quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O cinema como uma arma para a nação indígena

Reprodução da entrevista publicada na revista Caros Amigos (edição 140) com Marcos Bechis, diretor do filme Terra Vermelha, que trata sobre a luta dos índios kaiowas para reconquistar seu espaço.

TERRA VERMELHA

Eterna pauta dos movimentos sociais, a questão da terra indígena volta à tona através do filme Terra Vermelha, dirigido pelo cineasta chileno Marco Bechis. Uma co-produção Brasil-Itália que estréia nos cinemas brasileiros no dia 29 de novembro.

Exibido na 32ª Mostra de Cinema de São Paulo, o filme aborda a luta dos índios kaiowas, para reconquistar espaços ocupados pelo agronegócio, além da expansão de usinas de álcool, que, na opinião do roteirista Luis Bolognesi, “é um epicentro do terremoto do apocalipse”.

Além de Bechis e Bolognesi, Caros Amigos conversou com o indigenista e advogado Nereu Schneider, além de integrantes da tribo guarani-kaiowa que participaram das gravações: Ambrósio, Eliane, Alicélia e Ademilson.

Recebidos com entusiasmo no Festival de Veneza, os índios impressionam com sua serenidade e sinceridade ao falar de sua luta. Mesmo após horas de entrevistas (Caros Amigos foi recebida ao final da tarde, após outros veículos), eles ainda tinham paciência para dar sua versão da história e comentar sobre a importância em participar do filme.


Confira a entrevista e depois vá ver o filme!

Felipe Larsen: Como surgiu a idéia de fazer o filme, abordando esse tema?

Marco Bechis: A questão do outro, que é fundamental em todo o mundo. Todas as civilizações que perderam a curiosidade pelos outros morreram. Estou falando das civilizações antigas. E a questão do outro, na América Latina, é o indígena, e no Brasil, também os negros que vieram da África. Eu sou sul-americano, morei no Chile, na Argentina e no Brasil também. Quando era menino, sempre fiquei pensando quem era essa gente. Eu via nas cidades, nas metrópoles, nos bairros, e qual era a história deles, a história que eles viveram. A escola não falava disso.

Felipe Larsen: Tal como no Brasil, a história manipulada...

Bechis: Começava em 1500, com Cabral. Eu queria fazer uma coisa nova. Queria encontrar um caminho especial. Fui buscando até que encontrei os kaiowas.

A seleção de elenco foi muito simples. Nós fizemos base na cidade de Dourados. Tínhamos dúvidas se fazíamos o filme lá, mais perto dos atores, porque eles falavam “lá é o centro do conflito. Como você vai fazer o filme lá?” Eu falei: “não vou fazer o filme no estado de São Paulo, com atores com cara de indígenas. Isso não interessa, vou fazer outro filme, então. Uma história de aventura. Para fazer o que eu quero fazer, é com eles”. Também pensei em fazer o filme na Argentina, também tem guarani, e não kaiowa. Mas era outro contexto, outra história, e complicava muito. Então, depois de pensar muito, chegamos à conclusão de que era possível em Dourados. Lá decidimos fazer um estudo de logística. Eu não queria que os atores desarraigados de suas casas por todo o tempo do filme. Eu queria que eles voltassem para casa... Então a seleção foi feita com base em critérios subjetivos, naturalmente, mas também em função da vontade deles de fazer o filme. A vontade deles era em alguns mais forte que outros.

Ambrósio: Porque isso é uma arma. Sempre repito para vários jornalistas. Hoje está havendo índio no filme, no cinema. É uma arma que nós não sabemos usar, então pedimos ajuda. Podemos usar as nossas armas. Sempre temos armas. E todo mundo tá ficando de cabeça erguida. Aqui no Brasil, a admiração deles, a primeira coisa que eles me perguntam, por que a gente sai daqui, lá para o outro lado do rio. Eu falei “Do outro lado do rio tem a pessoa que mostra o pau e a cobra. Que serpente que matou, que serpente que é. E o pau também, que pau que é, se é cabo de vassoura” Então, onde é que tá a arma? Nós usamos, tiramos debaixo do tapete, botamos em cima da mesa o que está claro hoje. Não sei se eu respondi, mas...Só isso.

