sexta-feira, 27 de junho de 2014

Grupo F - Argentina curta-metragem

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Desta maratona a que me propus, a de buscar um curta-metragem de cada país participante da Copa 2014, é quando chego ao vigésimo quarto filme, justamente na vez da Argentina, que possui uma das cinematografias que eu mais admiro, falta-me palavras pra escrever. Talvez pelo esgotamento que a missão me proporciona — nunca achei que seria fácil, porém, é ainda mais difícil fazer algo que exige muitas horas de dedicação no mesmo momento que ocorre o evento que minha proposta quer homenagear. Ou seja, loucura minha fazer isto enquanto a Copa rola a todo vapor, podia ter sido antes, se eu me programasse, ou depois, se eu tivesse juízo. Poderia continuar choramingando alguns parágrafos a mais, alegando que o peso da responsabilidade de querer escrever algo legal sobre uma coisa que admiro muito geralmente me paralisa, no entanto, parece que isso é outro sintoma da procrastinação. Então pra deixar de enrolação e dar seguimento a isto sem esperar que eu consiga fazer, vamos a um salvador texto da Wikipédia. O Cinema na Argentina tem passado por uma revigoração desde a década de 1990, apesar da forte crise econômica atravessada pelo país. Filmes como El Hijo de la Novia, Nueve Reinas, Plata Quemada, El Abrazo Partido, Kamtchatka, La Ciénaga e Cenizas del Paraíso atestaram um salto de qualidade técnica e de linguagem na produção nacional e lançaram à fama internacional cineastas como Lucrecia Martel, Daniel Burman, Marcelo Piñeyro e Pablo Trapero. A Argentina também foi o primeiro país da América Latina a produzir um longa-metragem que recebeu o certificado Dogma 95, com o filme Fuckland, de 1999 (fonte: wikipédia). Quem quiser ler mais sobre o cinema argentino clica nos linques a seguir:


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Um Jogo ABSURDO. Javier pensa num jeito de falar com Romina 
Existem muitos curtas argentinos na internet e dá pra imaginar que tem muita coisa legal, inclusive eles tem diversas páginas que se dedicam exclusivamente aos cortometrajes. Resolvi escolher algo diferente pra representar a Argentina. Creio que eles têm belíssimos dramas, entretanto, quem acompanha o OutroCine, percebe que este gênero tem dominado as postagens. Por isso, pra dar uma leveza, desta vez selecionei uma comédia. O curta argentino Un Juego Absurdo é um bem-humorado filme que expõe a história de Javier, um tímido adolescente que numa festa da turma trata de reunir coragem pra se declarar pra Romina, a garota do qual ele tem uma forte paixão. Com uma narrativa em primeira pessoa, Javier racionaliza e detalha suas ansiedades e conflitos internos de uma forma bem prática, algumas vezes usando a cumplicidade do próprio espectador no momento que ele olha pra lente e despudoradamente rompe a barreira da câmera pra nos fazer de seus melhores amigos. A arte é um dos destaques do curta. Ambiente e figurino nos remete a algo que parece estar entre os anos 50 e 60. A trilha sonora bacana também conduz pra esse período. O diretor Gastón Rothschild, aliado ao carisma do protagonista, nos faz rir e torcer pelo garoto que sem querer já no começo nos torna seus camaradas. Dica pra quem não domina o espanhol: Clica no botão do player que diz Legendas Ocultas. Depois clica em Inglês, ali se abre a outra parte do menu, em seguida clica em Traduzir Legendas. Aparece outro menu com os idiomas, é só selecionar Português e pronto! As legendas que, tirando uma ou outra expressão traduzida equivocamente e algumas palavras masculinas que são traduzidas como femininas (vice-versa), pelo padrão desse recurso do Youtube, tá excelente!
Un Juego Absurdo

Sinopse
Javier está apaixonado por Romina. Em uma festa, ouvimos os seus pensamentos e às vezes ele até fala para nós. Jogando entre a realidade e a fantasia, Javier tentará superar seus medos e ficar com a garota dos seus sonhos.

Gênero Ficção
Diretor Gastón Rothschild
Elenco Martín Piroyansky, Eliana González, Irene Almus, Vando Villamil, Nicolás Torcanowsky, María Fernanda Callejón
Ano 2009
Duração 12min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Argentina

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Grupo F - Nigéria curta-metragem

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A Nigéria é conhecida como "o gigante da África" pois possui a maior população e economia do continente. Vamos direto ao assunto, creio que muitos desconhecem o fato de a Nigéria ser a maior indústria cinematográfica do mundo no quesito quantidade de filmes. Em 2010 foram lançados acima de 1500, número superior ao da gigantesca produção indiana e mais do que o dobro de Hollywood. Este fenômeno apelidado de Nollywood é recente e começou sua ascensão nos anos 1990 justamente no momento em que não havia mais salas de cinema na Nigéria. Nos artigos que li, sobre o início desta onda nigeriana, destaco aqui trecho do texto Tudo o que você sempre quis saber sobre Nollywood, mas nunca teve a quem perguntar (recomendo a leitura completa do artigo): Segundo o jornal The Economist, o boom de Nollywood remonta a uma história interessante acontecida no início da década de noventa. Um comerciante, chamado Kenneth Nnebue percebeu que poderia vender muito mais facilmente as fitas VHS que tinha em estoque se gravasse um filme nelas. Este pioneiro, ao invés de fazer cópias ilegais de filmes estrangeiros (que seria a saída mais fácil, apesar de ilegal) resolveu produzir um filme por conta própria. Dessa forma, o filme Living in Bondage foi o primeiro “blockbuster” do cinema nigeriano, tendo vendido mais de 750 mil cópias. Entretanto, outra versão dá conta de que as raízes de tudo vêm da década de 1980 quando algumas pessoas da elite nigeriana que tinham vídeo cassete começaram a convidar os amigos pra assistir filmes em casa. Paralelamente passaram a contratar serviços de filmagem para registrar seus casamentos, aniversários, formaturas, entre outros eventos familiares, e esses VHS pessoais também começaram a ser exibidos aos amigos. A fim de diversificar a exibição dos vídeos caseiros, peças teatrais também passaram a ser filmadas e aí se dá o início de um vínculo com atores e diretores de companhias de teatro. Claro, de lá pra cá o cinema na Nigéria se profissionalizou, criou-se um mercado com gente especializada em todas áreas e hoje em dia usam tecnologia de ponta pra realização dos filmes. Poderia seguir no assunto do curioso cinema nigeriano que encontrou, além de linguagem e histórias que se aproximaram da realidade de seu povo, formas próprias de produção, distribuição e exibição, porém, esta introdução já ficou excessivamente longa. Quem quiser saber mais a respeito, recomendo fortemente a leitura, além do já citado Tudo o que você sempre quis saber sobre Nollywood, mas nunca teve a quem perguntar, o artigo O modelo Nollywood. Se tiver curiosidade, a Wikipédia tem um artigo sobre o Cinema da Nigéria que também é interessante.

