terça-feira, 10 de julho de 2007

Discussão entre ética e estética no cinema no primeiro dia de Seminário

Mimmo Calopresti
III SEMINÁRIO INT. DE CINEMA E AUDIOVISUAL
Narrativa, poética, estética e política abrem os debates

Com destaque para a antecipação da palestra do cineasta italiano Mimmo Calopresti, o primeiro dia do seminário discutiu a relação entre ética e estética no cinema.

Eduardo Carvalho

SALVADOR - O III Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que acontece até o dia 14 em Salvador, teve início na manhã desta segunda-feira, 9 de julho, no Teatro Castro Alves. Na abertura, o público foi saudado por um vídeo com Naomar de Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia - UFBA, realizadora do evento; seguido dos secretários estaduais, Márcio Meirelles, da cultura e Domingos Leonelli Netto, do Turismo, e por Walter Lima, idealizador e realizador do Seminário.

Da grande tela, para a mesa no palco, a coordenação do trabalho matinal ficou por conta do doutor em Antropologia e Pró-reitor de Extensão da UFBA, Ordep Serra. Na mesa “A narrativa: de Griffth a Godard”, à composição previamente anunciada, somou-se o nome do diretor italiano Mimmo Calopresti, que falaria na terça, mas, por ter que antecipar seu retorno à Itália, abriu o seminário já revelando suas tintas políticas. Não por menos: o cineasta nascido no sul da Itália, veio à Bahia apresentar seu mais recente filme, exibido em Cannes em 2006, mas ainda inédito por aqui: Volevo solo vivere, um longa-metragem que documenta as vidas dos italianos que foram aos campos de concentração durante o regime de extermínio fascista italiano. Entrevistas com sobreviventes intercalam-se com imagens de arquivo que Spielberg, produtor do filme, coleciona desde antes de A Lista de Schindler.

Mimmo destacou que mergulhar no arquivo de imagens da fundação mantida por Spielberg e assistir às mais de 400 entrevistas, das quais nove foram selecionadas, aprofundadas e refilmadas pelo diretor, permitiu-lhe testemunhar, resgatar e sedimentar a memória de um episódio indelével da história da humanidade. Volevo solo vivere é o mais aguardado documentário da mostra do seminário.

Depois do diretor italiano, na mesa inteiramente estrangeira, reuniram-se Massimo Canevacci (La Sapienza de Roma), Michel Marie (Sorbonne) e o cineasta espanhol Fernando Trueba, Oscar de melhor filme estrangeiro de 93 com Sedução, para discutirem o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, suas transformações e a evolução da técnica e da estética que conduziram ao expressionismo e à montagem-narrativa inaugurada por Welles até a desconstrução da estrutura da linguagem narrativa proposta por Godard.

Na mesa da tarde, prevaleceu o elenco feminino e nacional. Mediados pela professora Eneida Leal Cunha (UFBA), Claude Murcia (Sorbonne), Olgária Matos (USP), Ivana Bentes (UFRJ) e o cineasta chileno Miguel Littin debateram “Poética, estética e política do filme”. A francesa apresentou seu estudo sobre a estética de Robert Bresson, Olgária reafirmou a importância da escola de Frankfurt para o debate, escolhendo trechos de Benjamin que ilustraram a cisão entre o objeto e sua representação na sociedade do espetáculo, Ivana, sempre preocupada em traçar paralelos com a abordagem dada pela imprensa ao tema, discorreu sobre a questão plural e multifacetada da violência no cinema e Littin, que já brilhara na edição passada do seminário (leia aqui), justapôs à discussão acadêmica seu emocionado e emocionante relato digressivo sobre a realidade do cinema latino-americano.

Fonte: CartaMaior


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