Felipe Larsen: Agora, a questão dos fazendeiros, que em meio ao set de filmagem ficavam ali, meio ressabiados. Em nenhum momento passou pela cabeça de vocês que não seria uma boa idéia participar do filme? Em algum momento vocês tiveram receio em participar por causa do ambiente?

Ambrósio: É o que eu retorno a dizer. Eu to colocando uma touca na cabeça do fazendeiro agora. Vai aprender por ali. Porque não sou eu, não é o Marco, não é o Luis, e isso que nós estamos chegando aqui nesse momento, essas ferramentas estão na mão, mas essas ferramentas que ele tem que enxergar. O fazendeiro vai fazer porque é muito ignorante. Você sabe que hora de morte ninguém vê, ninguém avisa. Quando é morte é morte. Mas pelo contrário ele tem que entender. Ele não é daquelas pessoas burocráticas? É claro que ele tem que entender. Porque se ele for fazer aquilo... Índio, pra dizer que ele tem medo, se o índio tivesse medo vivia na cidade... Porque o índio no mato, ele entra na noite, passa que nem bicho, sem medo nenhum e atravessa pro outro lado. Você sabe que tem bicho no mato. E nem você mexe, nem o bicho. Agora vai ter medo de um ser humano por ser humano? Se fosse dos ancestrais, mas hoje?!

Fernando Lavieri: Ambrósio, comenta aquela cena da terra.

Ambrósio: É porque o branco fala coisas de setenta anos atrás. E o índio é da terra, a terra é do índio. A terra é um alimento. Porque o índio, quando vai dormir, não escolhe lugar nenhum. Agora veja um doutor: pega um barro no sapato, ele vai tirar o sapato, manda lavar e anda descalço dentro da casa. Então quer dizer que ele não gosta da terra. Como é que ele vai dizer que a terra é dele? Eu falo minha terra porque é como é. Essa é minha terra. Agora um empresário, tem milhões de terras. Ele tá vivendo no que é dos outros. Tá usando o que é prato do índio, e vivendo na sombra do índio, porque é o índio que tem a riqueza. Minérios, rio, floresta, tudo. E ainda o índio é discriminado. Esse é o problema.

Sobre a questão da aculturação dos índios na atualidade Bechis corta logo a idéia comum que passa pela nossa cabeça:

Bechis: Se o branco muda seus costumes, isso não implica uma modificação da própria identidade. Ficamos sendo brancos de São Paulo. Agora, se o índio modifica algum de seus hábitos, a primeira coisa que nós dizemos é dizer que ele está perdendo a sua cultura. Eu acho isso errado. Eu fiz esse filme com eles porque eu os conheci e entendi que eles eram os índios que estavam precisando fazer esse filme. São índios verdadeiros, mesmo que não se vistam com as plumas. É o nosso imaginário National Geographic que nos leva a imaginá-los com plumas. Além disso, tem a questão antropológica. Na nossa cabeça, a evolução é só nossa. A única evolução que nós somos capazes de compreender é a evolução técnica. A nossa evolução é passar do cavalo ao carro, do carro ao avião, do avião ao edifício, e agora a bomba atômica e blábláblá. Mas tem outra evolução: do pensamento, das maneiras. Como imaginar uma comunidade indígena que nunca teve contato com brancos, e passou mil anos em total isolamento, e sai da floresta com arco e flecha, não são os mesmo de mil anos atrás. Ninguém pode dizer que isso é a mesma coisa. Então estamos errando nosso juízo sobre eles. Então a aculturação, que é uma termologia que eu contesto, é uma terminologia ambígua, acho que seria mais interessante buscar uma nova definição da identidade indígena hoje no Brasil, mas também na literatura. E acho que o indígena tem todo o direito de se sentir indígena, de manter sua identidade, mesmo utilizando as brincadeiras dos brancos, o celular, o carro, a motocicleta. Ele não vai deixar de ser índio. Por exemplo, as cabanas, mesmo com materiais que são diferentes dos originais, têm a mesma estrutura de sempre. Você vê que tem um momento em que cortam uma madeira e faz a forma da casinha. Ou seja, é uma estrutura cultural que se mantém. A casa, a reza. Quando falamos com eles sobre nhanderú, eles falaram “não, há rezas que não podemos falar”. E então, qual a solução? Vamos inventar rezas. Vamos fazer rezas diferentes que não são aquelas. Então tudo isso está repetindo a todo tempo. Eles têm os seus instrumentos culturais, a sua visão de mundo, além da aparência que pode ser mais ou menos moderna.