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IRMÃOS. Curta nigeriano mostra relação ambígua entre irmãos
O curta-metragem que representará a Nigéria é uma produção independente e não pode ser considerado um exemplo de produção de Nollywood. O curta se chama Big Man, um sensível drama realizado por um diretor talentoso que tenho certeza que ainda vai ter seu nome entre os grandes cineastas do mundo. O filme foca na dúbia relação de amor e (ódio não, muito forte) inveja que o inquieto irmão mais velho Uzoma tem com o seu obediente irmão caçula Chize. Aí está o talento do diretor Julius Onah que não só conduz a parte técnica com muita habilidade, ele transforma essas crianças sem experiência alguma em grandes atores. Não é à toa que Julius Onah já foi eleito pela Filmmaker Magazine como um dos 25 novos rostos do cinema independente. Como já citei anteriormente, não entendo nada de inglês, mesmo assim não consegui desgrudar os olhos desse envolvente curta, ademais, o inglês nigeriano é muito claro e isso também facilita o entendimento. Confere aí a obra-prima desse jovem realizador nigeriano.
Big Man


Sinopse
Uzoma adora brincar com seu irmão mais novo, apesar das advertências de seu pai. E às vezes, simples jogos têm consequências graves.

Gênero Ficção
Diretor Julius Onah
Elenco Michael Asuelime, Adekunle Adeleke, Kaptaintony Ofili-Akpom, Tubi Aiyedehin, Wale Ojo
Ano 2012
Duração 14min
Cor Colorido
Bitola HD
País Nigéria

terça-feira, 24 de junho de 2014

Grupo F - Irã curta-metragem

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O Irã, anteriormente conhecida como Pérsia, é berço de uma das civilizações mais antigas da história. Pode ser que no futebol não tenha tradição, já no cinema é um dos grandes polos do oriente e sua produção cinematográfica está entre as maiores do mundo. Seus filmes e cineastas colecionam prêmios dos grandes festivais internacionais de cinema. Porém, só nos anos 90, a partir do reconhecimento da crítica cinematográfica francesa, que o cinema iraniano ganhou o devido espaço internacional. As produções iranianas que chegam até o ocidente são os ditos filmes de arte, no entanto, a pesquisadora Alessandra Meleiro, doutora em cinema e políticas culturais pela USP, ficou durante três meses e meio no Irã para entender melhor as estruturas do cinema local e deste trabalho de campo surgiu o livro O Novo Cinema Iraniano: Arte e Intervenção Social. Em uma entrevista que a pesquisadora concedeu a Revista Trópico, ela relata que os filmes de arte representam só 20% do total produzido, os 80% restantes, segundo Alessandra são “filmes de entretenimento, com estética muito parecida com os filmes de Hollywood: comédias, filmes de ação, filmes sobre a guerra, com temáticas locais mas com estética americana”. Nomes como Abbas Kiarostami, Mohsen Makhmalbaf, Majidi Majid, Jafar Panahi, Samira Makhmalbaf, entre outros, figuram entre os grandes diretores do cinema iraniano e mundial.

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ACORDEÃO. Homem recebe lição de vida em curta iraniano
O curta-metragem (فیلم کوتاه em persa) selecionado para representar o Irã é a pequena obra de arte chamada The Accordion, de Jafar Panahi, cineasta que atualmente está em prisão domiciliar no Irã supostamente por ter apoiado o candidato de oposição ao atual governo. Antes de seguir sobre o curta, recomendo, pra quem quiser saber um pouco mais sobre Panahi, a leitura de Cortinas Fechadas, de Jafar Panahi: a expressão, em filme, do homem dolorido, excelente resenha sobre seu último longa-metragem publicada na Carta Maior. The Accordion conta a história de dois pequenos irmãos artistas de rua que tocam acordeão para ganhar o seu sustento. Até que um dia eles não percebem que estão tocando ao lado de uma mesquita, fato considerado um desrespeito religioso, e tem seu acordeão confiscado por um homem intransigente. O filme é considerado uma reflexão sobre os temas da tolerância, não-violência e respeito as diferenças e foi inspirado no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião". O curta de Panahi sugere que o futuro está na solidariedade em vez do conflito.

The Accordion


Sinopse
Dois jovens artistas de rua em Teerã, um menino e uma menina, têm o seu acordeão confiscados após um incidente, o que eles devem aprender a aceitar, a fim de sobreviver.

Gênero Ficção
Diretor Jafar Panahi
Elenco Khadije Bahrami, Kambiz Bahrami
Ano 2010
Duração 9min
Cor Colorido
País Irã

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Grupo F - Bósnia curta-metragem

O nome oficial deste distante país é República da Bósnia e Herzegovina e, assim como a Croácia, fazia parte da extinta Iugoslávia. Dividida em duas regiões geográficas: Bósnia, na parte setentrional, uma região de montanha que encontra-se sob a cobertura das densas florestas; Herzegovina, na parte meridional, compõe-se, em sua maioria, de montes rochosos onde a atividade econômica praticada é a agricultura (fonte: wikipédia). País de uma região que passou por diversos conflitos, tornou-se independente somente em 1992, então sua história no cinema também é muito recente, porém, possuem um período cinematográfico pré e pós-Iugoslávia. A primeira tentativa da Bósnia-Herzegovina de fazer cinema foi em 1950 com o longa-metragem chamado Major Bauk. Já da retomada cinematográfica pós-independência, destaque para Terra de Ninguém (No Man’s Land, 2001) de Danis Tanovic, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2002; e para Gori Vatra, de Pjer Zalica, longa de 2003. A bela Angelina Jolie dirigiu recentemente o filme Na Terra de Amor e Ódio (In The Land of Blood and Honey-EUA, 2011), que trata sobre a Guerra da Bósnia. Também como curiosidade pode-se salientar que o cineasta Emir Kusturica, apesar de possuir nacionalidade Sérvia, nasceu em Sarajevo, na Bósnia.

