumas poucas salas de exibição dedicadas a filmes alternativos. Entretanto, a farta produção hispano-americana é praticamente ignorada no Brasil. Então, quando se fala em curtas-metragens, é completamente desconhecida. Pra amenizar este prejuízo, o Música&Poesia apresenta Say Yes, do paraguaio Juan Carlos Maneglia. Filmado em 16mm, o curta mostra a vida de um perturbado homem que, preocupado com uma crise em seu relacionamento amoroso, se detém mais em detalhes obsessivos do que na resolução do problema.

Assista Say Yes aqui

NOTA: Infelizmente, por opção própria, o realizador Juan Carlos Maneglia retirou o excelente Say Yes da internet. Até o momento não há cópia do curta em nenhum outro site de compartilhamento de vídeo. Perde o OutroCine, por ser um dos melhores filmes do acervo, e perde o espectador, que deixa de ter o privilégio de assistir este maravilhoso curta.

Sinopse
Este comovente filme retrata como a demasiada falta de autoconfiança pode ter extrema força no destino. Um homem luta valentemente contra o fim da fase de flores do relacionamento. O medo de ter chegado ao fim faz com que ele busque a resposta da questão em uma simples margarida. Bem me quer, mal me quer...

Gênero Ficção
Diretor Juan Carlos Maneglia
Elenco John Breen, Ana Neira
Ano 1999
Duração 7 min
Cor P&B
Bitola 16mm
País Paraguai

Traficante Playboy, Tema de Filme Nacional

O tráfico está aqui, no asfalto
Meu nome não é Johnny filma a classe média carioca

por Ana Paula Sousa

Selton Mello é João Estrela, jovem que leva drogas para a Europa e vive entre farras com a namorada
Em Bicho de Sete Cabeças (2001), vimos o pai que dá cabo aos sonhos do filho por causa da maconha. Em Cidade de Deus (2002), acompanhamos o tráfico que ceifa vidas pobres e negras. Este ano, Tropa de Elite pretendeu mostrar que os estudantes da PUC, ao fumar um baseado, adquirem parcela de culpa pela violência no Brasil. No dia 4 de janeiro, chega aos cinemas a droga que percorre ruas arborizadas, entra nas festas “descoladas” e mexe no bolso dos ricos e remediados.

Meu Nome Não É Johnny, só por isso, mereceria ser visto. O filme que refaz a história de João Guilherme Estrela, playboy tornado traficante no meio “bacana” carioca, percorre, com originalidade, o circuito das drogas encampado pelo cinema brasileiro nestes anos 2000. Pode ter escorregões melodramáticos (como as justificativas rasas para o vício e o idealismo da “volta por cima”), mas é verdadeiro no que mostra. E na maneira como mostra.

“A história do Johnny é a história do asfalto”, define a produtora e co-roteirista Mariza Leão, que passou na frente de outros oito produtores interessados no livro homônimo, escrito por Guilherme Fiúza. “A tradição do Cinema Novo deixou uma marca na nossa produção, que é a de falar sempre do outro. Acho que este filme faz cada um de nós, gente de cinema, jornalistas, pensar em como estamos lidando com o problema das drogas dentro das nossas casas. Temos uma classe média cada vez mais transgressora.”

Por essas e outras, Meu Nome Não É Johnny perturba. Interpretado por um Selton Mello na medida, João é o jovem que vê nas drogas sua diversão e seu modo de ganhar dinheiro – por mais que o filme, no final, o exima de qualquer vocação mercenária. João é também a face oculta de uma classe social que convive com as drogas e prefere não pensar de onde ela vem. “Temos que falar disso sem hipocrisia. Apontar culpados é fácil. Mas ninguém é culpado sozinho, nem o cara do morro nem a classe média. O filme vai esquentar essa discussão”, aposta Estrela.

Filmado em ritmo jovial por Mauro Lima, diretor de videoclipes e de Tainá 2, Meu Nome Não É Johnny é entretenimento de qualidade. A inevitável simpatia pelo protagonista, se moralmente pode ser discutida, em termos cinematográficos é um acerto. Dos diálogos divertidos ao elenco que funciona de ponta a ponta, o filme é eficaz e, mesmo nas falhas, abre caminho para uma discussão e tanto.