E completa explicando sua relação com a Funai na produção do filme:

Bechis: Eu não queria entrar, fazer um filme em uma área indígena, justamente para não ter que lidar com a burocracia da Funai. A Funai naturalmente foi informada, e também ajudou de algum jeito com logística, carros, mas não tivemos uma relação de dependência.
Nereu Schneider: Desde o início a Funai é sabedora do projeto, assim como os kaiowas, que foram os primeiros, porque é com eles que foi feita a história. No momento que eles falaram “nós queremos fazer isso”, como ele mesmo diz, uma arma, aí a gente também foi nos órgãos do governo que ajudaram nesse sentido. Mas não é uma visão “só se faz se o governo permitir”. Mas teve intensa parceria, não só com a Funai, mas a prefeitura de Dourados. Não foi feito às escondidas. Nem dos fazendeiros da região. Ninguém fez nada por debaixo do pano. Sobretudo com eles (os índios).

Fernando Lavieri: Dá pra projetar algum tipo de mudança na vida dos índios?

Ambrósio: Para os kaiowas, hoje pode ajudar, mas muitos caminhos podem ajudar. O que? Os jovens, as empresas também têm que ter respeito por esse lado. Levam para trabalhar os meninos indígenas para o canavial, que voltam sem nada. A parte da justiça também vai ter que respeitar. Não pegar mais a s crianças indígenas, e abandonar pra lá. Você sabe que isso acontece muito no Mato Grosso do Sul. Devolve as crianças pra o pai, pra mãe, pra isso tem a Funai, tem o cacique. Vai ter que devolver tudo que foi levado. E aprender a deixar a porta aberta, pra qualquer um de nós que chegar poder entrar. Então esse cinema representa o que pode ajudar nesse direito, e a justiça também. Porque eu sempre falo: o pobre, sempre anda embaixo da mesa. E hoje essa mesa...Ou racha, ou queima ou joga. Essa é a ajuda do filme que eu to vendo. Os guaranis-kaiowas, eles tratam do jeito que querem. E aí vai parar no que? Vai parar no suicídio. E tem muita discussão da parte da justiça. Eu estive em Caiapó por causa do meu filho, sabe? Cheguei falei diretamente para o juiz. Um dia, não sei quando, eu vou procurar de onde o juiz traz essa burocracia. Se tratar a gente aqui atrás, aí nós vamos descobrir mais ainda. A justiça enxerga só o do outro, mas o deles ela não ta vendo. Eu acredito em mim, porque onde eu vou, eu passo. Não vou e volto pela porta da cozinha, não. Entro pela porta da frente e saio pela porta da frente. Eu sempre tive esse sonho, e eu espero que se dê essa oportunidade para as famílias indígenas.

Felipe Larsen: O que vocês acham da Funai?

Ambrósio: Eu tenho certeza que ela ta esperando um bom resultado, é uma arma que vai estar na mão também. Com certeza vão saber usar muito bem, para as famílias.

Felipe Larsen: E dentro dos guaranis-kaiowas, como vocês lidam com a questão do fazendeiro chegar chamando os índios para trabalhar nas usinas?
Ambrósio: Dez, vinte por cento é puxa saco dos fazendeiros de lá. Dentro das aldeias, enquanto trabalham na usina, fica mulher sem mercadoria, criança sem assistência. Quando volta de lá pra cá, pergunta se o marido tem alguns reais pra comprar alguma coisa. Tem pra comprar pra uns, mas pra outros não tem. E isso, essa matança, é boa pra eles. Então, não é que ele entra lá e contrata. Ele põe um funcionário lá, pra contratar os parentes, e tirar de lá pouco a pouco.