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FLORESTA. Beleza dos Balcãs representada pela atriz do curta bósnio 
Já na parte de curtas-metragens, devo relatar a minha enorme dificuldade de encontrar algum que se adequasse a esta proposta. O principal fator contra novamente foi o idioma — como destaquei em outras postagens, países que têm mais de uma língua oficial normalmente me deixam atrapalhado nas minhas pesquisas. Na Bósnia se fala bósnio, croata e sérvio. Eu fui pelo mais lógico, se o país se chama Bósnia, devo procurar curtas em bósnio. Achei alguns filmes, todos carregados de assuntos ligados aos traumas dos conflitos étnicos e culturais da região. A maioria dos que achei pareciam ser de temática muçulmana e muitos tinham mais aparência de propaganda institucional do que curtas. Isso não seria problema, o problema é que grande parte tinha aspecto de filme amador, com alguns erros típicos de produções amadoras, como quebra de eixo, erros de continuidade, entre outros. Depois de quase postar o que me parecia melhor entre tantos que vi, tive um estalo e resolvi procurar em croata. Foi assim que tive uma grata surpresa e achei o curta (lá eles chamam de kratki film) de grande qualidade que compartilho aqui. O achado se chama Šuma (floresta em bósnio), um grande suspense que mostra o regresso de uma mulher a aldeia natal por conta da recente morte de sua mãe e, justamente, seu retorno mexe em algo que já parecia esquecido. Destaque pra fotografia e pra habilidade do jovem diretor Dajan Javorac que sabe conduzir bem este thriller bósnio sem abusar dos clichês do gênero.
Šuma


Sinopse
Depois da morte de sua mãe, Ružica retorna à sua aldeia natal. Durante a preparação do funeral, ela está tentando entrar em paz com seu passado, mas ele a persegue quando seu vizinho Sveta tenta vingar a morte de sua irmã.

Gênero Ficção
Diretor Dajan Javorac
Elenco Ena Radovanović, Srđan Šipka, Petar Miletić, Milica Vujović, Vanja Lazić
Ano 2012
Duração 14min
Cor Colorido
País Bósnia

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Grupo E - França curta-metragem

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A França e seu admirável cinema. É um cinema de tanta significância que qualquer coisa que eu escreva será pouco, então prefiro reproduzir trecho da Wikipédia sobre o cinema francês. "O cinema francês teve um papel importante na história deste meio de comunicação social, tanto em termos técnicos como históricos. Os primórdios do cinema contam com vários nomes franceses, entre os quais os se destacam os irmãos Ampére, não só responsáveis pelo estudo da corrente elétrica, mas também a invenção das primeiras câmeras, feito geralmente erroneamente atribuído aos irmãos Lumiére. No desenvolvimento do cinema como forma de arte, muitos dos filmes realizados na França são considerados marcos relevantes. Destaque deve ser dado às escolas vanguardista da década de 1920, ao realismo poético das décadas de 1930 e 1940, e à Nouvelle Vague a partir do fim da década de 1950" (fonte: wikipédia). Ademais da importância histórica, o cine produzido na França segue sendo o mais relevante da Europa em termos de público, números de filmes e de receitas geradas por suas produções.

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Prestemos ATENÇÃO. Personagem de Thierry Seban reavalia valores
Sendo a maravilha que é, não me custaria achar um curta-metragem francês pra postar aqui. Errado. Foi o mais difícil até agora, deixou-me esgotado e, confesso, que meu ânimo ficou bastante abatido. Considerei fortemente a possibilidade de não dar prosseguimento neste estafante desafio a que me propus. Não faltam courts-métrages na internet, complicado foi achar algum que se encaixara nesta proposta. Existem excelentes curtas franceses, muitos no subgênero que eles adoram: a comédia dramática (comédie dramatique). As dramédias (como alguns chamam) francesas tem grande quantidade de diálogos, nada contra, desde que o francês fosse idioma oficial no Brasil. Claro que tá cheio de gente que entende francês aqui, mas, assim como eu, a maioria não entende e isso não pode ser desconsiderado. Outro fator. O cinema curtametragista francês foi dominado por animações. Perfeito, eu adoro. No entanto, acho que ficaria esquisito ser a única animação, logo representando o país europeu que mais produz filmes. Os filmes que não continham diálogos ou eram muito antigos, o que quebraria a tentativa de uma mostra mais contemporânea; ou eram perceptivamente amadores, o que daria um aspecto irregular levando em conta o nível das produções dos outros países aqui postadas. Tá, chega de chororô! Após horas e mais horas procurando e assistindo curtas (o chororô já não tava encerrado?), eis que surge este pequeno filme, do qual eu nem vou falar muito já que me estendi nas lamúrias. O curta Soyons Attentifs mostra a tensão vivida por um homem quando embarca outro passageiro no mesmo vagão de trem que ele viaja. Thierry Seban, além de dirigir, interpreta este cara assustado com a insistência do homem que lhe pede um pedaço de papel. Poucos diálogos, com legendas em inglês, mas fácil de entender.
Soyons Attentifs


Sinopse
Um homem, um trem no meio da noite ... E tudo pode acontecer, até mesmo o impensável.

Gênero Ficção
Diretor Thierry Sebban
Elenco Thierry Sebban, Josselin Siassia
Ano 2004
Duração 7min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País França

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Grupo E - Equador curta-metragem

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Junto com Chile, o Equador é um dos dois países sul-americanos que não fazem fronteira com o Brasil. Talvez isso seja um dos fatores que contribuam pra não termos muito contato com a cultura equatoriana. Um dado interessante  é que, por causa das Ilhas Galápagos, a República del Ecuador foi considerado o país de maior biodiversidade do mundo por unidade de área. Falando de cinema equatoriano, pode-se dizer que nestes últimos anos tem vivido seu auge por conta de uma conjunção de fatores: o incentivo de políticas públicas, a criação de escolas audiovisuais, o reconhecimento internacional de algumas de suas produções e o interesse do público equatoriano pelo cinema nacional. Esse crescimento tem como marco o longa Ratos, Ratones, Rateros (1999), de Sebastián Cordero. O sítio da BBC Brasil em 2010 escreveu "Cinema do Equador desponta com foco em imigração e ajuda do governo", detalhando sobre o fenômeno do cine equatoriano e sua temática. Já a matéria "Cinema equatoriano vive auge com 182 filmes em 5 anos", publicado em 2011 pelo portal Terra, fala dessa ascensão.

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À ESPERA. A jornada de uma menina em curta equatoriano
Não é à toa que apresento aqui uma das mais bonitas produções que tenho assistido nessa minha solitária e maluca busca por curtas-metragens dos países que jogam a Copa do Brasil. Foi de cara, o primeiro que vi, nunca imaginei que seria tão fácil achar um curta equatoriano pra postar aqui. Uma maravilha que, inicialmente, nos contempla com a beleza da paisagem do Equador. Já de início percebe-se uma fotografia diferenciada, que privilegia os espaços, o lugar, a natureza. Em seguida surge uma garotinha linda, vestindo roupas típicas da região com cores intensas. En Espera mostra a longa jornada que a menina faz pra se deslocar da zona rural até a cidade. Sem pressa, valorizando o percurso com planos abertos e longos pra um filme de quinze minutos, a jovem diretora Gabriela Calvache conduz seu curta com a experiência de um veterano e com rara propriedade apresenta uma história comovente e intimista. Emocione-se com este curta que conquistou diversos prêmios mundo a fora.
En Espera


Sinopse
Entre a cidade e o interior, formas modernas e sutis de escravidão se desenrolam. Uma garota espera, na beira da estrada, pelo caminhão que vai levá-la à cidade.