Meu Nome não é Johnny - Trailer

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mistério na Estrada

Suspense em estrada deserta

Dirigir sozinho em uma estrada deserta pode ser bastante assustador. Esse é o mote do curta neozelandês, dirigido por Nick Goldwater e Rupert McKenzie. O suspense Distraction pode ser assistido no linque abaixo.

Assista Distraction aqui (arquivo *mov - necessário um tocador que leia arquivos do QuickTime)

Baixe Distraction aqui (**arquivo mp4)

Nota: Apesar de ainda estar no ar, o site que hospedava o filme está com todos os links desativados. Desconheço o motivo pois não há nenhuma informação a respeito. Infelizmente ainda não localizei nenhuma outra fonte que contenha este curta-metragem. Se for encontrado será imediatamente substituído por um válido. Agradeço a compreensão.

Sinopse
Comédia de humor negro desenvolve-se numa estrada do deserto e mostra como as coisas podem dar errado quando você não está concentrado na direção.

Gênero Ficção
Diretor Nick Goldwater / Rupert McKenzie
Elenco Richard Collins, Stuart Bedford
Ano 2001
Duração 7'15''
Cor Colorido
Bitola DV
País Nova Zelândia



*O filme pode ser assistido com QuickTime, no entanto, o OutroCine recomenda o QuickTime Alternative, que, além de ser programa de código aberto, gratuito, é muito menor que o programa da Apple.

**Arquivos de extensão .mp4 podem ser baixados para MP4 Player's, portáteis leitores de vídeo e áudio.

Crítica sobre Mutum

O escritor Jeová Santana escreveu sobre o filme Mutum, de Sandra Kogut, para o saite de literatura e arte Cronópios.

Triste, denso e belo
por Jeová Santana


Este ano saí de casa para ver, duas vezes cada, três filmes brasileiros: “Os Dozes Trabalhos” (Ricardo Elias), “O Cheiro do Ralo” (Heitor Dhalia) e “Mutum” (Sandra Kogut). Este, o mais recente, apresenta algumas voltagens emotivas que ainda repercutem e guiam o correr dessas linhas marcadamente impressionistas. Tal escolha não se deve, em princípio, à afinidade com Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977), ensaísta, cinéfilo e contista tardio, cuja obra vem sendo reeditada com o cuidado editorial à altura de seu legado. O autor de “Três Mulheres de Três PPPÊS” afirmou que o filme brasileiro, mesmo ruim (o que não é o caso dos que citei), teria sempre algo a dizer sobre nós, daí preferi-lo a qualquer um feito nos Estados Unidos. Pinçada assim, sem referências contextuais, tal reflexão pode despertar, de saída, alguns pruridos ufanistas, mas sabemos que a produção da (ainda) chamada Sétima Arte em terras americanas, não existe somente na linha de montagem de Hollywood, cujo selo final é impresso todo ano naquela patacoada chamada Oscar. A parcela lá produzida que fica fora do chamado “circuitão” é do conhecimento de poucas retinas.

Talvez minha opção pelo produto nacional se deva, de inicio, a recusa à “estética da ligeireza”, marca registrada nas terras de Spielberg & Cia, ao qual já me deixa cansado antes da hora. Qualquer coisa na linha “300” ou “Máquina mortífera” embaralha-me as vistas e não saio do meu recanto sacrossanto para seu ninguém. Nesse sentido, também não me animei a encarar o tiroteio e o corre-corre de “Tropa de Elite”.

Para quem está acostumado com esse tipo opção artístitca, dará nos nervos passar 95 minutos, vendo a leitura que a diretora Sandra Kogut, a roteirista Ana Luiza Martins Costa, o fotógrafo Mauro Pinheiro Jr., o sonoplasta Márcio Câmara, entre outros, fizeram para “Miguilim”, que integra o livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa (1908-1967). O primeiro incômodo vem pelos olhos. Pois os acostumados a viver cercado de prédios por todos os lados, o que torna a palavra “horizonte” apenas um verbete nos dicionários, estranha se vê frente a frente com tanto descampado, logo depois de se sentir na garupa do cavalo que conduz o menino Thiago e seu tio Terez de volta para casa.