Felipe Larsen: Tá um pouco cedo, o que vocês acham da repercussão na imprensa?

Bolognesi: Olha, a repercussão que teve na Europa foi muito forte. O filme foi destacado com um dos melhores do festival de Veneza, e saiu nos jornais do mundo inteiro. Saiu no Japão, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha. Matérias sobre o filme, e das que eu li, todas positivas. E no Brasil tá começando agora, na mostra, que vai ter o lançamento, vi só Estadão e Folha, numa cobertura bastante interessante. O importante é a gente conseguir fazer a cobertura sair do caderno de cultura para que ela figure no caderno de política. Porque é a hora da onça beber água. O STF vai ter que se manifestar nos próximos seis, oito meses, no caso da Raposa Serra do Sol, e dos pataxós da Bahia. São decisões que quase criam jurisprudência. O que nada mais é do que respeitar a constituição, porque a constituição no Brasil já decidiu isso. A questão das terras indígenas já foi discutida em 88. A Assembléia Constituinte, instância máxima da lei no Brasil, do estado de direito, já se reuniu e disse que a terra é deles e que nada pode ser feito sem o consentimento deles. Então esse negócio que aconteceu agora, que os índios quebraram o pátio de uma usina hidrelétrica e jogaram fogo nos caminhões, que alguns jornais deram como um bando de arruaceiros...Dentro da terra indígena, o estado de direito diz que eles têm razão. Começaram a construir um pátio sem o consentimento deles, isso é ilegal! Se a lei está do lado deles, por que não se cumpre a lei? Eles têm que ir lá e tocar fogo no caminhão pra exigir isso. Então, nesse momento histórico que a gente ta vivendo, 500 anos de história estão nas mãos do STF. O primeiro relator do caso Raposa Serra do Sol, o primeiro juiz que leu todos os autos, foi favorável aos índios. O que ele disse deixou todo mundo – o capital, os fazendeiros, todo mundo ali na hora “que é isso? Chega no STF, que é o lugar da gente liquidar a fatura, vem aqui um juiz e diz ‘estamos aqui para fazer valer a lei. A constituição é clara’. Isso aqui é uma terra indígena, não se discute. Todos os autos comprovam que é uma terra indígena”. Então se trata de uma invasão. Quando ele falou isso, o outro falou “quero rever os autos, pára o julgamento”. Que decisão os caras do STF vão ter diante dessa questão? A lei é clara! Agora, na hora que ele dá isso, a tensão surge. É quase uma coisa inédita, você ter uma instância da justiça fazendo valer a lei a favor dos indígenas. Então a gente está num momento muito importante. Vê o lado deles. Porque a antropóloga que fez um debate com a gente outro dia, ela falou uma coisa. Num debate de um canal rural, ela estava num programa que podia fazer perguntas por telefone e veio a seguinte pergunta: mas índio é gente? Ela ficou em estado choque com a pergunta. Então o filme ainda tem a importância de colocar não só a questão política, mas de você conhecer a condição que eles vivem, as dificuldades. Humanizar. Porque não é só a elite. A própria classe média baixa é muito preconceituosa. É um contato que precisa reverter essa imagem desse preconceito muito grande que se construiu no Brasil.

Felipe Larsen: Você falou desse preconceito meio generalizado até mesmo na classe média. No exterior, como o pessoal vê essa questão da América Latina?

Bolognesi: São super solidários, majoritariamente. Pra eles é fácil, porque nós aqui no Brasil estamos diretamente ligados. Dar terra significa botar eles ali. Para os europeus é uma coisa super distante, e é evidente que qualquer pessoa que olha a coisa de longe, é evidente que a terra é dos índios. A pressão de lá de fora é totalmente a favor das terras indígenas, e isso gera pressão ao governo brasileiro, tratando dessa maneira, expõe. Que país é esse? Mas eles têm aliados muito forte lá fora, uma série de entidades, só que estão longe, né? No dia a dia...