Gênero Ficção
Diretor Gabriela Calvache
Elenco María Sol Barragán, Juan David Mayorga, Orlando Barrionuevo, Rosa María Sevilla
Ano 2010
Duração 15min
Cor Colorido
Bitola HD
País Equador

Grupo E - Honduras curta-metragem

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Honduras é um país da América Central, tá certo. Daí eu te pergunto, sabe o que significa Honduras? A palavra Honduras vem do espanhol e significa "profundezas" (no singular, hondura), em referência às águas profundas no litoral sul do país (fonte: wikipédia). Agora sobre o cinema hondurenho. O nome mais importante da cinematografia da República das Honduras é o falecido cineasta Sami Kafati, autor do primeiro filme hondurenho, um curta-metragem experimental produzido em 1962. Li algumas reportagens e blogs hondurenhos especializados pra buscar informação, também assisti aqui na internet vários trailers da recente onda de filmes hondurenhos. Apesar de interessante — têm filmes de variados gêneros, do terror até cine policial, não achei nada que pudesse destacar aqui. Parece que eles ainda não possuem um filme que tenha ganhado projeção internacional. Não que isso seja indicativo de cinema de qualidade, talvez o mais importante é que eles, neste momento, com um cine em ascensão, consigam desenvolver internamente algo com identidade.

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SOFRIMENTO. Cena de El Profe, curta hondurenho
O curta selecionado pra representar Honduras nesta Copa de Curtas do Outro Cine, mostra o dilema de um professor do ensino médio que sofre ao ser testemunha do drama de um aluno. Acho difícil que algum professor não se identifique com este tema tão universal, algo que poderia ser em qualquer escola latino-americana. O professor fica em dúvida sobre até que ponto deve interferir na vida do garoto. Ao ficar impotente frente ao caso, ele é atormentado por um sentimento de omissão. El Profe ganhou o prêmio de melhor cortometraje e melhor fotografia num festival promovido por um importante jornal hondurenho.

El Profe


Sinopse
Professor da escola vê passar diante de seus olhos a tragédia sofrida por um de seus alunos e vizinhos.

Gênero Ficção
Diretor Angel Maldonado
Elenco Jorge Osorto, Bryan Rodezno, Diego Rivera
Ano 2012
Duração 8min
Cor Colorido
País Honduras

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Grupo E - Suíça curta-metragem

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A neutralidade sempre foi a marca registrada da Suíça, conhecida também pelo queijo, chocolate, relógios e o famoso canivete. Entretanto, se depender do futebol e do cinema, talvez o país dos Alpes nem constasse no imaginário popular. Sem uma cinematografia marcante, a Suíça se especializou em documentários, já no cinema de ficção é marcada por coproduções. Pra não ser injusto, podemos citar Jean-Luc Godard, cineasta franco-suíço que viveu a infância e juventude na Suíça, mas que teve toda sua carreira baseada na França. 

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O Começo do FIM. Nem tudo é o que parece em curta suíço
Ter o alemão, francês e italiano como línguas oficiais dificultou minha busca por curtas-metragens produzidos na Suíça. Afinal, devo procurar por kurzfilm, court-métrage ou cortometraggio? Até esses tradutores de sites tem dificuldade de traduzir páginas que contenham conteúdo escrito em mais de um idioma, coisa que apareceu muito. No entanto, fui agraciado com o meu achado e se a qualidade deste promissor cineasta curtametragista conseguir se traspassar para longas-metragens, creio que há esperança pro cinema suíço. O filme se chama Le Début de la Fin, traduzindo para o português seria "o começo do fim", nome emblemático que dá pistas sobre o fim de uma relação. Um casal, um amigo e muitas fotos. Elisa carrega consigo uma Polaroid e tira foto de tudo a cada instante. Embaralhe essas imagens e tente entender, a partir das fotos, o que aconteceu. É isso que se desenvolve em Le Début de la Fin, com uma montagem vertiginosa e labiríntica pode ser que nada seja o que parece ser. Destaques justamente pra fotografia e montagem.

Le Début de la Fin


Sinopse
Elisa, Oscar e Arthur estão caminhando para uma queda. Na calada da noite começa um jogo de poder e sedução perigoso em que Elisa puxa as rédeas. O polaroide que ela nunca para de usar expressa seu prazer em confundir a questão.

Gênero Ficção
Diretor Jean-François Vercasson
Elenco Mark Kelly, Isabelle Caillat, Jean Vocat
Ano 2011
Duração 17min
Cor Colorido
Bitola HD
País Suíça

terça-feira, 17 de junho de 2014

Grupo D - Uruguai curta-metragem

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Bicampeões mundiais no futebol, o Uruguai parece ter ficado pra trás com suas glórias no esporte mais apaixonante do mundo. No entanto, no que se refere a política e direitos civis, la República Oriental del Uruguay, está e sempre esteve na vanguarda, anos-luz de qualquer país do continente. Foi o primeiro país a legalizar o divórcio, o segundo país da América a conceder às mulheres o direito ao voto. Também foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e a permitir a adoção homoparental. A segunda nação sul-americana a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o primeiro do mundo a legalizar o cultivo, a venda e o consumo de cannabis (Fonte: Wikipédia). Já no cinema, infelizmente a produção é pequena como o tamanho de seu território. Destaca-se o ótimo Whisky (2004) ganhador de dezenas de prêmios internacionais, lamentavelmente, dois anos após sua realização, o filme perdeu um dos seus promissores diretores, Juan Pablo Rebella suicidou-se em 2006. Do cinema contemporâneo uruguaio destaque também para El Baño del Papa (2007), coproduzido com o Brasil, Gigante (2009) coprodução internacional; do mesmo modo poderíamos considerar Plata Quemada (2000), filme argentino, filmado e coproduzido no Uruguai.

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INVASÃO. Capital uruguaia é invadida por robôs alienígenas
Nos curtas-metragens, o grande sucesso da produção uruguaia é um breve filme de cinco minutos que ganhou destaque mundo afora pela qualidade de seus efeitos visuais. A produção custou impressionantes 300 dólares, valor impensável pelo realismo das cenas. O cortometraje chama-se Ataque de Pánico! e mostra a descentralização das invasões alienígenas, nada de Nova Iorque, desta vez é Montevidéu que é arrasado por robôs gigantes. O curta chamou tanta atenção, que seu diretor Federico Álvarez logo recebeu convites dos grandes estúdios como Dreamworks, Fox e Warner. Hoje em dia é conhecido por Fede Alvarez e foi o diretor e co-roteirista do remake de Evil Dead.
Ataque de Pánico!