O segundo fica por conta da audição, pois depois do trote e do resfolegar, o espectador convive com a profusão de sons de todos os tipos: chuva, vento, raios, trovões, pingueiras, insetos, passos, gemidos, água de rio, bater de portas e janelas, passarinhos, milho de pipoca espocando, aboios, latidos. É uma sinfonia que desestabiliza ouvidos acostumados ao ramerrão dos canos de escapamento e dos bate-estacas. Como contraponto à longa enfiera de ruídos, vem outra gastura diante de várias cenas em que o silêncio se impõe: carinho entre mãe e filho (num close de alta sensibilidade), o enquadramento da casa, a mãe refletindo, a avó Izidra sentada na cama depois de arrumar os trens do neto morto.

Paralelo ao ritmo sonoro, a narrativa vai sendo conduzida com a apresentação de um mote aparentemente parco: um triângulo amoroso, cujo desfecho, pelas leis num tempo e espaço no qual imperam macheza e brutalidade, só pode se encaminhar para a tragédia. Mas, aí, para contrabalançar a crise iminente, o narrador insere o menino Thiago, que será o responsável para prolongar ou interromper a trama, pois fica no fogo-cruzado entre o suposto envolvimento da mãe com o tio. Este, ao contrário do pai, que o cala, ora não respondendo suas perguntas, ora descendo-lhe a mão sem dó nem piedade, é só carinho e não o acusa de “querer ser diferente”.

O ponto culminante da tensão construída com sutileza está na cena em que o sobrinho devolve ao tio o bilhete que deveria ter sido entregue à mãe. O choro com que expõe seu fracasso é um desses momentos sublimes da arte. Sentir-se tocado por ela é saber que ainda temos umas réstias de humanidade correndo nas veias. Efeito que se torna mais luminoso quando se sabe a origem amadora da maioria do elenco, com exceção do ator que faz o pai (João Miguel, de “Cinema, Aspirinas e Urubus”, 2005). Bastaria este choro para dar a dimensão da leveza e da segurança na condução da narrativa. Ele inclusive poderia evitar a proximidade do foco nas lágrimas de Thiago quando perde o irmão Felipe. Ali elas são previsíveis. A câmera poderia ter ficado mais distante, tal como no momento em que o pai espanca a mãe, e ficamos a par da acusação, dos sons dos tapas e objetos caindo, tudo pela visão do menino. Longe, portanto, do excesso naturalista que fez escola no cinema brasileiro.

Transpor Guimarães para outras mídias é sempre um desafio, pois é preciso privilegiar o diálogo em detrimento da conhecida exuberância verbal e dos contorcionismos lingüísticos de seus narradores. Além disso, é preciso lembrar, no caso de cinema e teatro, da exigüidade do tempo, que é bem mais farto quando nos propomos a encarar as centenas de veredas criadas pelo homem nascido em Cordisburgo (MG) há quase cem anos. Por isso, há de se louvar a opção da diretora em não cair nessa esparrela e utilizar-se de um argumento básico: cinema é imagem. Sendo assim, ela optou pela contenção discursiva, com as falas entrando em momentos muito específicos, permitindo com que seus atores também as substituíssem pelo gestual. O ronco-gemido de Felipe, pouco antes de morrer, é apenas um dos muitos exemplos em que a palavra pode ser cortada, dispensada, tornada impotente, tanto nessa hora de dor quanto para explicar as formas de uma nuvem, os medos oriundos da mata, as causas do assassinato que jogou o pai no oco do mundo.

O sertão roseano está lá do mesmo jeitinho, retratado de forma crua, sem a “estetização da miséria”, outro modismo na ordem do dia por aqui. Sua ligação com a “modernidade” que nos assola vai além da nota de R$ 10,00 que aparece entre os guardados do irmão morto, e que serão enterrados no mesmo chão que o abrigou.