Felipe Larsen: Eu acho que já deu tempo dos fazendeiros ficarem sabendo que foi rodado um filme. Falando o português claro, já teve alguma encheção de saco?

Schneider: Por um lado sim. “Mais um filme, mais gente falando”. Mas o que eu percebo também é que o filme repercutiu bem, indo ao festival de Veneza, e até na região lá também. No começo “um filme sobre índios do Brasil”. Depois, kaiowas. Opa! Um filme sobre índios de Dourados. Então você percebe que é uma reação na minha maneira de ver. Então eles estão vendo que ta vindo uma onda aí. Antes você tinha perguntado se os índios tiveram medo. Mas acho que não, quem teve mais medo foi o outro lado.

Felipe Larsen: Dá um freio nos fazendeiros?

Schneider: Eu acredito que sim. O filme é importante pra mostrar o drama que tá aí. O que eu vejo é que não é todo dia que se faz um filme, longa metragem, e eles são os protagonistas. O filme mostra o drama de uma relação.

Participaram da entrevista diversos jornalistas, da Caros Amigos foram Felipe Larsen, Fernando Lavieri e Lucas Bueno (Fotografia).

Fonte:
CarosAmigos


Terra Vermelha - trailer

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Terror Extremo em Curta Australiano

SOMBRIO Harvey é um obscuro conto sobre a solidão
curta, short, cortoALERTA: Pessoas demasiadamente sensíveis não devem assistir ao curta a seguir. O filme em questão é a produção australiana de horror/fantástico Harvey. Com um estilo que lembra o clássico Frankenstein, de Mary Shelley, Harvey (personagem-tema) é um homem solitário e obcecado que vê em sua vizinha a esperança de preencher o que falta em sua vida. Algumas questões que o filme já levantou por aí, tamanha polêmica, são: seria ele uma escura e mórbida metáfora da nossa solidão? Ou, um mostruário de efeitos visuais perturbadores? O horripilante curta-metragem, muito além de causar asco, pode trazer diversas reflexões. Tenha certeza que este filme o deixará dividido! Afinal, somos todos solitários, iludidos na busca de alguém (ou algo) que nos complete.
Yerko Herrera
Harvey


Baixe o filme completo - Diversas opções e formatos distintos:
Sinopse
Um conto sombrio de obsessão e solidão sobre um homem que procura perfeição física e emocional. É só depois de realizar este objetivo pela coalescência forçada com sua vizinha que ele começa a entender a natureza dolorosa, insolúvel da sua obsessão.


Gênero Ficção
Diretor Peter McDonald
Elenco Lisa Angove, Nicholas Hope
Ano 2001
Duração 9'30''
Cor P&B
País Austrália

Animação - O Mundo é diferente dependendo de quem o vê

Desenho de Bonnie Tang
Imagine um fantástico mundo onde guloseimas caem do céu. Foi o que a ilustradora Bonnie Tang imaginou quando desenhou Indulgence. A animação lhe custou sete meses de árduo trabalho e noites insones, regados a baldes de café. Tang agradece aos seus colaboradores que mantiveram sua sanidade mental e moral durante esse período de grande pressão, enquanto realizava este projeto para o curso na Sheridan Institute, no Canadá. Tamanho esforço resultou em uma bonita animação onde a autora extravasa sua confessa influência do estilo japonês, adquirido na infância após tornar-se fã de uma famosa série animada nipônica. O curta está disponível em dois formatos. Y.H.


Indulgence


ou
Assista Indulgence aqui (arquivo mov)

Sinopse
O Mundo pode ser bem diferente dependendo do ponto de vista que o avalia.