Sinopse
Montevidéu é atacada por uma legião de robôs gigantes alienígenas.

Gênero Ficção
Diretor Federico Álvarez
Elenco Diego Garrido, Pedro Luque, Rodo Sayagues
Ano 2009
Duração 5min
Cor Colorido
País Uruguai

Grupo D - Costa Rica curta-metragem

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Costa Rica é um país centro-americano, o idioma oficial é o espanhol e... Acho que é o que lembro nesse momento. Graças a companheira Wikipédia aprendi que a Costa Rica é o único país da América Latina incluso na lista das 22 democracias mais antigas do mundo e aboliu o seu exército em 1948. O paraíso é logo ali e eu nem sabia! Sobre o cinema, apenas descobri que a  maior bilheteria na história do cinema costarriquenho é de um filme feito lá, chamado Gestación (2009), dirigido por Esteban Ramírez. Se quiser dar uma olhada no trailer clica aqui.

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Night Club HOLLYWOOD. Cena de Carnada, curta costarriquenho
O curta-metragem costarriquenho selecionado chama-se Carnada, filme de 2012 que a principio é o ponto de partida do longa-metragem Cacería, ainda em fase de captação de recursos e que provavelmente será rodado este ano. Independente do longa, o curta tem vida própria e foi filmado nas ruas da capital San Jose e dentro de um night club, frequentado por Rafa, homem de meia-idade divorciado que nutre uma paixão obsessiva pela deslumbrante stripper Melissa, interpretada pela linda Johanna Vargas. O destaque do filme fica por conta da sensual apresentação de pole dance que Johanna, que é bailarina de dança contemporânea, dá na boate curiosamente chamada Hollywood. Dirigido por Carlos Benavides, o curta fala de amor e solidão. Uma rara oportunidade pra que nós brasileiros possamos assistir um pouco do desconhecido cinema produzido na Costa Rica, aproveita.

Para ver CARNADA clique aqui (Infelizmente Carlos Benavides não deixou liberado o código de incorporação do vídeo)

Sinopse
Na hora mais solitária da noite, Rafa vai ansiosamente atrás da mulher que ama.

Gênero Ficção
Diretor Carlos Benavides
Elenco Oscar Arce, Johanna Vargas, José Andrés Alvarez Sanóu, Carina Zúñiga Rodríguez
Ano 2012
Duração 12min
Cor Colorido
Bitola HD
País Costa Rica

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Grupo D - Inglaterra curta-metragem

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Chega a vez da Inglaterra. O país que inventou o futebol está no complicado grupo D. Considerando além do futebol, existem admiradores da cultura inglesa em todos os recantos do mundo, principalmente no que se refere a música. Já no cinema, apesar dos grandes cineastas, dos filmes memoráveis e atores reconhecidos, o cinema inglês não goza do prestígio, por exemplo, de um cinema francês. Um artigo de Gilles Jacob (crítico, escritor e diretor), intitulado O Cinema Inglês (2011), comenta esse fato e já de cara dispara uma citação de François Truffaut: “O cinema inglês não existe”. O artigo trata de reconsiderar a polêmica frase de Truffaut e se posiciona sobre isso demonstrando que não é bem assim. Jacob enumera as diversas fases e os feitos cinematográficos da Inglaterra. Pra quem tiver curiosidade, o artigo está disponível na página do Festival de Cannes.

Drama CONTEMPORÂNEO. Violência e medo em curta inglês
Aqui vai uma pequena amostra pra contrariar Truffaut. O curta-metragem (short film) selecionado pra representar a Inglaterra nesta Copa de Curtas ganhou trinta e oito premiações em festivais, incluindo o Prêmio Internacional do Júri no Sundance Film Festival, nada mal pra um filme de um cineasta iniciante. O curta em questão chama-se Soft, que ao contrário do nome, é denso e faz pensar sobre medos que julgamos superados. Um crítico do The Guardian refere-se ao filme como chocante e violento e intimamente perturbador; já outro da Shots Magazine repara na habilidade do diretor de "extrair performances convincentes, muitas vezes de jovens atores inexperientes e não-profissionais". Soft inicia com um plano-sequência de uma perseguição, em seguida testemunhamos o espancamento de um jovem, que tem a dureza da cena reforçada pelo realismo documental da imagem conferida pelo aspecto de vídeo filmado por celular. Após isso entramos na casa e na realidade deste garoto que vive com o pai. O filme tem diálogos em inglês e não possui legendas, mas até eu que não entendo nada mesmo do idioma consegui entender, talvez aí a vantagem do inglês britânico. O diretor Simon Ellis sabe conduzir seu filme e, apesar da temática violência-jovem-gangue, ele não cai na tentação de transformar o filme em videoclipe, dirigindo-o de forma ponderada e acadêmica. Isso não é demérito, pelo contrário, assim ele dá o tom certo, conseguindo dirigir os atores e tirar deles grandes interpretações. Sinto dificuldade de comentar mais sobre o curta com o temor de revelar além do que deveria, mas creio que o filme lida com os terrores internos que todo mundo já viveu, porém, só não sabe se superou.


Sinopse
Quando um pai e filho são aterrorizados de forma independente pela mesma gangue de jovens, pai é forçado a lidar com os medos que ele não teve de enfrentar desde que deixou a escola, redescobrindo seu medo de confronto no pior momento possível.

Gênero Ficção
Diretor Simon Ellis
Elenco Jonny Phillips, Matthew O'Shea, Michael Socha, Ashley Marshall, Luke Kingston, David Harrison, Jess Buxton, Zara Hearnshaw, Kiddus Salassie
Ano 2007
Duração 14min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Inglaterra

Grupo D - Itália curta-metragem

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A Itália, poderosa no futebol e no cinema, coleciona grandes nomes em ambos. Seria injusto citar cineastas italianos, sempre faltaria algum nome, se bem que este humilde blog não se propõe e nem tem a pretensão de ser um compêndio do cinema. Mas pode se dizer que a importância do cinema italiano é inestimável. Influenciou desde Glauber Rocha, com o Neorrealismo italiano, até Tarantino, com Spaghetti western. Num artigo da Wikipédia há uma comparação simplista entre o cinema italiano e o brasileiro, constatando semelhanças entre os dois. Segundo o artigo, o cinema na Itália "foi muito popular dos anos 50 aos anos 70. Ao longo dos anos 70, a Itália fazia muitas comédias populares, e o Brasil fazia a comédia pornochanchada. O gênero de comédia popular na Itália era hegemônico, derrotando até mesmo os filmes de Hollywood". E segue dizendo que depois disso o mercado local despencou perdendo espaço pra produções hollywoodianas e que nas décadas de 80 e 90 o cine italiano praticamente desapareceu, restringiu-se a filmes de arte. A retomada veio faz pouco e recentemente as produções italianas voltaram a ter grandes bilheterias.

