AS COISAS SIMPLES DA VIDA
por Ana Paula Sousa
O diretor Daniel Burman construiu, no emergente cinema argentino destes anos 2000, um painel de imagens muito suas. O humor judeu e os afetos e desafetos que qualquer família conhece são o esteio de Esperando o Messias (2000) e O Abraço Partido (2004), ficções de pegada autobiográfica que o tornaram conhecido. Seu alter ego, sempre chamado Ariel, mas com sobrenomes variáveis, é o jovem meio atrapalhado, meio romântico, que tenta se adequar às coisas da vida adulta.
Vivido pelo ator Daniel Hendler, Ariel retorna à tela, em Leis de Família (em cartaz a partir da sexta-feira 3), mais engraçado que antes. É inevitável pensar no personagem Antoine Doinel criado por François Truffaut. E há também um quê de Woody Allen nas atitudes desajeitadas, entre a piada e a melancolia.
Sem o maneirismo da câmera que não parava quieta em Abraço Partido, Burman assume, no novo filme, uma simplicidade estética que lhe cai bem. Quem nos conduz pela narrativa é Ariel Perlman, promotor público, professor de direito e filho de um advogado que, no meio da história, se casa com uma instrutora de pilates e torna-se pai. As cenas do casal com o menino de 2 anos (filho de Burman) são especialmente simpáticas. O cineasta não quer falar dos conflitos familiares, e sim das pequenas alegrias do cotidiano, dos laços afetivos que nos fazem pertencer ao mundo.
Fonte: CartaCapital
As Leis de Família (Derecho de Familia) - Trailer
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