Gênero Animação
Diretor Bonnie Tang
Ano 2008
Duração 2min
Cor Colorido
País Canadá

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Uma simples escolha pode mudar o Destino em Curta Português

Daniela Rei em Clepsidra
O tempo em constante descompasso, é o que acontece no curta-metragem português Clepsidra. No curta lusitano uma moça vive um conflituoso e decisivo dia, onde ela pretende tomar as rédeas do seu destino. É aí que está o conflito, o rumo de sua vida além de depender das atitudes tomadas por ela, o que naturalmente altera sua direção, é influenciado diretamente pelo tempo (este Senhor indomável) independente, ou não, de seus atos. O impressionante deste filme é que ele foi realizado por alunos que estavam apenas no primeiro ano do curso de Novas Tecnologias da Comunicação da Universidade de Aveiro (Portugal), mas a grande qualidade nem faz parecer que se trata de uma produção de jovens aprendizes. Com uma fotografia bacana, captada por uma câmera digital de alta definição (Sony hdr-hc1), o destaque fica por conta da protagonista Daniela Rei, que é uma coisinha linda (!). Para os curiosos clepsidra é um relógio de água (confira o conceito abaixo, depois do curta).
Clepsidra


Sinopse

Basta um momento, uma escolha. Uma escolha que muda por completo o percurso que pensávamos estar traçado e nos leva por caminhos que, uma vez percorridos, não nos permitem voltar atrás.

Gênero Ficção
Diretor Carlos Gavina
Elenco Daniela Rei, Luis Couto, Mafalda Vasques, Florbela Figueiredo, Rui Azevedo
Ano 2008
Duração 5'50''
Cor Colorido
Bitola HDV
País Portugal

Baixe Clepsidra Completo aqui


Clepsidra
A clepsidra ou relógio de água foi um dos primeiros sistemas criados pelo Homem para medir o tempo.A clepsidra mais antiga foi encontrada em Karnak, no Egito, datando do reinado de Amenhotep III. Outros exemplares foram identificados na Grécia antiga, (c. 500 a.C.). Na China, o astrônomo Y. Hang inventou uma clepsidra que indicava os movimentos dos planetas (721).
Características 
Consiste em dois recipientes, colocados em níveis diferentes: um na parte superior contendo o líquido, e outro, na parte inferior, com uma escala de níveis interna, inicialmente vazio. Através de uma abertura parcialmente controlada no recipiente superior, o líquido passa para o inferior, observando-se o tempo decorrido pela escala. Este tipo de instrumento evoluiu tecnicamente de forma a permitir uma medição do tempo com maior exatidão. (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Pela Rua - Curta baseado em poesia de Ferreira Gullar


Curta-metragem livremente inspirado em poema de Ferreira Gullar
Foto Still - Carlos Gerbase
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Júlia Pressotto e Alexandre Vargas no curta Pela Rua
Pela Rua é um curta gaúcho baseado em poema homônimo de Ferreira Gullar. O próprio poeta recita a poesia, gravada no Rio de Janeiro, que, após isso, foi mixada paralelamente à leitura do ator Alexandre Vargas. Rodado em Porto Alegre, o filme mostra um poeta que, durante a criação de um poema, vaga, entre pensamentos e desejos, atrás de sua musa. Na construção dos versos, o personagem devaneia buscando inspiração na visão de uma linda mulher inalcançável, nisso perde a oportunidade real de encontrá-la.
Como Ferreira Gullar foi um dos responsáveis pela revisão da obra de Augusto dos Anjos, colocando-o em seu devido lugar de destaque na poesia brasileira e suscitando a justa importância que este nosso raro poeta merece, em Pela Rua a uma referência à Augusto dos Anjos registrada em um cartaz que figura dentro de um bar atrás do protagonista. Assista abaixo este curta-metragem.
Yerko Herrera

Pela Rua

Sinopse
Poeta vaga solitário por uma grande cidade, perdido em seus desejos, inspirações e pensamentos. Entre encontros e desencontros, imaginários e reais, ele acha motivação para compor seus versos.