LIRISMO. Curta italiano transforma rugby em poesia visual 
Seguindo no meu desafio, il cortometraggio a rappresentare l'Italia! Na minha constante garimpagem eis que encontro uma preciosidade, um belíssimo (com direito a entonação italianada!) filme, que salvou minhas longas horas de busca. O curta se chama La Partita Lenta, dirigido pelo aclamado Paolo Sorrentino, que no currículo traz filmes como As Consequências do Amor (Le conseguenze dell'amore, 2004), que lhe conferiu prestígio internacional, e A Grande Beleza (La grande bellezza, 2013), produção vencedora do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2014. La Partita Lenta traz a tona o dia de uma equipe de rugby, um esporte com fama de violento, mas, a contraste disso, o que se vê é poesia, um lirismo que os olhos de Paolo Sorrentino conseguem transmitir em preto e branco. Sorrentino domina a linguagem cinematográfica e utiliza com maestria planos e movimentos de câmeras, além de saber explorar as pausas e o silêncio que o ajudam captar cada detalhe do que ele quer dizer sem explicitar nada, ou quase nada. É curioso o realismo mesclado com a ficção, pois, nas filmagens foram utilizados ​​jogadores reais de rugby, pertencentes a uma equipe de série B de Roma. Talvez o curta deixe muitas perguntas para os que não percebem as entrelinhas, no entanto, o que dá pra saber é que presenciamos os momentos que antecedem a uma partida e ali há uma explosão de sentimentos, entre eles, companheirismo. O resto não precisa de respostas, os dez minutos de primor estético que o diretor nos presenteia não precisam de conclusões.
La Partita Lenta


Sinopse
Em uma atmosfera entre ficção e realidade, um jogo de rugby nos subúrbios se torna a alegoria da luta diária de uma família italiana contra as provações e tribulações da vida.

Gênero Ficção
Diretor Paolo Sorrentino
Elenco Monica Dugo, Roberto Bernardini, Renato Gnani, Francesco Iacorossi, Flavio Gregori
Ano 2009
Duração 10min
Cor P&B
Bitola 35mm
País Itália

sábado, 14 de junho de 2014

Grupo C - Colômbia curta-metragem

corto, curta, short filmeNesta Copa de 2014 vemos jogadores da seleção brasileira orgulhosos exibindo seus belos cabelos estilo black power, algo que a vanguardista seleção colombiana, décadas atrás já ostentava, com seus jogadores e suas melenas volumosas transgredindo os padrões vigentes. Naquela época a Colômbia era alegria e irreverência e não dá pra esquecer figuras como Higuita e Valderrama. Sobre o cinema eu ia falar do filme Maria Cheia de Graça (María, llena eres de gracia, 2004), mas descobri que é uma coprodução colombiana-estadunidense, filmada no Equador e, ademais, o diretor é americano. Então creio que não posso citar como exemplo de cinema colombiano. Entretanto, pra quem dá valor pra Oscar e coisa tal, pode-se destacar que a protagonista de Maria Cheia de Graça, a atriz colombiana Catalina Sandino Moreno, foi indicada ao Oscar de melhor atriz em 2005 por esse filme, tornando-se a terceira atriz hispânica a receber a indicação. O site MelhoresFilmes tem uma lista de filmes colombianos pra quem quiser conferir.

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Brincadeira de CRIANÇA. A violência é refletida em curta colombiano
O curta-metragem (cortometraje) colombiano que lhes apresento é o premiadíssimo Juego de niños. Com um elenco infantil, o curta mostra que meninos fazem o que sabem fazer: Brincar. A verdade é que por mais lúdico que sejam, normalmente as brincadeiras infantis refletem a realidade em que as crianças estão inseridas. Como garotos de qualquer lugar do mundo, estes pequenos colombianos brincam de guerra, a diferença é que estes jogam como se fossem paramilitares. Dirigir um elenco composto por crianças não deve ser algo fácil, tirar atuações convincentes de atores de pouca experiência é complicado, porém, o diretor e roteirista Javier González consegue extrair o melhor de seus atores mirins. Pra que o espectador entre na imaginação das crianças, Juego de niños apresenta um grande trabalho de pós-produção, com edição ágil e efeitos visuais bem interessantes. Filme bem acima da média, destaque também pro som e fotografia.
Juego de Niños


Sinopse
Pelo controle de um ursinho de pelúcia, a guerra de dois bandos de meninos se transforma num jogo perigoso pra eles.

Gênero Ficção
Diretor Javier González
Elenco Jhon Lopez, Santiago Rodriguez, Juan Niño, Maria Alejandra Rubio, Daniel Jimenez, José Luis Cano
Ano 2011
Duração 10min
Cor Colorido
Bitola HD
País Colômbia

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Grupo C - Grécia curta-metragem

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Chegou a vez da Grécia. Pra quem, como eu, não sabia, o nome oficial do país é República Helênica. Hoje tá difícil de escrever algo, bloqueio mesmo. A Grécia é considerada o berço de toda a civilização ocidental. Como tal, é o local de origem da democracia, da filosofia ocidental, dos Jogos Olímpicos, da literatura ocidental, da historiografia, da ciência política (essa parte toda é da Wikipédia mesmo, como disse, hoje tá difícil escrever). Pesquisando achei dois sites bacanas que tratam sobre o cinema grego. O Cinetoscópio traz uma lista dos dez filmes que um dos seus colunistas julga essenciais do cinema grego. E o Obvious, na coluna dedicada a sétima arte faz um apanhado do cinema helênico contemporâneo, onde constata que apesar da atual crise econômica (ou, quem sabe, por conta dela), a Grécia, dentro das telas, vive um de seus momentos mais criativos.

PET SHOP. Curta-metragem grego traz importante reflexão
Buscar curtas gregos foi uma surpresa pra mim. Não achei que seria tão difícil. Não pela escassez de produções, tem bastante coisa. O problema realmente é o idioma. E filmes falados em grego me deixaram com aquela cara de "parece que tá falando grego!". Piadinhas infames a parte, sabem como se escreve curta-metragem em grego? Torçam a língua: ταινία μικρού μήκους. A minha busca acabou quando achei o sensível e multipremiado Pet Shop. Tem poucos diálogos, mas todos são de fácil compreensão e vem com legendas em inglês. Um menino junta todos seus trocados e vai até uma loja comprar um bichinho de estimação, o problema é que os preços vão além do que ele conseguiu juntar. O tocante filme é do tipo que faz a gente repensar certos valores, principalmente em relação ao peso que se dá a aparência física.

