segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Longa Brasileiro Arrisca-se no Abstrato

Saiu lá no Overmundo uma postagem sobre o longa-metragem Kynemas, de Pedro Paulo Rocha, certamente um filme bem complicado.

kynemas, filmes in fluxos
por rsaito

"conectar o cinema às
geografias urbanas e cyberais."

Nesse seu longa de estréia o cineasta e artista multimídia, Pedro Paulo Rocha, nos propõe 80 minutos de imersão sensorial em um kaos plástico e sonoro.Quem espera ver um filme realista, onde personagens vivem estórias, será surpreendido por um fluxo ininterrupto de imagens e sons, com muita cor e música em ritmo alucinante. A câmera mergulha em um oceano de abstrações e cores na paisagem urbana.

Filme concebido para ser uma obra eletrônica in progress; kynemas é um manifesto plástico sonoro sobre as formas nascentes de cinema na contemporaneidade; Um filme ininterrupto para constantes novas versões, jogos de armar na internet, com teclados interativos, redes de artistas, memória eletrônica, ciclo de exibição e laboratórios de tvs digitais.

"Estamos diante da emergência de novos cinemas expandidos,
de cinemas para hipertelas, suportes virtuais, interativos, móveis".

"O cinema está na pele da subjetividade contemporânea, cada vez mais miscigenado na cotidianeidade do vídeo, da música e do computador. Sub way, kynemasvideos palimpsestos".

Na fronteira entre artes plásticas, cinema e arte eletrônica, kynemas sugere ao espectador uma experiência única com a percepção. O artista define o filme como "uma provocação plástica para olhos e ouvidos livres; Um invento de pura vibração, de cor e luz, mas também de sangue e fúria. É uma sinfonia urbana, anarcocromática, que nasce dos ritmos das imagens e da cidade."

"O filme é um gesto poético que não exclui a violência da imaginação contra o absurdo e o horror que essa sociedade produz.
Nesse sentido, as cores e as músicas do filme sangram".

Kynemas foi realizado eletronicamente na montagem, mistura samplers, re-criações plásticas e derivas de filmagens pela cidade.

O filme experimenta "as passagens sensorias", de uma linguagem a outra. dilata o espaço sensorial da cidade, mistura música, artes plásticas, fotografia, vídeo, arquitetura, mares de cores, ruídos e ataques sonoros, rajadas de imagens e músicas, fragmentos de memória. Dziga Vertov, Stan Breakhage, Godard, Ozualdo Candeias, Glauber Rocha entrelaçados através de frames e paisagens, melodias, canções, derivas, música eletroacústica, vozes, poesia sonora, fotogramas, catástrofe e lixo urbano.

Máquinas ritmicas de montagem, percussão com gotas. pianos.chuvas. Sons de ferros. filmagens ao acaso. Imagens filmadas na moviola. Pixel. Tv. Cinema. Textura de imagens. Vitrais criados com telas sobrepostas. Fusões sobre fusões. Contraponto e assincronia entre imagem e som.

"O processo de criação foi marcado por um movimento de desconstrução da estrutura fechada do filme ".

"A imagem como música eletrônica , elementos ritmicos que podem se recombinar; e a música como imagem manipulável, montagem, massas plásticas que se justapõem e se chocam; samplers, assemblagens, readmade-visual-sonoro."

O processo de montagem foi levado as últimas conseqüências.
O filme passou a ser uma memória live do processo de criação; De uma partícula sonora, a um frame, a um micro-filme, todo o material pode compor a galáxia de possiblidades e se retraduzir dentro da obra in fluxo. O processo seria ininterrupto, "infinito ao cubo" , através de uma rede de conexões de memórias abertas e compartilhadas.

Kynemas foge as definições e preconceitos do que seria ou não seria cinema.
Esse filme poderia ser chamado de "pintura eletrônica ou grafismo urbano; não importa se é artes plasticas, cinema ou uma experiência no espaço, instalação, imersão; o que importa é sugerir um contra fluxo nômade em que uma linguagem pode sugerir outra, misturando o que está separado. Tudo pode ser cinema; kynemas é imagem e som em movimento. É música. Arquitetura. É limite, experiência. Cinema, quasi-cinema.

"O nome kynemas foi escolhido para marcar novas formas de cinemas nascentes nessa contemporaneidade tecnológica. Um gesto plástico para amplificar as possibilidades de se fazer cinema na atualidade".

Ser um cineasta na era eletrônica é ser "um experimentador de linguagens, um artista cross-over que atravessa todos os meios sem fronteiras. O cinema se transformou em arte híbrida cada vez mais , que sempre incorpora outra."

O filme começa em um oceano de cores e pixel, pontuados por vozes de diferentes personagens e canções. Uma personagem imaginária que diz " vê como sonorizo isso", "o que os olhos não podem ver", " kaos", "kynemas" , " vc é a personagem sonora do filme" " uma personagem imaginária" " som", "imaginamos cidades".
“ em cada imagem existe também um invísivel a ser decifrado."

" Imagens quase-abstratas , com cores fortes, tempo sincopado, simulando uma atmosfera cósmica; imagens que praticamente transbordam a tela e explodem no espaço."

O filme exige esse esforço visual para vermos além da abstração;
" …e esse invisível é a própria cidade que vai surgindo; ganha contorno meio as abstrações aparentes um visível no mar urbano".

Viajamos em um roadmovie por São Paulo, invandindo universos mais documentais, filmando encontros inesperados com pessoas anônimas, moradores de rua; falas improvisadas para diálogos absurdos; cenas noturnas, duplos de imagens, vozes , " ver, vvvvvvvv, des, ver, rrr, desver, vermelho no vermelho", " um espelho reflete estilhaços da cidade", frames entrelaçados de frames em uma hiperficção sensorial…"

" disparo" " rajadas de sons e imagens"
"no corte que pisca um frame de instante."
kynemas
"ataques de imagens, rajadas de sons,"
"disparo" " num salto sem instante"

Fonte: Overmundo


Kynemas