Gênero Ficção
Diretor Dimitre Lucho / Michele Maurente
Elenco Alexandre Vargas, Júlia Pressotto, Jesse Guelfi, Carlos Azevedo
Ano 2003
Duração 8min
Cor Colorido
Bitola 16mm
País Brasil

Ficha Técnica
Produção Mônica Schmitt Fotografia Viviane Schwagwer Roteiro Dimitre Lucho Som Direto Yerko Herrera Direção de Arte Yerko Herrera Voz Ferrereira Gullar, Alexandre Vargas Trilha original Diasper Lucho Figurino Patrícia Aranguiz Still Leandro Caobelli, Carlos Gerbase Supervisão de Som e Mixagem Cristiano Scherer


Pela Rua

Ferreira Gullar

Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.

Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.

A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.

A noite se ergue comercial
nas constelações da Avenida.
Sem qualquer esperança
continuo
e meu coração vai repetindo teu nome
abafado pelo barulho dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada.


Postagem originalmente publicada no blogue Música&Poesia

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Debate no GravaCine

http://outrocine.blogspot.com.br - Mostra permanente de cinema

Faltam poucos dias para o início de um dos eventos culturais mais bacanas realizados na cidade de Gravataí (RS), o primeiro GravaCine - Mostra de Cinema Sesc Gravataí. Serão exibidos 12 curtas-metragens e dois longas. O melhor disso é que é tudo de graça! Mas vale lembrar que, apesar do dia oito e nove de novembro reservar muito cinema gratuito ao alcance de todos, é imprescindível a inscrição antecipada, realizada de forma fácil pela internet, através do endereço www.gravatai.rs.gov.br/gravacine. Infelizmente quem não realizar a inscrição não terá como participar da mostra.

Além de todos os filmes que o
GravaCine reserva, não menos importante é o aguardado debate com profissionais da área cinematográfica. A mediação estará nas boas mãos da jornalista e radialista da Rádio Ipanema FM, Mary Mezzari. Agora a surpresa! Vamos a apresentação de alguns dos gabaritados participantes da mesa, que será composta por respeitados nomes do cinema gaúcho. Estejam certos que este debate, que será realizado no dia 9 (segundo dia de GravaCine), às 16h, estará imperdível! Vamos aos nomes: Carlos Gerbase, Beto Rodrigues, Biah Werther.

Carlos Gerbase
Um dos mais renomados cineastas brasileiros, integrante da Casa de Cinema, professor da
PUCRS, escritor, fotografo e músico. Gerbase, ao lado de nomes como Jorge Furtado e Giba Assis Brasil, foi um dos fundadores da respeitada Casa de Cinema, produtora responsável por filmes como Tolerância, Sal de Prata, O Homem que Copiava, Meu Tio Matou um Cara, entre outros. Professor de cinema da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foi músico da lendária banda punk Os Replicantes. Seu mais recente trabalho como diretor foi no longa independente 3 Efes, que será exibido no GravaCine.

Beto Rodrigues
Um dos maiores conhecedores do complicado mundo da distribuição de cinema, diretor geral da
Panda Filmes, professor da Unisinos, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul, produtor e realizador de cinema. Beto atua como produtor de todos os projetos da Panda Filmes, uma das raras produtoras que exerce atividade nos três pilares do cinema: Produção, distribuição e exibição. Leciona nos cursos de Realização Audiovisual e de Especialização em Cinema e Audiovisual da Unisinos. Também foi coordenador da área de cinema e vídeo da Prefeitura de Porto Alegre e Diretor da Fundacine - Fundação de Cinema RS.

Biah Werther
Uma das mais combatentes e transgressoras cineastas do Brasil, coordenadora do FLõ (Festival do Livre Olhar), diretora, roteirista, diretora de Arte e atriz. Biah empenha-se pela produção e difusão do cine independente. Freqüentemente percorre o país com a mochila munida de seus filmes e de outros cineastas prontos para serem exibidos aonde quer que seja. Diretora dos premiados curtas Self, Suco de Tomate, Lilith, Pornografia, A Verdade às Vezes Mancha, entre outros. Atualmente participa do Coletivo Cine8ito ― grupo de cineastas independentes realizadores do longa-metragem BITOLS ― que organiza oficinas e mostras itinerantes.