Como destaque do equilíbrio entre palavra, ação e imagem, ainda podemos acrescentar a cena em que o personagem mirim se vê às voltas com um médico da cidade (leia-se Guimarães-personagem) que lhe aponta defeitos na visão e depois lhe oferece seu par de óculos. O esperado seria alguma pirotecnia mostrando o antes e o depois nas imagens. Mas a mudança de perspectiva é apenas interior: “as pedras fica mais grande”. É um ritual de passagem que abre para a possibilidade de cruzar fronteiras, sair daquele lugar onde trabalho infantil é condição natural e a escola é algo que passa ao largo das necessidades. Nesse mundo, contudo, abrem-se brechas para pequenas alegrias: quadrinhas, trava-línguas, brinquedos de madeira, alçapões, ouvir causos dos vaqueiros, rir diante do desempenho do papagaio, observar a ação do milho de pipoca. É pouco, mas substancial, pois assim são reveladas ilhas de delicadeza e solidariedade entre desgarrados, ambulantes de Deus, desvalidos, testemunhas do que se convencionou chamar de “Brasil profundo”.

Depois de ver a entrega da cachorra Rebeca, o papagaio que escapa, o tio aconselhado a sair de casa para evitar uma desgraça, o irmão morto, o pai foragido, o menino Thiago está calejado no exercício do ir-se embora. É hora de largar a saia da mãe para saber “por que as coisas acontecem, então?”. É preciso tocar para outros gerais, decifrar outros mistérios. Encontrar um lugar onde a dor do homem lateje mais devagar. Perto do mar, talvez.


Jeová Santana (1961) nasceu em Maruim (SE). É autor dos livros de contos Dentro da casca (1993), A ossatura (2002) e Inventário de ranhuras (2006). É mestre em Teoria Literária pela Unicamp. Atualmente é doutorando no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política e Sociedade da PUC/SP. E-mail: jeopoesi@bol.com.br

Fonte: Cronópios

Mutum - Trailer

Longa Brasileiro Arrisca-se no Abstrato

Saiu lá no Overmundo uma postagem sobre o longa-metragem Kynemas, de Pedro Paulo Rocha, certamente um filme bem complicado.

kynemas, filmes in fluxos
por rsaito

"conectar o cinema às
geografias urbanas e cyberais."

Nesse seu longa de estréia o cineasta e artista multimídia, Pedro Paulo Rocha, nos propõe 80 minutos de imersão sensorial em um kaos plástico e sonoro.Quem espera ver um filme realista, onde personagens vivem estórias, será surpreendido por um fluxo ininterrupto de imagens e sons, com muita cor e música em ritmo alucinante. A câmera mergulha em um oceano de abstrações e cores na paisagem urbana.

Filme concebido para ser uma obra eletrônica in progress; kynemas é um manifesto plástico sonoro sobre as formas nascentes de cinema na contemporaneidade; Um filme ininterrupto para constantes novas versões, jogos de armar na internet, com teclados interativos, redes de artistas, memória eletrônica, ciclo de exibição e laboratórios de tvs digitais.

"Estamos diante da emergência de novos cinemas expandidos,
de cinemas para hipertelas, suportes virtuais, interativos, móveis".

"O cinema está na pele da subjetividade contemporânea, cada vez mais miscigenado na cotidianeidade do vídeo, da música e do computador. Sub way, kynemasvideos palimpsestos".

Na fronteira entre artes plásticas, cinema e arte eletrônica, kynemas sugere ao espectador uma experiência única com a percepção. O artista define o filme como "uma provocação plástica para olhos e ouvidos livres; Um invento de pura vibração, de cor e luz, mas também de sangue e fúria. É uma sinfonia urbana, anarcocromática, que nasce dos ritmos das imagens e da cidade."

"O filme é um gesto poético que não exclui a violência da imaginação contra o absurdo e o horror que essa sociedade produz.
Nesse sentido, as cores e as músicas do filme sangram".

Kynemas foi realizado eletronicamente na montagem, mistura samplers, re-criações plásticas e derivas de filmagens pela cidade.

O filme experimenta "as passagens sensorias", de uma linguagem a outra. dilata o espaço sensorial da cidade, mistura música, artes plásticas, fotografia, vídeo, arquitetura, mares de cores, ruídos e ataques sonoros, rajadas de imagens e músicas, fragmentos de memória. Dziga Vertov, Stan Breakhage, Godard, Ozualdo Candeias, Glauber Rocha entrelaçados através de frames e paisagens, melodias, canções, derivas, música eletroacústica, vozes, poesia sonora, fotogramas, catástrofe e lixo urbano.