Pet Shop


Sinopse
Nossa sociedade se aproxima e dá valor a vida de acordo com seus próprios critérios e os preços são de acordo a isso. Valoriza mais aparência do que substância.

Gênero Ficção
Diretor Michael-Gabriel Zenelis
Elenco Meletis Georgiadis, Thodoris Asimakis
Ano 2008
Duração 7min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Grécia

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Grupo C - Costa do Marfim curta-metragem

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Há quem diga que a Costa do Marfim é a melhor seleção africana nesta Copa. A principal esperança de gols da seleção da República da Costa do Marfim (République de Côte d'Ivoire) se chama Didier Drogba. Mas o que mais sabemos desta república? Vejamos, lá se fala francês. Como todos os países do continente africano, sofreu com a exploração europeia, neste caso, de Portugal e França. A interferência branca deixou a herança maldita: Pobreza e guerras civis. Mais do que isso, confesso envergonhadamente que não sei nada. Pesquisei no Google pra descobrir que o grande nome do atual cinema costa-marfinês (é assim mesmo que diz?) se chama Philippe Lacôte e sua grande obra é o longa-metragem Run (2014), que trata justamente sobre a guerra civil de uma década no país.

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Um minuto de SILÊNCIO. Drama em realista curta costa-marfinês
Achei que sofreria pra achar um court métrage da Costa do Marfim, mas não. Facilmente, apareceu sorrindo pra mim o curta chamado Une minute de Silence..., que foi postado no Youtube agora mesmo, neste último Abril, diga-se de passagem um belo achado. O filme mostra o funeral de uma vítima da recente crise que se instalou por lá em 2010. Logo após as eleições daquele ano, o país ficou dividido, tanto Laurent Gbagbo, então presidente, como seu oponente, Alassane Ouattara, proclamaram-se vencedores. Forças da ONU bombardearam algumas regiões e junto com forças francesas, incumbidas de intervir, entram em combate, do fogo cruzado resultou muitas mortes, inclusive do nosso protagonista. Rico tecnicamente, Une minute de Silence apresenta uma excelente decupagem e impressiona com o realismo de algumas tomadas, como aquela que se vê carros trafegando normalmente entre corpos estendidos na rua. Se eu entendi os diálogos do filme? Não, não entendo francês, mas compreendi tudo e percebo o quanto valeu a pena ficar quinze minutos em silêncio e assistir esta comovente produção costa-marfinense. Destaque também pra música final.
Une minute de Silence...


Sinopse
Une minute de Silence é uma história fictícia, mas os fatos e o contexto (ou seja, o bombardeio de campos militares e locais estratégicos em Abidjan por forças de paz da ONU e as forças francesas da operação Licorne) são inspirados por uma história real.

Gênero Ficção
Diretor Armand Breh
Elenco Stéphane Kousassi, Hortense Ahebee, Yann-Patrick Konan, Nina Kramoko, Justine Langui, Guy Kalou
Ano 2014
Duração 15min
Cor Colorido
País Costa do Marfim

Grupo C - Japão curta-metragem

curta, short film corto japonêsO Grupo C passa a impressão de ser um dos mais equilibrados desta Copa. O Japão tem grandes chances de avançar pras demais fases. Não sei o nome de nenhum jogador nipônico. Agora se tu me perguntar se eu conheço cineastas japoneses, sou incisivo como uma espada samurai: Akira Kurosawa, Takeshi Kitano, Tizuka Yamasaki (uou, acho que ela não conta como japonesa!). O cinema japonês não vive só de ninjas assassinos, monstros gigantes e samurais buscando reaver a sua honra, existe uma diversidade no cinema do sol nascente que foge das telas do cinema ocidental e por estes lados chegam mais as produções dos diretores consagrados.

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SIMETRIA. Curta japonês mostra obsessão compulsiva
Se eu disser que curta-metragem em japonês se escreve 短編映画 vocês acreditam? Eu não, mas foi um tradutor online que me disse! Representando o Japão nesta Copa de curtas que, absorto na minha falta de juízo, resolvi fazer durante a Copa do Mundo de futebol, apresento o premiado Right Place. Um cara envolto no seu transtorno obsessivo compulsivo não consegue enxergar o mundo além da busca pela simetria. Apesar de atrapalhar a sua vida, o TOC não é algo que parece lhe incomodar. Right Place é conduzido com maestria, as repetições do personagem se transformam quase que em música e, pessoalmente, nunca vi nada na ficção que mostre alguém com TOC ser tão bem representado como neste pequeno filme japonês; só alguém com este maldito transtorno pra perceber. Sim, talvez eu estar às cinco e meia da manhã, do dia que começa a Copa, procurando curtas que talvez ninguém assista aqui, pode indicar um forte traço de transtorno obsessivo compulsivo. Porém, se eu tivesse dormindo, nunca teria escutado essa linda frase dita pelo personagem japonês: – Assim como há um lugar certo para tudo em volta de mim, tem que ter o lugar certo para mim em algum lugar...
Right Place


Sinopse
Em RIGHT PLACE há um excêntrico trabalhador numa loja de conveniência cuja obsessão pela colocação de objetos no seu devido lugar lhe trará uma súbita e inesperada mudança na carreira.

Gênero Ficção
Diretor Kosai Sekine
Elenco Osamu Tsuji, Tsuyoshi Ohishi, Megumi Komatsu, Risa Mizutani, Kouji Yashiro
Ano 2005
Duração 5min
Cor Colorido
País Japão

Grupo B - Espanha curta-metragem


corto españa, curta, short filmQuem gosta de um bom filme, no mínimo sabe o nome de dois ou três diretores espanhóis. Com craques no campo e atrás das câmeras, a Espanha há tempos apresenta qualidade pra fãs do futebol e pra cinéfilos. Luis Buñuel (nasceu espanhol, morreu mexicano), Bigas Luna, Carlos Saura, Pedro Almodovár, Julio Medem, Alejandro Amenábar (este chileno, mas criado na Espanha), só pra ficar em alguns nomes.

Focando nos curtas-metragens, não sei precisar se a produção espanhola é maior que a brasileira, mas, talvez, na internet haja mais curtas espanhóis do que brasileiros. Parece que na Espanha estão mais avançados nesse aspecto que compreende que um filme é feito pra ser visto. Curta-metragem tem espaço limitado, vinculá-lo somente a festivais e deixá-lo preso a um restrito público frequentador desses eventos, é decretar a sua morte antecipada. A impressão que dá, que alguns realizadores daqui contentam-se em colecionar participações e menções em festivais e depois deixam, no que parece ser um sentimento possessivo, suas fitas guardadas em casa. Já os espanhóis têm inclusive um festival, o Notodo Filmfest que tem como regra que todos os curtas concorrentes fiquem disponíveis na internet desde o início do concurso e continuam depois do término do mesmo, como acervo que qualquer pessoa do mundo pode ver. Isso não é recente, o primeiro ocorreu em 2001 e já está na 11ª edição, com os participantes de todas edições à disposição.