Máquinas ritmicas de montagem, percussão com gotas. pianos.chuvas. Sons de ferros. filmagens ao acaso. Imagens filmadas na moviola. Pixel. Tv. Cinema. Textura de imagens. Vitrais criados com telas sobrepostas. Fusões sobre fusões. Contraponto e assincronia entre imagem e som.

"O processo de criação foi marcado por um movimento de desconstrução da estrutura fechada do filme ".

"A imagem como música eletrônica , elementos ritmicos que podem se recombinar; e a música como imagem manipulável, montagem, massas plásticas que se justapõem e se chocam; samplers, assemblagens, readmade-visual-sonoro."

O processo de montagem foi levado as últimas conseqüências.
O filme passou a ser uma memória live do processo de criação; De uma partícula sonora, a um frame, a um micro-filme, todo o material pode compor a galáxia de possiblidades e se retraduzir dentro da obra in fluxo. O processo seria ininterrupto, "infinito ao cubo" , através de uma rede de conexões de memórias abertas e compartilhadas.

Kynemas foge as definições e preconceitos do que seria ou não seria cinema.
Esse filme poderia ser chamado de "pintura eletrônica ou grafismo urbano; não importa se é artes plasticas, cinema ou uma experiência no espaço, instalação, imersão; o que importa é sugerir um contra fluxo nômade em que uma linguagem pode sugerir outra, misturando o que está separado. Tudo pode ser cinema; kynemas é imagem e som em movimento. É música. Arquitetura. É limite, experiência. Cinema, quasi-cinema.

"O nome kynemas foi escolhido para marcar novas formas de cinemas nascentes nessa contemporaneidade tecnológica. Um gesto plástico para amplificar as possibilidades de se fazer cinema na atualidade".

Ser um cineasta na era eletrônica é ser "um experimentador de linguagens, um artista cross-over que atravessa todos os meios sem fronteiras. O cinema se transformou em arte híbrida cada vez mais , que sempre incorpora outra."

O filme começa em um oceano de cores e pixel, pontuados por vozes de diferentes personagens e canções. Uma personagem imaginária que diz " vê como sonorizo isso", "o que os olhos não podem ver", " kaos", "kynemas" , " vc é a personagem sonora do filme" " uma personagem imaginária" " som", "imaginamos cidades".
“ em cada imagem existe também um invísivel a ser decifrado."

" Imagens quase-abstratas , com cores fortes, tempo sincopado, simulando uma atmosfera cósmica; imagens que praticamente transbordam a tela e explodem no espaço."

O filme exige esse esforço visual para vermos além da abstração;
" …e esse invisível é a própria cidade que vai surgindo; ganha contorno meio as abstrações aparentes um visível no mar urbano".

Viajamos em um roadmovie por São Paulo, invandindo universos mais documentais, filmando encontros inesperados com pessoas anônimas, moradores de rua; falas improvisadas para diálogos absurdos; cenas noturnas, duplos de imagens, vozes , " ver, vvvvvvvv, des, ver, rrr, desver, vermelho no vermelho", " um espelho reflete estilhaços da cidade", frames entrelaçados de frames em uma hiperficção sensorial…"

" disparo" " rajadas de sons e imagens"
"no corte que pisca um frame de instante."
kynemas
"ataques de imagens, rajadas de sons,"
"disparo" " num salto sem instante"

Fonte: Overmundo


Kynemas

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Animação Narra Drama de Refugiados

Black Day to Freedom é uma bela e comovente animação que faz refletir sobre o drama dos refugiados, sobre o problema da imigração e das fronteiras. Este curta é dirigido pelo ilustrador Rob Chiu que sempre produz animações engajadas em temas sociais. Black Day to Freedom é extremamente bem feito e foi tão bem sucedido que gerou um livro com mesmo nome.

Black Day to Freedom


Sinopse
Um dia ensolarado. A família feliz. Quem imaginaria que ia terminar assim.

Gênero Animação
Diretor Rob Chiu
Ano 2005
Duração 4min
Cor Colorido
Bitola Beta Digital
País Inglaterra