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O que você quiser OUVIR. Sofía é uma mulher desolada
O corto selecionado pra representar a terra da Penélope Cruz no OutroCine chama-se: Lo que tú Quieras Oír. No entanto, antes de falar propriamente sobre a temática, peço permissão pra contar algumas curiosidades. O curta foi rodado em apenas um dia com uma equipe de 15 pessoas, numa única locação e com uma só atriz. Ao invés de fazer aquele caminho tradicional de todo curta-metragem, o jovem diretor Guillermo Zapata, decidiu não passar pelas dezenas de festivais e lançou o filme direto na internet, e mais, com uma licença Creative Commons (CC), não comercial, que permite copiar, distribuir e reproduzir livremente sem fins comerciais, em alternativa ao tradicional copyright (©). Quando completou dois anos no Youtube, Lo que tú Quieras Oír já se havia tornado um dos cinco mais vistos da história, o único de ficção entre os 20 mais do YouTube e também o único em espanhol. Fenômeno que, logo repercutiu fora da web, despertou o interesse de uma rede de cinemas local e o filme foi projetado em salas de cinema. Chega, vamos ao que interessa! Lo que tú Quieras Oír é um filme que conta de forma singela o drama vivido pela professora Sofía. Após um dia de trabalho como tantos outros, Sofía tem um recado na secretária eletrônica que irá abalar o seu lado emocional. É um filme valente, com méritos dentro e fora da tela, não é à toa que ainda figura entre os curtas mais assistidos da internet.
Lo que Tú Quieras Oír


Sinopse
Algo acontece com Sofía que a obriga a escolher entre a realidade, a ficção ou algo entre ambas coisas. Lo que tú Quieras Oír é uma história de amor sobre a relação entre a ficção e a realidade.

Gênero Ficção
Diretor Guillermo Zapata
Elenco Fátima Baeza, Adela Gutiérrez (voz off), Juanma López (voz off)
Ano 2005
Duração 7min
Cor Colorido
País Espanha

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Grupo B - Holanda curta-metragem

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A Holanda é uma das fortes seleções do Grupo B e desde que sua seleção ganhou o apelido de Laranja Mecânica (em alusão à obra homônima de Stanley Kubrick) sempre constou entre as favoritas da Copa, mesmo sem nunca ter ganho uma. Já vi alguns filmes holandeses, dos quais, infelizmente, não lembro os nomes, porém, como poderiam sugerir as más línguas, não é por frequentar algum coffeeshop em Amsterdã, falha-me a memória talvez por dormir tão pouco. Aqui tem um saite chamado Melhores Filmes, que listou um ranking de produções holandesas, na qual desconheço o critério de qualificação, se quiser confere aqui.

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TÉDIO. Roupas que não secam em Nat, curta holandês
Assisti anos atrás um curta holandês bem bacana, o meu favorito pra esta postagem, a lástima é que ele estava no Google Vídeos, que deixou de existir, e não o localizei em nenhum outro lugar. Como lembrava que o filme girava em torno da bela música Dos Gardenias, na busca por ele, por coincidência, achei outro curta-metragem (korte film no holandês) que tinha essa canção como trilha. Só tinha duas cópias dele, ambas no Youtube, uma com uma qualidade inferior de áudio e vídeo e outra com boa qualidade mas incompleto – além de faltar os créditos ele foi cortado dois segundos antes de acabar. Pode parecer pouco, entretanto, me incomoda a interrupção abrupta do vídeo, faltando o significativo olhar final de um dos personagem. Com o dilema de qual deveria postar, a cópia ruim, porém, completa, ou a cópia boa e incompleta, optei pela primeira. O filme em questão chama-se Nat e mostra o cotidiano de um homem que trabalha num lixão. O seu tempo se divide entre o trabalho, o amor secreto que nutre pela vizinha e seu sério problema em secar roupas.

Nat


Sinopse
Um homem tenta secar as roupas dele, há apenas um problema... ou não há?

Gênero Ficção
Diretor Iván López Núñez
Elenco Tamar van den Dop, Nico de Vries
Ano 2005
Duração 9min
Cor Colorido
País Holanda

Grupo B - Chile curta-metragem

Cortometrajes, curtas, short film
O chamado grupo da morte desta Copa do Mundo é justamente o Grupo B, no qual o Chile se encontra. A seleção chilena precisa superar Espanha, Holanda e Austrália pra ficar em primeiro da sua chave e ainda torcer pra que o Brasil, seu verdadeiro carma futebolístico, igualmente se classifique em primeiro do grupo A pra não enfrentá-lo na próxima fase. Dessa forma ao menos seriam duas seleções sul-americanas com chances de seguir em frente sem a necessidade de uma ter que eliminar a outra. Agora o cinema. A produção chilena talvez viva o seu maior momento. Dominado por jovens cineastas que aprenderam a contar histórias sensíveis com roteiros mais introspectivos, o cine chileno vem conquistando diversos festivais internacionais. Segundo matéria de 2012 do jornal O Globo, o "Chile faz o cinema mais interessante da América Latina". Lamentavelmente por estes lados chega pouco dessa nova safra de longas chilenos.

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Mundo de SONHOS. Roberto Farías em El Tesoro de los Caracoles
Enfim, vamos ao cortometraje que representa o Chile nesta Copa do Mundo de curtas-metragens do OutroCine. O selecionado se chama El Tesoro de los Caracoles e tem como figura central Quique, um rapaz com deficiência intelectual que acredita ter encontrado um tesouro guardado por caracóis. O filme transita entre o drama e a comédia. A incapacidade do jovem de discernir fantasia e realidade comove, ao mesmo tempo que é engraçado ver a estupidez ingênua de Quique, que mora com um pai passivo e a mãe superprotetora. Com uma baita fotografia e interpretação convincente de Roberto Farías, não é difícil entender como El Tesoro de los Caracoles faturou uma dezena de prêmios pelos mais de 30 festivais que participou. Entre no mundo de Quique e se delicie com uma chuva de sonhos.
Yerko Herrera
El Tesoro de los Caracoles


Sinopse
Depois de encontrar um tesouro valioso, Quique comete um crime. Sua mãe traça um esquema para encobrir o crime e manter as jóias.

Gênero Ficção
Diretor Cristián Jiménez
Elenco Roberto Farías, Luz Jiménez, Hugo Medina, Alejandro Trejo
Ano 2004
Duração 15min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Chile